A Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) gastou R$ 466.199,22 em passagens e diárias entre janeiro e julho de 2025. Os gastos em viagens se acumulam enquanto escolas do interior do estado continuam sem merenda e hospitais enfrentam a falta de insumos básicos, revelando a distância entre a realidade da população e a dos deputados estaduais.
Segundo os parlamentares, as despesas ocorreram para “cumprimento de agendas institucionais”. Porém, na prática, os registros mostram destinos caros, hospedagens luxuosas e pouca clareza sobre o real impacto dessas viagens para a população.
Campeões de gastos com viagens
O deputado João Luiz (Republicanos) lidera a lista, com R$ 64.935,32 em diárias. Ele passou por João Pessoa (PB), Belém (PA), Florianópolis (SC), Brasília (DF) e São Gabriel da Cachoeira (AM). Além disso, representou o Amazonas em Orlando (EUA), ao custo de R$ 21.601,76, e em Pequim (China), por R$ 23.857,20.
Na segunda posição aparece Delegado Péricles (PL), que gastou R$ 52.308,24. Apenas sua viagem a Orlando consumiu R$ 20.850,96 dos cofres públicos. Já a passagem por São Paulo custou R$ 3.232,32.
Em terceiro lugar, Alessandra Campêlo (Podemos) registrou R$ 46.236,98 em despesas. Suas viagens incluíram Nova York (R$ 21.460,32) e Los Angeles (R$ 22.325,28), valores que superam, inclusive, diárias pagas em missões diplomáticas de governos estaduais.
Viagens internacionais frequentes e de alto custo
A frequência de deslocamentos internacionais chama atenção. Só para Pequim, três parlamentares — João Luiz, Sinésio Campos e Adjuto Afonso — tiveram diárias superiores a R$ 20 mil cada.
Outro exemplo é o deputado Dr. George Lins (União Brasil), que participou do “World Bioenergy Congress” em Estocolmo (Suécia), acumulando R$ 16.347,92 em passagens e diárias. A deputada Dra. Débora Menezes (PL) gastou R$ 15.227,40 no mesmo evento, acompanhada de Thiago Abrahim (União Brasil), que recebeu R$ 13.345,92.
Adjuto Afonso (União Brasil) ainda registrou uma viagem a São Paulo por R$ 11.820,70.
Transparência nos resultados
Apesar dos altos valores, não há relatórios públicos consistentes sobre os resultados dessas viagens. Quando existem, os documentos são superficiais e raramente explicam como congressos ou reuniões internacionais beneficiam o Amazonas.
Embora todas as despesas estejam dentro das regras da Aleam, a ausência de critérios claros e a falta de prestação de contas detalhada levantam suspeitas de uso abusivo do dinheiro público.
Quem não utilizou recursos
Entre os 24 deputados estaduais, apenas cinco não receberam diárias ou passagens no período analisado: Abdala Fraxe (Avante), Cabo Maciel (PL), Cristiano D’Ângelo (MDB), Dra. Mayara Pinheiro (Republicanos) e Wanderley Monteiro (Avante).
No cenário em que a maioria dos parlamentares usou recursos para viagens, esses nomes destoam — seja de forma positiva ou não.
Custo da Aleam aos cofres públicos
Em 2024, a Assembleia Legislativa consumiu mais de R$ 237 milhões dos cofres públicos. Já em janeiro de 2025, os parlamentares passaram 48 dias de recesso, com impacto de R$ 1,99 milhão. As despesas com viagens em 2025 somam mais R$ 466 mil.
Com esse valor, seria possível comprar pelo menos dez ambulâncias ou manter escolas estruturadas durante todo o ano. No entanto, a prioridade, ao que tudo indica, recai sobre passagens internacionais, diárias em dólar e novos carimbos no passaporte.
Gastos
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