Durante sua participação na Conferência do Clima (COP30), em Belém, o prefeito de Parauapebas, Aurélio Goiano, fez duras críticas à mineradora Vale, acusando a empresa de priorizar o lucro em detrimento do desenvolvimento social e da infraestrutura do município, que abriga um dos maiores polos de mineração do país.

Goiano afirmou que a Vale deve mais de R$ 10 bilhões em Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) e classificou a companhia como “a maior sonegadora de impostos do planeta”. Segundo o prefeito, Parauapebas estaria perdendo cerca de R$ 40 milhões por mês apenas em CFEM e já teria sofrido a retirada de mais de R$ 500 milhões em ICMS.

Em tom de indignação, o prefeito denunciou a precariedade da infraestrutura local, destacando a falta de saneamento e o acesso limitado à água.

“Nos últimos oito anos jogaram fora do meu município R$ 19,4 bilhões. Lá tem só 12% de saneamento básico. No meu município não tem água”, afirmou.

Ele comparou o cenário com suas próprias ações à frente da prefeitura:

“Em nove meses consegui levar água para 14 bairros.”

Povos originários

Goiano também acusou a Vale de usar eventos internacionais, como a COP, para reforçar sua imagem de empresa sustentável enquanto ignora as dificuldades das comunidades afetadas e dos povos indígenas.

“A Vale do Rio Doce só visa o lucro. Não está preocupada com o que acontece na aldeia Xikrin do Cateté, com o povo Xikrin, nem com os trabalhadores que vivem dentro do esgoto”, criticou.

O prefeito disse ainda tentar, sem sucesso, dialogar com a empresa:

“Estou esperando uma conversa com a Vale há nove meses. Eu não me calarei enquanto a dignidade e o bem-estar do meu povo não forem prioridade.”

Aurélio Goiano encerrou o discurso lamentando precisar recorrer a um evento internacional para expor a situação e pediu desculpas pelo que chamou de “vergonha mundial”.

Até o momento, a Vale S.A. não se pronunciou oficialmente sobre as declarações.

(*) Com informações do CSK Online

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