O embate entre Palmeiras e Flamengo dentro da Libra (Liga do Futebol Brasileiro) ganhou um novo capítulo nesta semana. A presidente do Verdão, Leila Pereira, afirmou que vai processar o Flamengo após o clube carioca bloquear judicialmente R$ 77 milhões referentes a repasses de direitos de TV do Campeonato Brasileiro.
O bloqueio foi autorizado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e afeta diretamente os clubes integrantes da liga.
Leila Pereira: “Palmeiras não fará concessões”
Em entrevista ao ge, Leila Pereira endureceu o discurso contra a gestão de Luiz Eduardo Baptista, o Bap, presidente do Flamengo. A dirigente afirmou que não há possibilidade de reabrir negociações sobre o acordo de divisão dos valores.
“Se a atual gestão do Flamengo acha que, por meio desta ação na Justiça do Rio, conseguirá mudar o acordo assinado pelo presidente (Rodolfo) Landim, pode tirar o cavalinho da chuva. O Palmeiras não fará qualquer concessão nem reabrirá um assunto que já foi discutido exaustivamente e está encerrado”, disse Leila.
Ela também garantiu que tomará medidas legais contra o clube carioca:
“Nós vamos, sim, buscar na Justiça uma indenização pelo prejuízo que a conduta individualista e predatória do Flamengo está causando ao Palmeiras e aos demais clubes da Libra. Os nossos advogados já estão estudando o caso. Não aceitamos a pressão que o Flamengo está fazendo.”
Palmeiras acusa Flamengo de “conduta predatória”
Segundo o Palmeiras, a ação do Flamengo tem caráter “predatório e torpe”, com o objetivo de “asfixiar financeiramente” os outros clubes da Libra e conquistar vantagens exclusivas.
Apesar de o Verdão ser um dos potenciais beneficiados pela proposta rubro-negra, o clube afirma que defende o crescimento coletivo do futebol brasileiro.
Entenda a disputa judicial na Libra
O Flamengo recorreu à Justiça para garantir o repasse de R$ 77,1 milhões da Globo, referente à segunda parcela dos direitos de transmissão do Brasileirão 2024. A iniciativa causou forte reação dos demais integrantes da Libra, liga criada em 2022 para modernizar a gestão do futebol nacional.
O principal ponto de conflito é o critério de distribuição da receita com base na audiência. O contrato atual prevê a seguinte divisão:
- 40% igualmente entre os clubes
- 30% conforme a posição no campeonato
- 30% conforme a audiência das partidas
O Flamengo argumenta que o contrato com a Globo não especifica os valores exatos de cada plataforma (TV aberta, fechada e pay-per-view), o que inviabiliza o cálculo da fatia por audiência.
Clubes reagem à ação do Flamengo
A Libra divulgou uma nota repudiando a ação judicial, afirmando que o Flamengo prioriza interesses individuais em detrimento do grupo.
O Atlético-MG, por meio do CEO Bruno Muzzi, lamentou a decisão:
“Eu vejo a ação do Flamengo com uma tristeza para o futebol brasileiro. Por uma questão explicitamente e unicamente política, questiona o seu próprio grupo. Não existe mais conversas com o Flamengo, a não ser que seja nas formas judiciais.”
O Grêmio também criticou a postura rubro-negra. Para o presidente Alberto Guerra, a ação prejudica as conversas com a LFU (Liga Forte União):
“O Flamengo está passando a mensagem de que é contra a liga, porque o Bap disse claramente que não aceita receber somente 3,5 vezes a mais do que fulano de tal. […] Isso acaba atrasando ainda mais o que já está atrasado.”
Vitória deixa a Libra e adere à LFU
Durante a polêmica, o Vitória anunciou sua saída da Libra. O clube baiano comunicou que vai aderir à LFU a partir de 2030, fortalecendo o grupo rival na tentativa de criar uma nova liga nacional de clubes.
Gestão do Flamengo contesta divisão atual
A diretoria comandada por Bap afirma que o contrato vigente, assinado em 2024 pela gestão de Rodolfo Landim e com validade até 2029, prejudica financeiramente o Flamengo. O clube questiona especialmente os critérios ligados à audiência.
A Libra, por outro lado, lembra que o tema já foi amplamente discutido e rejeitado em reuniões anteriores. Em setembro, os clubes recusaram a proposta do Flamengo e aprovaram novos critérios de rateio, hoje contestados pela nova administração rubro-negra.
*Com informações da CNN
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