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Aumento de preços

Inflação da cesta básica sobe quase 27% em 12 meses

O indicador mede a evolução dos preços de 13 alimentos essenciais que fazem parte do consumo mensal dos brasileiros

Pesquisa Nacional da Cesta Básica
Os produtos mais caros da cesta básica são o feijão, pão francês, farinha de mandioca e o óleo de soja. - Divulgação

Os preços dos alimentos que compõem a cesta básica no Brasil tiveram aumento de 26,75% nos últimos 12 meses até maio e subiram mais do que o dobro da inflação oficial do País, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), de 11,73% no mesmo período. 

Os dados fazem parte de estudo do grupo de ciências econômicas da PUC-PR, que desenvolveu o Índice de Inflação da Cesta Básica, e representam um retrato de como a inflação tem elevado o custo de itens essenciais e prejudicado o orçamento das famílias, especialmente as mais pobres.

O indicador mede a evolução dos preços de 13 alimentos essenciais que fazem parte do consumo mensal dos brasileiros: arroz, feijão, farinha, batata inglesa, tomate, açúcar cristal, banana prata, contrafilé, leite longa vida, pão francês, óleo de soja, margarina e café em pó.

Somente no mês de maio, a alta da cesta básica foi de 0,71% sobre abril e também ficou acima do resultado do IPCA para o mês, que subiu 0,47%. “Quando a gente fez um recorte para a cesta básica, percebemos que a inflação é muito maior nesses itens”, diz Jackson Teixeira Bittencourt, coordenador responsável pelo estudo.

O economista cita como exemplo o café em pó e o tomate, que são os produtos que tiveram o maior aumento nos últimos 12 meses, com altas de 67% e 55,62% respectivamente, e explica que o resultado do índice é diferente do IPCA porque considera uma quantidade bem menor de produtos — apenas os essenciais para o dia a dia da alimentação da população brasileira.

“O IPCA é dividido em nove grupos. O próprio IBGE pega todos os itens que pesquisa — mais de 300 — e separa em grandes lotes. Por exemplo, alimentação e bebidas, transportes, despesas pessoais. Tem nove grandes grupos”, ressaltou.

Para chegar aos números, o grupo levou em conta as despesas de consumo das famílias nas áreas urbanas, com renda de 1 a 40 salários mínimos, e analisou as variações mensais e o acumulado de 12 meses dos preços dos produtos.

Impactos para a população

Além de ser um problema para o orçamento das famílias, a inflação afeta a economia brasileira porque reduz a renda disponível para o consumo. Para Bittencourt, o país vive um processo de “empobrecimento”.

“O poder de compra está diminuindo e as famílias ficando mais pobres — não só a classe D, mas também a C. Além disso, o desemprego vai continuar alto, nesse patamar de 11,5% a 12%”, afirmou.

Segundo o professor, diversos fatores levaram ao aumento dos preços, entre eles, a guerra na Ucrânia, o aumento da gasolina e do diesel, a pandemia de Covid-19 e os eventos climáticos extremos, que prejudicaram as safras e as colheitas.

“O preço está alto no mundo inteiro, mas a nossa inflação é superior à que a gente vê em outros territórios”, disse o economista. “A gente está entrando no inverno. Se tivermos temperaturas negativas, como no outono, podemos voltar a ter geadas, e isso castiga as safras, como as de tomate.”

O professor destaca também a omissão no combate à inflação por parte do governo federal, que tem adotado medidas de estímulo ao consumo, o que pode manter a inflação elevada. “Quem está combatendo a inflação no Brasil é só o Banco Central, que está subindo juros, tentando frear a demanda”, afirmou o economista.

*Estadão Conteúdo

Edição Web: Bruna Oliveira

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