Manaus (AM) – Mesmo com a proximidade do Dia Mundial da Energia Elétrica, celebrado neste domingo (29), o acesso à fonte de energia ainda é um problema que afeta diversas famílias de comunidades do Amazonas. Conforme moradores do Lago do Paraná da Eva, área rural de Manaus, as quedas de energia elétrica são constantes, o que dificulta a realização de atividade básicas diárias.
Um dos moradores do Lago Paraná da Eva, Janilson dos Santos de Souza, de 56 anos, denunciou ao Em Tempo que há anos a região sofre toda semana com quedas de energia elétrica.
Problemas no cotidiano
Segundo o agricultor, que vive na comunidade há 35 anos, as quedas se tornaram mais frequentes desde que houve mudança no fornecimento de luz, administrada pela concessionária Amazonas Energia. Anteriormente, a energia elétrica vinha do município de Itacoatiara (distante a 270 quilômetros de Manaus). Porém, nos últimos anos, o fornecimento de energia para o Lago do Paraná da Eva é oriundo da capital amazonense.
Em média, a comunidade enfrenta de dois a três dias inteiros sem energia elétrica. Durante esses dias, atividades do cotidiano são interrompidas e escolas são prejudicadas. Além disso, há a perda financeira tanto para as residências quanto para os comerciantes.
“Nossa alimentação estraga e as merendas das escolas estragam. Nossos eletrodomésticos são danificados e o comércio perde suas mercadorias. Os produtores também são prejudicados por não poderem armazenar poupa, queijos e outros alimentos”, diz o relato da comunitária Luiza Souza*, de 30 anos, o qual foi compartilhado nas redes sociais.
O relato também ressalta que muitos moradores têm dificuldade em acessar a água potável nos dias sem energia elétrica.
“Só temos um poço artesiano, onde toda a comunidade se beneficia, e com a falta de energia todos nós comunitários ficamos prejudicados sem água potável. Queremos que olhem por nós”, finaliza o texto da comunitária.
Durante os primeiros meses da pandemia da Covid-19, a falta de energia elétrica por parte da concessionária Amazonas Energia também prejudicou o tratamento da doença de alguns moradores, como o uso de inaladores.
“No tempo da pandemia, todo mundo ficou ruim. As pessoas precisavam de inalador, mas não tinha energia para ligar o aparelho, então muitas pessoas passaram mal. A comunidade em si sofreu muito”,
afirma Janilson.
Serviço insuficiente
De acordo com Janilson, os moradores do Lago do Paraná da Eva já procuraram a empresa Amazonas Energia para relatar os constantes casos de queda de energia na região. Porém, o serviço da empresa é realizado por apenas três funcionários que não conseguem atender as demandas locais.
“Por exemplo, se quebrar um poste, três pessoas não vão conseguir levar um novo poste até lá. Assim, tem que reunir os moradores, que perdem um dia de trabalho para ir limpar a área, para abrir caminho e carregar o poste. Alguns postes ficam longe, então os funcionários Amazonas Energia passam muitos dias para encontrar onde é o problema”,
alega o morador.
O agricultor também ressalta que pela assistência insuficiente dos poucos funcionários disponíveis da concessionária, alguns moradores buscam solucionar os problemas por conta própria. Porém, como consequência, houve inúmeros acidentes.
“Ano passado aconteceu com um comunitário daqui. Ele e outras pessoas formaram uma equipe para tentar resolver o problema de um fio que estava quebrado. Então aconteceu o acidente, com ele tocando no fio e vindo a óbito”, relembra o agricultor.
*nome fictício para proteção da identidade da fonte
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