Uma fala aparentemente comum em um podcast ganhou proporções inesperadas nos círculos políticos do Amazonas. Ao comentar que não repetiria a antiga composição eleitoral com Roberto Cidade, Coronel Menezes trouxe à tona um assunto que, para muitos interlocutores de bastidores, já fazia parte de conversas reservadas. A declaração, embora sem tom de ataque, provocou reação imediata do presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), que divulgou um vídeo respondendo ao comentário.
Nos bastidores, entretanto, a avaliação é de que o episódio ultrapassa o campo pessoal. A disputa pelas oito vagas da Câmara dos Deputados segue acirrada e envolve lideranças que compartilham bases semelhantes. Qualquer frase, gesto ou sinalização tem potencial de alterar cálculos internos, e foi justamente esse clima de antecipação que levou aliados de Cidade a aconselharem uma resposta mais firme — postura que acabou ampliando a visibilidade do caso.
Enquanto isso, Menezes tem adotado um movimento de reorganização. Ele tem conversado com dirigentes do Republicanos e busca se posicionar com cautela dentro da reestruturação partidária prevista para os próximos meses. A fala no podcast, segundo interlocutores, não buscava confronto, mas funcionou como um lembrete de que o cenário de 2022 ficou para trás, marcado por uma eleição que terminou abaixo das expectativas para ambos os lados.
Cidade enfrenta o desafio de construir alianças amplas e navegar por tensões sem perder fôlego político. Já Menezes, ao responder de forma moderada, tenta demonstrar que está focado na reorganização de seu próprio caminho eleitoral.
Entre parlamentares e assessores, a leitura é clara: a corrida federal começou mais cedo do que o habitual. E, embora o embate entre os dois líderes tenha vindo a público, ele representa apenas uma expressão de um ambiente político pulsante, onde cada gesto carrega múltiplas interpretações.
O episódio, segundo analistas, não inaugura uma crise, mas expõe o início de uma fase de maior sensibilidade dentro do jogo político amazonense — um período em que alianças são testadas, discursos são calibrados e movimentos discretos definem o rumo dos próximos dois anos.
