Manaus (AM)- O programa Cine Total, transmitido pela Web TV Em Tempo, recebeu em estúdio o ator amazonense Leonardo Bittencourt, que falou sobre a sua trajetória e atuação em grandes produções brasileiras, na TV aberta e em serviços de streaming.
Conhecido pelo seu trabalho como Daniel Cravinhos nos filmes “A Menina que Matou os Pais” e “O Menino que Matou Meus Pais” sobre o caso do assassinato Richthofen, em 2018, Leonardo conquistou seu primeiro trabalho na televisão no elenco principal de Malhação: Vidas Brasileiras e no ano seguinte conseguiu mais um papel na emissora na primeira temporada da série Segunda Chamada.
Bittencourt interpreta o Rodrigo na nova produção teen da Netflix “Temporada de Verão” e agora se prepara para o protagonista Dante, na comédia romântica da HBO “No Mundo da Luna.
Cine Total: Como você decidiu entrar nessa carreira de ator?
Leonardo: Acho que desde a escola tinha muito estímulo para essa veia criativa, mas sabemos que aqui [no Amazonas] essa não é uma profissão muito comum de se escolher por conta da segurança financeira, que é a primeira preocupação dos pais em relação aos filhos. Acredito que existem coisas que, por mais que exista o medo, no futuro vamos acabar pagando por ela do mesmo jeito e trabalhar com o que você ama é esse preço. Quando eu entendi que precisava seguir essa minha paixão de estar nos palcos e de criar os personagens de forma geral. Fui atrás das escolas referências no Brasil e encontrei a Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), no Rio de Janeiro. Em pouco tempo já foi uma loucura de providenciar um lugar para ficar e fizemos o possível para ir atrás do meu sonho. A trajetória vai realmente em uma crescente.
Terminei a faculdade e passei um ano desempregado me capacitando ainda mais com cursos. No meu primeiro teste para uma novela, que foi ‘Malhação’ – da TV Globo, eu passei e dali em diante eu não parei mais. A partir do momento em que as pessoas veem o seu trabalho sendo executado, pela sua competência você vai sendo chamado. Durante ‘Malhação’, fui chamado para ‘Segunda Chamada’ – uma série da Globo também e no meio da gravação da série, fui chamado para interpretar o Daniel Cravinhos em ‘A Menina que Matou os Pais’ e ‘O Menino que Matou Meus Pais’, que retratam um caso que repercute até hoje e sabia que seria um divisor de águas.
Cine Total: Como foi esse processo para o teste para interpretar o Daniel Cravinhos?
Leonardo: Muitos atores conhecidos foram testados para interpretar o personagem, mas existe um casamento entre as características físicas e a energia necessária para interpretá-lo. No dia em que fiz o teste, lembro que tinham dois textos que, basicamente, eram a mesma cena que deveriam ser feitas de formas diferentes. Essa proposta já dava a entender como seriam contadas as duas histórias, pois cada um dos filmes conta um ponto de vista diferente sobre um mesmo crime. Após a aprovação para o personagem, foi esse o caminho que segui e fiz um estudo muito intenso sobre a obra.
O roteiro foi todo baseado nos autos do processo, então não existe nenhum tipo de romantização sobre o caso. Como é uma obra de domínio público, ela faz parte do patrimônio da Polícia de São Paulo e nunca foi necessário o pagamento de direitos de imagens ou qualquer coisa que beneficiasse os envolvidos no crime. Sabendo de toda a seriedade desse processo, estudamos bem o roteiro e aproveitei para conhecer o universo do personagem.
Cine Total: O que você achou mais desafiador nessa interpretação do Daniel Cravinhos e como foi a relação com o personagem da Suzane von Richthofen, interpretada pela atriz Carla Diaz?
Leonardo: Na construção de um personagem que não existe, você tem um roteiro e, a partir das suas experiências, você vai construindo esse perfil. Nesse nós tínhamos a responsabilidade de ser muito fiel ao que foi dito nos autos do processo. Partindo do que já existiu, na preparação do filme, nós dois nos concentramos muito na ideia de utilidade e confiança que nos foi passada. A gente não tinha uma relação de amizade ainda, então tivemos que rapidamente construir essa relação para que conseguíssemos passar para a câmera uma certa cumplicidade.
Separem qualquer opinião pessoal, pois ela não influencia na história sendo contada. Nós tínhamos dois objetivos: contar a perspectiva de cada um dos envolvidos no crime. A gente se entrega e faz o que é necessário para contar essa história da maneira mais responsável possível.
Cine Total: Muito se fala sobre a dificuldade das pessoas do Norte que trabalham com o cinema e outras vertentes da arte para se inserir no mercado artístico nacional. Como foi o seu processo para se inserir? Você sentiu mais dificuldade por ser do Amazonas?
Leonardo: Acho que a maior dificuldade é geográfica. Comecei a entender sobre os privilégios depois que eu já estava lá. Não é todo mundo que tem uma condição de pagar uma passagem ou um curso no Rio de Janeiro e é algo que eu luto bastante. Se chegar em um lugar da minha carreira em que eu consiga difundir isso e trazer para o Norte, ou que outros artistas consigam isso, é o meu grande sonho. Por mais que seja muito enriquecedor para a minha vida, eu me sinto mal pelas pessoas não conseguirem passar por tudo isso para chegar em um lugar de destaque.
A segunda grande dificuldade, imaginando que todo mundo consiga se capacitar, estudar e fazer a sua qualificação profissional, é entender como o mercado funciona. A gente tem uma grande dificuldade de se inserir, pois quem escolhe não tem a garantia que você vai dar o resultado que ele quer. Hoje em dia, com a velocidade das produções, as respostas tem que ser cada vez mais rápidas e é muito comum que as chances sejam dadas para quem já fez alguma coisa. Para conseguir se inserir no mercado como ator, você precisa enxergar como o mercado te vê e não precisa ter pressa em alcançar a excelência nos seus primeiros trabalhos.
Cine Total: Sobre os seus projetos futuros, fala um pouco sobre a série da Netflix que você participa ‘Temporada de Verão’ e sobre a produção da série para o HBO ‘No Mundo da Luna’.
Leonardo: Depois da grande pausa da pandemia, os streamings vieram para salvar a nossa categoria. Hoje temos pouco incentivo por parte do Governo Federal e os artistas, de um modo geral, não tem dinheiro para começar projetos. Se você não tiver um edital ou algo que promova isso, você não consegue começar o seu projeto e fica cada vez mais dependentes das grandes empresas. Os serviços de streaming vieram para o Brasil contratando produtoras de terceiros para poderem fazer essas produções nacionais que dão esses horizontes para muitos atores e inclusive, pessoas de fora desse eixo Rio de Janeiro-São Paulo e comecei a trilhar a minha carreira e ter mais espaço como protagonista.
Em ‘Temporada de Verão’ interpreto o Rodrigo e é uma série jovem sobre esse período pós-pandemia e o projeto ‘No Mundo da Lua’ é uma comédia romântica, só que não posso falar muita coisa, mas faço o protagonista Dante. Ainda não tem a data de estreia definida e é baseado no best-seller da autora brasileira Carina Rissi.
Confira o vídeo da entrevista:
Edição Web: Bruna Oliveira
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