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Editorial

Atalaia: Zona Vermelha

A ausência do Estado brasileiro em Atalaia só piora a situação, ajudando as redes transnacionais do crime

(Foto: Nailson Tenazor)

Pode-se dizer que o município de Atalaia do Norte, situado no Alto Solimões, no Amazonas, é uma das maiores zonas vermelhas do Norte brasileiro, uma região extremamente perigosa, à mercê do tráfico de drogas e de outros ilícitos  promovidos pelo crime organizado.

Veículos de imprensa principalmente das regiões Sul e Sudeste do Brasil, e de inúmeros países, estampam críticas ao governo brasileiro pela preocupante ausência das Forças Armadas na região, o que permite as ações nefastas de traficantes, madeireiros e garimpeiros ilegais, com o agravante de que essas ações elevam as estatísticas de degradação e destruição do meio ambiente.

Foi nessa região, que detém o maior número de indígenas em isolamento voluntário do mundo, que desapareceram o indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, fato ocorrido no domingo (5) que logo alcançou repercussão internacional e expôs, de forma contundente, a realidade de uma região apontada como forte rota do escoamento da cocaína distribuída para os mercados negros do Brasil, da Europa e da África.

Em entrevista à Folha de São Paulo, o pesquisador da UFPA (Universidade Federal do Pará) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Aiala Colares, afirmou que Atalaia do Norte é o epicentro dos negócios do crime organizado na fronteira com o Peru e a Colômbia.

Para o pesquisador, provavelmente Bruno e Phillips foram vítimas dos comandantes do crime que não aceitam oposição que ameace seus interesses. A ausência do Estado brasileiro em Atalaia só piora a situação, ajudando as redes transnacionais do crime.

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