O áudio de uma ligação, obtido por meio de um grampo telefônico utilizado pelo Ministério Público Federal (MPF), mostra o ex-ministro Milton Ribeiro falando para a filha que ele foi alertado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre uma possível operação de busca e apreensão em sua casa. A ligação foi utilizada pelo MPF, e encaminhada para o STF, como indício do envolvimento de Bolsonaro no escândalo no Ministério da Educação.
“Hoje o presidente me ligou. Ele está com um pressentimento, novamente, de que podem querer atingi-lo através de mim”, disse Ribeiro a uma filha, no último dia 9 de junho.
“Ele acha que podem querer fazer uma busca e apreensão em casa. É muito triste”,
declarou o ex-ministro.
A operação ocorreu em 22 de junho, quando Ribeiro e outros pastores foram presos, sob a acusação de tráfico de influência no ministério que ele chefiava.
A citação ao presidente levou o MPF a pedir o envio de parte da investigação ao Supremo, conforme revelou o colunista Rodrigo Rangel, do Metrópoles, nesta sexta. Com isso, o inquérito volta para a relatoria da ministra Cármen Lúcia, que havia enviado o caso para a primeira instância depois que Milton Ribeiro pediu demissão do MEC. Após vir à tona o escândalo envolvendo cobrança de propina por pastores lobistas ligados a ele, o próprio reverendo optou pela exoneração.
Reclamações da defesa
O advogado Daniel Bialski, que coordena a defesa do ex-ministro Milton Ribeiro, criticou a ida da investigação para o STF.
A defesa alega que o áudio citado na decisão envolve autoridade com foro privilegiado, já que o diálogo registrado supostamente teria ocorrido antes da deflagração da operação.
“Se assim o era, não haveria competência do juiz de primeiro grau para analisar o pedido feito pela autoridade policial e, consequentemente, decretar a prisão preventiva”, destaca Bialski, em nota à imprensa.
Segundo o profissional, “a defesa ainda analisará tudo e o todo que foi anexado aos autos, se lhe for franqueada vista da íntegra da documentação”.
“Todavia, se realmente esse fato se comprovar, atos e decisões tomadas são nulos, por absoluta incompetência, e somente reforçam a avaliação de que estamos diante de ativismo judicial e, quiçá, abuso de autoridade, o que precisará também ser objeto de acurada análise”,
concluiu o defensor.
* Com informações do site Metrópoles
Leia mais:
CPI do MEC enfrenta dificuldades de aprovação no Senado
Ex-ministro e pastor ligado a Bolsonaro são presos em operação sobre ‘balcão’ do MEC
“Só uma ponta de um esquema grande de corrupção”, diz Ramos sobre a prisão de Ribeiro
Para ficar por dentro de outras notícias e receber conteúdo exclusivo do portal EM TEMPO, acesse nosso canal no WhatsApp. Clique aqui e junte-se a nós! 🚀📱