O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou em entrevista à emissora NBC News que não descarta a possibilidade de uma guerra contra a Venezuela. “Não descarto isso, não”, disse o republicano durante uma conversa por telefone.
Trump também revelou que seu governo pretende realizar novas apreensões de petroleiros próximos às águas do país latino-americano. “Se eles forem tolos o suficiente para continuar navegando, vão acabar voltando para um dos nossos portos.”
Questionado se o objetivo final da estratégia americana seria destituir o ditador Nicolás Maduro, Trump evitou uma resposta direta. “Ele sabe exatamente o que eu quero. Ele sabe melhor do que ninguém.” A entrevista foi publicada nesta sexta-feira (19).
Aviões militares dos EUA sobrevoam litoral venezuelano
Na quinta-feira (18), oito aviões do Exército dos Estados Unidos sobrevoaram o litoral próximo a Caracas, segundo dados do site de monitoramento Flightradar24. As aeronaves são modelos utilizados em operações de guerra e vigilância.
Entre os equipamentos registrados estão dois EA-18G Growler, três caças F/A-18E Super Hornet, dois aviões de alerta aéreo Grumman E-2D Advanced Hawkeye e um Boeing E-3C Sentry.
Bloqueio a petroleiros amplia pressão econômica
Trump tem intensificado o cerco contra o regime chavista. Na semana passada, os Estados Unidos capturaram um navio petroleiro na costa da Venezuela. Em seguida, nesta terça-feira (16), o presidente americano impôs um bloqueio total a petroleiros sob sanção dos EUA ao redor do país.
O regime de Maduro reagiu à medida ao classificá-la como “irracional” e uma “ameaça grotesca”, em comunicado oficial. As Forças Armadas da Venezuela reafirmaram apoio ao ditador.
Na prática, o bloqueio deve impedir a entrada ou saída de águas venezuelanas de quase todos os cargueiros de petróleo que não mantêm vínculo com a americana Chevron. A Venezuela possui as maiores reservas de petróleo do mundo, e as exportações da commodity são fundamentais para a economia do país e para a sobrevivência do regime. Sem essa receita, a ditadura pode enfrentar uma grave crise de arrecadação.
Campanha militar e acusações de narcotráfico
Desde o início de setembro, o Exército americano, sob o comando do chefe do Pentágono, Pete Hegseth, conduz uma campanha militar na região. Washington acusa Caracas, sem apresentar provas, de envolvimento no transporte de drogas com destino ao território americano.
Na quinta-feira (18), o governo Trump realizou um novo ataque contra duas embarcações, resultando em cinco mortes. No dia anterior, outras quatro pessoas morreram. Desde o início da ofensiva, ao menos cem pessoas morreram em operações realizadas em águas do Caribe e do Pacífico.
Tropas, porta-aviões e reação internacional
Além das ações navais e aéreas, o governo Trump deslocou entre 12 mil e 16 mil soldados para a região, além de caças, navios de guerra e o maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald Ford. Maduro sustenta que o discurso de combate às drogas serve como pretexto para uma tentativa de mudança de regime em Caracas.
Diante do aumento da tensão, a Venezuela solicitou, na quarta-feira (17), a convocação de uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas para discutir a “agressão persistente” dos Estados Unidos contra o país. O conselho deve se reunir na próxima terça-feira (23), mas a chance de uma decisão favorável a Caracas é considerada nula, já que Washington possui poder de veto.
(*) Com informações da Folha de S.Paulo
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