O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira (30) que o governo de Kiev mantém negociações com Washington sobre a possível presença de tropas dos Estados Unidos em território ucraniano como parte de garantias de segurança.
Além disso, o líder ucraniano comentou o que classificou como uma falsa alegação de ataque à residência do presidente russo, Vladimir Putin.
Em conversa com jornalistas por meio de um bate-papo no WhatsApp, Zelensky disse que a Ucrânia segue comprometida com as negociações para encerrar a guerra iniciada após a invasão russa em larga escala, em 2022.
De acordo com ele, há disposição para dialogar em qualquer formato que contribua para um acordo de paz.
Zelensky defende presença militar dos EUA
No domingo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que ele e Zelensky estariam “talvez muito próximos” de um entendimento para pôr fim ao conflito.
No entanto, reconheceu a existência de entraves territoriais sensíveis. Trump adotou um tom mais cauteloso sobre garantias de segurança, mas afirmou que as negociações estariam 95% concluídas e que espera que países europeus assumam “uma grande parte” do esforço, com apoio norte-americano.
Segundo Zelensky, a eventual presença de tropas norte-americanas na Ucrânia representaria um reforço relevante à segurança do país.
“É claro que estamos discutindo isso com o presidente Trump e com representantes da coalizão (ocidental) (que apoia Kiev). Nós queremos isso. Gostaríamos que fosse assim. Essa seria uma posição forte das garantias de segurança”, disse ele.
Até o momento, a Casa Branca não comentou a possibilidade de envio de tropas dos Estados Unidos à Ucrânia no contexto de um eventual acordo de paz com a Rússia.
Apesar da falta de confiança entre as partes, Zelensky afirmou estar disposto a se encontrar com o presidente russo.
“Eu disse ao presidente Trump e aos líderes europeus que estou pronto para qualquer formato de reunião com Putin. Não tenho medo de nenhum formato… O principal é que os russos não tenham medo”.
Rússia endurece discurso após acusação contra Kiev
Na segunda-feira (29), autoridades russas alegaram que a Ucrânia teria lançado 91 drones de longo alcance contra uma residência presidencial na região de Novgorod, todos supostamente interceptados.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, classificou o episódio como “terrorismo de Estado” e afirmou que Moscou já identificou alvos para possíveis retaliações em território ucraniano.
O Kremlin, porém, não apresentou provas materiais do suposto ataque. Ainda assim, o governo russo informou que responderá ao episódio e revisará sua postura nas negociações, sem abandonar as tratativas por um acordo de paz.
Zelensky voltou a negar a acusação nesta terça-feira. “Essa história de suposto ‘ataque à residência’ é uma invenção completa com o objetivo de justificar ataques adicionais contra a Ucrânia, incluindo Kiev, bem como a própria recusa da Rússia em tomar as medidas necessárias para acabar com a guerra. Mentiras típicas da Rússia”, afirmou.
Em Paris, uma fonte próxima ao presidente francês Emmanuel Macron disse que não há elementos que sustentem a acusação feita por Moscou.
“A Ucrânia e seus parceiros estão comprometidos com um caminho de paz, enquanto a Rússia optou por continuar e intensificar sua guerra contra a Ucrânia. Isso é, por si só, um ato de desafio contra a agenda de paz do presidente Trump”, declarou a fonte.
Conversa entre Trump e Putin
A Casa Branca evitou novos comentários sobre o suposto ataque após Zelensky afirmar que tratou do tema com Trump.
Na segunda-feira, o presidente norte-americano disse ter sido informado por Putin sobre o episódio e afirmou estar irritado. Questionado sobre a existência de provas, respondeu: “Nós descobriremos”.
Enquanto isso, autoridades ucranianas relataram novos ataques russos com drones contra a infraestrutura portuária e navios civis na região de Odessa, no sul da Ucrânia.
A área concentra portos estratégicos do Mar Negro, essenciais para o comércio exterior e para a manutenção da economia ucraniana durante a guerra.
Por fim, nos últimos meses, o confronto naval entre Ucrânia e Rússia se intensificou, com ataques de ambos os lados a ativos militares e comerciais no Mar Negro e em áreas adjacentes.
Leia mais: Putin diz a Trump que Rússia irá rever negociações de paz após suposto ataque ucraniano.
(*) Com informações da CNN
