No Evangelho de Mateus (cf. 5,13-16), Jesus diz aos seus discípulos: “Vós sois o sal da terra; Vós sois a luz do mundo”. Todos os seguidores e seguidoras de Jesus são chamados e enviados como sal da terra e luz do mundo. O Espírito Santo suscita diferentes vocações na Igreja. Toda vocação tempera e ilumina a vida humana; toda a vocação ilumina e tempera a vida da pessoa, da Igreja e da sociedade.
O sal dá sabor, conserva e preserva os alimentos contra a corrupção. É “sal” o discípulo que, não obstante os fracassos diáriosse levanta do pó dos próprios erros, recomeçando com coragem e paciência, todos os dias, a procurar o diálogo e o encontro com os outros. É “sal” o discípulo que não busca o consentimento nem o elogio, mas que se esforça por ser uma presença humilde e construtiva, na fidelidade aos ensinamentos de Jesus que veio ao mundo não para ser servido, mas para servir (cf. Papa Francisco, Angelus, 9/2/2020).
A luz dissipa a escuridão e permite distinguir as diferenças e semelhanças. O discípulo, a discípula, faz resplandecer a luz de Cristo e anuncia o seu Evangelho iluminando o caminho e as relações. Uma irradiação, iluminação, advinda de palavras, gestos, serviços. Uma comunidade de discípulos missionários são luz na sociedade, na Igreja, ajudando as pessoas a experimentarem a bondade, a misericórdia, a compaixão e a cordialidade. O discípulo, a discípula, ilumina com a verdade e o amor as situações de preconceito, da mentira, da injustiça. Se fazem luz para os outros. São instrumentos para que a luz de Jesus chegue a todos (Idem).
A vocação laical é expressão de ser sal e luz na Igreja e na sociedade. Sal e luz, na cultura, na política, na justiça, na educação, no esporte, no cuidado da casa comum. Todas as realidades humanas podem ser temperadas e iluminadas com a presença dos discípulos missionários, discípulas missionárias. Sal e luz ao assumirem ministérios, serviços, pastorais nas comunidades. Sal e luz quando coordenam as comunidades visibilizando, pela comunidade, o Reino de Deus. Sal e luz ao dedicam-se com generosidade e ternura aos pobres, aos últimos, temperando e iluminando a vida aos filhos e filhas de Deus que ficaram à margem; escutam o grito dos pobres e o grito da terra, prolongando na história a presença redentora de Jesus Cristo.
Vale lembrar o ensinamento de Papa Francisco quando afirmava: “Devemos redescobrir os carismas a fim de que a promoção dos leigos e em particular das mulheres seja entendida não apenas como um fato institucional e sociológico, mas na sua dimensão bíblica e espiritual. Os leigos não são os últimos, os leigos não são uma espécie de colaboradores externos ou de tropas auxiliares do clero, mas têm carismas e dons próprios com os quais podem contribuir para a missão da Igreja” (Papa Francisco, Audiência Geral 2024).
O Espírito Santo chama, desperta, matura, realiza a vocação laical! Os leigos e leigas que pelas águas do batismo são anunciadores/as da vida nova!

Cardeal Leonardo Ulrich Steiner, Arcebispo de Manaus
Leia mais: Chamados-Vocados
