Manaus (AM)- O mercado audiovisual do Amazonas é rico e reconhecido nacional e internacionalmente, por isso, o Programa Cine Total da Web TV Em Tempo recebeu em estúdio cineasta Sérgio Andrade. Ele é premiado em grandes festivais e possui um currículo extenso de participações em mostras de cinema mundial.
Na entrevista, Sérgio revela detalhes sobre trabalhos já produzidos e os que estão em fase de finalização.
Cine Total: Primeiramente, gostaria que você falasse sobre o seu trabalho mais recente, que é o curta que conta com gatos no centro da história. Conta para nós como surgiu a ideia para esta temática e produção deste curta.
Sérgio: Na metade do ano de 2020 comecei a acompanhar com o meu celular três gatos que apareceram na área comum do nosso condomínio. Eles tinham uma empatia e identificação com os moradores muito grande. Engraçado que houve uma harmonia interessante. Eu pensei em escrever o projeto e inscrevê-lo no concurso e acabou sendo contemplado. Esse projeto “Cercania, gatos” possui um outro roteiro de longa, que não possui nada a ver com gato e sim com uma cantora. Eu chamei a Valentina Ricardo, diretora de fotografia e o Henrique Amud para produzir. A própria vizinhança participou da produção, inclusive irmãos gêmeos que são vizinhos e fizeram suas participações no curta. Eu não os conhecia, inclusive.
Cine Total: Comentamos um pouco sobre o seu trabalho mais recente que foi um curta, mas o seu longa mais recente foi uma ficção em terras amazônicas. Conte sobre a produção.
Sérgio: Esse longa já está com o roteiro concluído. Já foram levantados custos e tudo. Por isso estamos participando de outros editais para que o projeto saia do papel. O longa chama-se “Cercanias Liana”. Liana é uma cantora jovem que tem um filho e se mudam para uma casa na periferia de Manaus. Ela trabalha em algum órgão público. Uma mulher muito trabalhadora e que gosta de cantar. A gente acompanha a personagem com a comunidade. É um extrato de Manaus.
Cine Total: Podemos esperar nesse novo longa algo diferente do que acompanhamos? Porque outros trabalhos seus possui referências com a natureza, a floresta. Você está indo para esse nicho urbano para dar uma diferenciada?
Sérgio: Sim. Realmente, a proposta é essa. Queríamos mostrar esse lado social e cultural de Manaus. Estou muito ansioso para essas estreias.
Cine Total: Resgatando um pouco mais de seus trabalhos passados, eu queria falar primeiro do Floresta de Jonatas, tive esse primeiro contato com o seu trabalho. Para mim, foi algo diferente do que vinha sendo feito na região. O filme é uma aventura na floresta. Como foi desenvolvido esse trabalho?
Sérgio: Tenho um amigo que diz que o filme é um suspense telúrico. Eu gosto desse termo. Tem essa participação da natureza muito forte. É uma história real de um rapaz que se perdeu na floresta e possui muitas aventuras. Eu posso dizer que a produção traz uma contemporaneidade interessante. Foi a primeira que vez que o Amazonas ganhou em um edital de baixo orçamento. Trouxe uma série de inovações. Acho que a principal vantagem está na fala de uma Amazônia contemporânea. Não é o indígena na canoa ou o Teatro Amazonas, mas uma vida entre o rural e urbano.
Cine Total: Você pode dizer que a Floresta de Jônatas é a produção que mais carrega sua identidade enquanto criador?
Sérgio: Acredito que cada projeto me leva para um outro patamar de reflexão e pensamento, no sentido de como eu estruturo o tempo da obra. O filme é um bom cartão de visita para o meu trabalho.
Cine Total: O longa mais recente que você produziu foi a “Terra Negra dos Kawa”, que enquadra uma ficção amazônica. Foi difícil fazer o trabalho?
Sérgio: Sempre fui aficionado pelo segmento. Eu vivo em uma realidade amazônica. É um filme que veio muito da minha amizade com a família indígena. A Terra Negra existe. Li muito sobre, então resolvi tornar a realidade em algo sobrenatural.
Cine Total: Queríamos saber também onde que será essa estreia? Há possibilidade de ocorrer em salas de cinema?
Sérgio: Sim. Ganhamos o edital para comercialização do filme.
Cine Total: As temáticas dos seus filmes levam sempre para a reflexão. O filme, de 2016, “Antes o tempo não acabava” traz um indígena que descobre sua sexualidade e convive com o meio urbano e a tribo, foi algo que ainda não tínhamos visto.
Sérgio: Um indígena bissexual vive um conflito sexual. Essa é a temática contemporânea que busco trazer em meus trabalhos. Ganhamos vários prêmios inclusive.
Cine Total: Para encerrar, Sergio, eu gostaria que você mandasse uma mensagem para aqueles que têm o sonho de viver do cinema na nossa região. Como eles podem começar a entrar nesse mundo ou até mesmo passar a consumir mais produtos feitos por gente da nossa terra?
Sérgio: Se você consegue realizar um curta que chama a atenção, deve pensar seriamente em fazer cinema. Os curtas são mais baratos, demanda menos tempo e ajuda a começar. Agradeço ao espaço para falar sobre a nossa produção audiovisual local.
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