Natural de Itacoatiara, no Amazonas, Nara Regina de Sousa Cruz tornou-se referência em inovação gastronômica em Rondônia, onde mora desde os 12 anos. Ela é a criadora da linguiça de peixe, uma iguaria nutricional que vem mudando a merenda escolar de muitas crianças. Além disso, Nara fundou, no quintal de casa, o primeiro frigorífico de peixes de Porto Velho.

Durante sua jornada empreendedora, foi na cozinha da escola que ela teve o primeiro lampejo de uma ideia promissora: aproveitar filés com espinhas que eram descartados. Foi a partir desse raciocínio simples e engenhoso que nasceu a famosa linguiça de peixe. A solução veio com a ajuda de uma parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), que a orientou nos primeiros passos da produção. Desde então, o produto se consolidou como uma das mais criativas inovações alimentares da região Norte.

A estratégia foi adaptar a proteína regional ao paladar infantil. “Eu tive que inovar. Vender peixe para criança que já está acostumada com comida mais fácil, tem que inventar. Hoje eles comem almôndega, macarronada de peixe e repetem.”

Para quebrar o preconceito em torno do sabor e do cheiro do pescado, ela foi à linha de frente. Entrou nas cozinhas das escolas, conversou com as merendeiras, explicou os benefícios. Com paciência, conquistou não só os paladares, mas também o respeito de quem antes torcia o nariz.

Com a repercussão positiva de sua participação na Rondônia Rural Show Internacional 2025, vieram também encomendas maiores. “Hoje a gente produz 500 quilos por mês, mas o objetivo é dobrar, triplicar. Tem demanda, tem mercado. Só precisamos de apoio para crescer com estrutura”, afirma. A meta agora é entrar nas grandes redes de supermercados da região e firmar parcerias com prefeituras de outros municípios.

Agora, a empreendedora celebra um feito que poucos imaginariam ser possível há alguns anos. “Atendia 97 escolas. Depois vieram Jaru e outras cidades. Hoje são cerca de 200 escolas em todo o estado”, diz. O que antes era visto como obstáculo, a resistência ao peixe nas merendas, virou símbolo de mudança e nutrição.

Mas ela não parou aí. Entre as criações mais ousadas está a linguiça de tambaqui, um produto que rompeu a barreira do tradicionalismo e surpreendeu o mercado. “É um produto inovador, a população achou demais. Nem acreditam que é peixe. Mas é, sim. É tambaqui, com a própria gordura”, comenta.

O reconhecimento nacional também veio em forma de troféu. Nara foi agraciada com o prêmio ‘Mulheres das Águas’, concedido pelo Governo Federal. “Eu mesma me inscrevi, contando minha história”, relembra. “Disseram que eu era a única mulher no Brasil à frente de um frigorífico de pescado, com pesca industrial e indústria própria. Quando me chamaram pra Brasília, foi uma honra receber o prêmio”, finaliza.

Em 2026, a virada industrial do açaí pode começar por Barcarena

A presença da foodtech francesa ‘Nossa!’ reacendeu o debate sobre bioeconomia de alto padrão na Amazônia. A empresa anunciou a instalação de uma fábrica de açaí em Barcarena, no Pará, com inauguração prevista para dezembro de 2026. O investimento de R$ 15 milhões vai além da expansão produtiva: busca reposicionar o açaí amazônico como um produto global acompanhado de tecnologia: da rastreabilidade avançada à automação industrial.

O projeto foi viabilizado por um conjunto de parcerias decisivas. O aporte financeiro vem do Fundo de Biodiversidade da Amazônia, enquanto o Landscape Resilience Fund, fundo internacional dedicado à adaptação climática e ao fortalecimento de cadeias sustentáveis, atua no suporte à implementação. Já instituições públicas brasileiras, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (E), contribuem com orientação técnica, qualificação de produtores e práticas agroflorestais alinhadas às exigências do mercado internacional.

Esse movimento recoloca o Pará no radar de investidores que buscam inovação com lastro socioambiental e evidencia o potencial da Amazônia para liderar modelos industriais baseados em ciência, tecnologia e manejo responsável da floresta. Para cooperativas e agricultores, a nova planta representa previsibilidade, oportunidades de renda e um salto de qualidade em processos produtivos.

Intelbras avalia ampliar operação no PIM e reforça confiança no modelo Zona Franca

A Intelbras voltou ao centro das conversas estratégicas do Polo Industrial de Manaus (PIM) ao manifestar interesse em ampliar a operação instalada há 14 anos na capital amazonense. A companhia, fundada em Santa Catarina e referência nacional nos segmentos de segurança eletrônica, redes e energia, mantém em Manaus uma planta fabril no Japiim, onde atua com cerca de 1.400 empregados diretos e produção em três turnos, segundo dados divulgados pela própria empresa durante agenda institucional recente. A Intelbras também possui um centro logístico no bairro Tarumã, que apoia a distribuição dos produtos fabricados no Estado.

A visita da diretoria à Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM) teve como foco compreender os caminhos institucionais e regulatórios necessários para avançar em eventuais novos investimentos no PIM. A entidade, que integra o Sistema Indústria, desempenha papel estratégico na orientação de projetos industriais que buscam expansão ou pleiteiam enquadramento no âmbito do modelo Zona Franca.

O encontro reuniu ainda representantes da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (SEDECTI), que apresentaram atualizações sobre novas áreas destinadas ao setor produtivo e informações referentes à revisão do Plano Diretor de Manaus, medidas que dialogam diretamente com o crescimento da atividade industrial.

Para a Intelbras, a movimentação ocorre em um momento de aumento da demanda nacional por soluções de segurança eletrônica e de expansão das linhas de produtos que dependem de capacidade produtiva robusta. Avaliar a ampliação em Manaus significa, portanto, buscar escala, competitividade e agilidade logística.

O interesse da empresa reforça o cenário positivo do PIM: ao mesmo tempo em que representa uma oportunidade de crescimento para a Intelbras, também sinaliza confiança na indústria local, no ambiente de negócios do Amazonas e no potencial das cadeias tecnológicas presentes na região.

SASI ganha força com nova sede em Manaus e avança com governança digital

A GovTech amazônica SASI inaugurou, na quinta-feira (4/12), nova sede em Manaus, reforçando a estratégia de expansão diante do crescimento acelerado da demanda por soluções digitais no setor público. Criada em 2019, a empresa se tornou referência nacional e internacional em plataformas ‘no-code’ e ‘low-code’ para áreas como saúde, educação, assistência social e segurança. A nova estrutura, mais ampla, com data center integrado e capacidade operacional ampliada, permitirá atender a um número maior de prefeituras e estados no Brasil e no exterior. Hoje, a SASI figura entre as maiores GovTechs do país, com atuação também no Oriente Médio, África e Sul da Ásia. A expansão em Manaus consolida a empresa como peça-chave da economia digital da região e demonstra o potencial da Amazônia para gerar tecnologia com impacto social e escala global.

RÁPIDAS & BOAS 

A Neo4j e a DIO criaram o ‘Bootcamp Neo4j – Análise de dados com grafos’, programa gratuito e online, com 10 mil bolsas e voltado a quem deseja se especializar em uma das áreas mais da ciência de dados. As inscrições podem ser realizadas até domingo (7/12) pelo link (https://tinyurl.com/2umn5m9s). 

**************************************

A ‘Feira D.’ segue até segunda-feira (8/12), das 10h às 20h, reunindo moda, design e gastronomia em sua tradicional edição de fim de ano. A iniciativa, já consolidada no calendário criativo de Manaus, celebra mais uma temporada destacando talentos locais e fortalecendo a cena independente. O evento acontece no Palacete Provincial, localizado na Praça Heliodoro Balbi, Centro de Manaus e tem entrada gratuita. 

**************************************

Na terça-feira (9/12), acontecerá o leilão do ‘Amazônia Golf Resort’. O leilão será realizado online pela plataforma ‘Amazonas Leilões’, com lance inicial correspondente a 50% de seu valor de avaliação, ou seja, pouco mais de R$ 24 milhões. Mais informações podem ser obtidas por meio do link (https://tinyurl.com/3htxnv98). 

**************************************

A Universidade Federal do Amazonas (UFAM) abriu 16 vagas para o curso de mestrado profissional em ‘Administração Pública em Rede Nacional’ (Profiap), com ingresso no primeiro semestre de 2026. Para concorrer, o candidato precisa ter realizado o teste da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (Anpad), nos anos de 2023, 2024 ou 2025.  As inscrições vão até quarta-feira (10/12) pelo link (www.fadepe.org.br/profiap). 

Cristina Monte

Leia mais: