No consultório de urologia, os cistos renais são achados extremamente frequentes. Costumo dizer aos meus pacientes que, na maioria das vezes, eles são descobertos por acaso, durante exames de rotina, e não representam, necessariamente, um problema de saúde.
Estima-se que cerca de 30% da população apresente algum tipo de cisto renal, e essa incidência aumenta com a idade, chegando a aproximadamente 50% após os 50 anos.
Os cistos renais são coleções de líquido que se formam no interior dos rins. Sua origem pode estar relacionada a fatores genéticos, ao envelhecimento natural dos tecidos ou, em muitos casos, não conseguimos identificar uma causa específica. Existem situações especiais, como a doença renal policística, em que há múltiplos cistos em ambos os rins e histórico familiar, geralmente associada à perda progressiva da função renal. Felizmente, essa não é a realidade da maioria dos pacientes que atendo diariamente.
Grande parte dos cistos renais é pequena e completamente assintomática. Esses pacientes não sentem dor, não apresentam alterações urinárias e levam uma vida normal. Os sintomas, quando surgem, costumam estar relacionados ao tamanho do cisto. Cistos maiores podem causar dor lombar, sensação de peso na região abdominal, infecções urinárias de repetição e, mais raramente, presença de sangue na urina.
Um ponto que gera muita ansiedade é a possibilidade de câncer. Sempre explico que a imensa maioria dos cistos renais é classificada como cisto simples, uma condição benigna, sem relação com tumores malignos. Alguns cistos, no entanto, apresentam características específicas nos exames de imagem, como ultrassonografia ou tomografia, que exigem um acompanhamento mais rigoroso ou, em casos selecionados, tratamento cirúrgico. Recentemente, atendi em meu consultório um senhor de 60 anos bastante apreensivo após receber o resultado de uma tomografia.
O exame mostrava um cisto renal simples com cerca de 9 centímetros de diâmetro. Apesar do tamanho, ele não apresentava nenhum sintoma. Após avaliarmos cuidadosamente o caso, optamos pelo acompanhamento clínico, sem necessidade de cirurgia naquele momento. Esse tipo de conduta é muito comum e segura quando bem indicada. O tratamento dos cistos renais simples só é necessário quando eles causam sintomas ou complicações, geralmente a partir de 6 a 8 centímetros. Cada paciente deve ser avaliado de forma individualizada.
Por isso, reforço sempre: diante do diagnóstico de um cisto renal, é fundamental ouvir o médico especialista. Além disso, costumo orientar que o acompanhamento geralmente envolve apenas exames de imagem periódicos, como ultrassonografia, para garantir que o cisto mantenha características benignas e não apresente crescimento acelerado. Não há, na maioria dos casos, necessidade de mudanças drásticas no estilo de vida, mas manter hábitos saudáveis, boa hidratação e controle de doenças como hipertensão e diabetes contribui para a saúde renal como um todo. Procure um especialista e cuide da sua saúde.

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