Um grupo de funcionárias da Caixa denuncia o presidente da instituição, Pedro Guimarães, por assédio sexual dentro do banco. Desde 2021, colaboradoras da instituição relatavam nos bastidores problemas do tipo contra o dirigente. Agora, a polêmica ganhou mais amplitude e deve ser o primeiro caso público de assédio sexual envolvendo um alto funcionário do governo Jair Bolsonaro.
Uma reportagem do jornal Metrópoles colheu, há mais de um mês, relatos de algumas das vítimas. Todas elas trabalham ou trabalharam em equipes que servem diretamente ao gabinete da presidência da Caixa. Segundo jornalistas, cinco concordaram em dar entrevistas, desde que suas identidades fossem preservadas. Elas relatam ter sido abusadas por Guimarães em diferentes momentos, sempre durante compromissos de trabalho.
Depoimentos revelam episódios de toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites inoportunos. Todos seriam inadequados para um ambiente de trabalho onde o presidente mantém, inclusive, uma posição de chefia.
A série de denúncias levou à abertura de uma investigação que está em andamento, sob sigilo, no Ministério Público Federal (MPF). A reportagem ouviu funcionárias que já prestaram depoimento aos procuradores que comandam as investigações.
A apuração ainda deve ouvir outros nomes. “É comum ele pegar na cintura, pegar no pescoço. Já aconteceu comigo e com várias colegas (…) Ele trata as mulheres que estão perto como se fossem dele” diz uma das vítimas.
Os depoimentos se relacionam às viagens realizadas por Pedro Guimarães como parte do programa Caixa Mais Brasil, projeto promovido pelo gestor para dar mais visibilidade ao banco pelo Brasil. A iniciativa já realizou, desde janeiro de 2019, mais de 140 visitas a municípios brasileiros. As funcionárias denunciam que a escolha das mulheres que integram a comitiva é realizada diretamente pelo gabinete do presidente.
“As selecionadas são comunicadas, segundo Ana, como quem recebe a notícia de que acabou de ganhar um prêmio. E o critério da seleção, diz Valéria, outra funcionária, é definido de acordo com as preferências de Guimarães. ‘Tem um padrão. Mulher bonita é sempre escolhida para viajar’. ‘Ele convida para as viagens as mulheres que acha interessantes'”, diz trecho da reportagem do Metrópoles.
No fim de 2021, Pedro Guimarães apareceu em vídeo ordenando que funcionários façam flexões durante evento do banco público. O episódio estimulou o Sindicato dos Bancários de São Paulo a preparar, junto com outras entidades representativas, uma denúncia junto ao Ministério Público do Trabalho “na qual serão elencados todos os relatos de assédio moral que estão sendo praticados institucionalmente na Caixa”. No mesmo ano, mesmo hospitalizado em São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) realizou videoconferência para participar da cerimônia de inauguração de uma agência da Caixa Econômica Federal em Missão Velha, no interior do Ceará.
Na ocasião, o mandatário fez elogios a Guimarães. “Não é fácil bolar um programa pra pagar 68 milhões de brasileiros em poucos dias. O Pedro Guimarães (presidente da Caixa) e o conjunto de servidor da Caixa Econômica Federal cumpriram essa missão e em menos de 10 dias estava aí sendo feito o primeiro pagamento do auxílio emergencial para 68 milhões de pessoas no Brasil”, destacou o presidente.
Em agosto, o presidente também esteve ao lado de Guimarães junto à comitiva presidencial que desembarcou em Juazeiro do Norte, na região do Cariri, para participar da cerimônia de entrega de moradias populares. Estiveram na solenidade lideranças bolsonaristas cearense, entre eles o deputado estadual André Fernandes e o vereador de Fortaleza Carmelo Neto.
A Caixa divulgou nota sobre o assunto
A Caixa não tem conhecimento das denúncias apresentadas pelo veículo (Metrópoles). A Caixa esclarece que adota medidas de eliminação de condutas relacionadas a qualquer tipo de assédio. O banco possui um sólido sistema de integridade, ancorado na observância dos diversos protocolos de prevenção, ao Código de Ética e ao de Conduta, que vedam a prática de ‘qualquer tipo de assédio, mediante conduta verbal ou física de humilhação, coação ou ameaça’.
A Caixa possui, ainda, canal de denúncias, por meio do qual são apuradas quaisquer supostas irregularidades atribuídas à conduta de qualquer empregado, independente da função hierárquica, que garante o anonimato, o sigilo e o correto processamento das denúncias.
Ademais, todo empregado do banco participa da ação educacional sobre Ética e Conduta na Caixa, da reunião anual sobre Código de Ética na sua Unidade, bem como deve assinar o Termo de Ciência de Ética, por meio dos canais internos. A Caixa possui, ainda, a cartilha ‘Promovendo um Ambiente de Trabalho Saudável’, que visa contribuir para a prevenção do assédio de forma ampla, com conteúdo informativo sobre esse tipo de prática, auxiliando na conscientização, reflexão, prevenção e promoção de um ambiente de trabalho saudável.
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