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Garimpo ilegal

Parlamentares criticam ausência do poder público na fiscalização contra o garimpo no AM

Parlamentares estaduais e federais do Amazonas encaram essa situação como reflexo da ausência do poder público e pedem mais fiscalização

Foto: Divulgação

Manaus (AM) – Em meio a crise ambiental no país, a segurança pública em trechos isolados desperta atenção em parlamentares estaduais e federais do Amazonas. Nesta terça-feira (12) o Em Tempo entrou em contato com políticos que afirmaram encarar a volta do garimpo no Rio Madeira como reflexo da ausência do poder público, além de pedir mais fiscalização no trecho.

Conforme o deputado estadual Serafim Corrêa (PSB), os proprietários das barcas são pessoas possuidoras de grandes recursos, e que precisam ser combatidas pela atuação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF).

“O garimpo, na maneira em que é feito, é uma atividade ilegal, e tem que ser reprimida. Essas pessoas não são os garimpeiros, na acepção do termo. O investimento em uma balsa é de mais de um R$ 1 milhão, então são pessoas que têm posses. Não podem continuar contaminando os rios, contaminando os peixes e matando a nossa população, principalmente a população ribeirinha. Dessa forma eu entendo que tem que haver uma ação imediata da Polícia Federal e do Ministério Público Federal para combater o garimpo ilegal”,

disse o parlamentar.

Para ele, a ausência do poder público na fiscalização contribui para o crescimento do garimpo, sendo necessário maior monitoramento da Marinha do Brasil nas proximidades dos rios amazônicos.

“Do que adianta termos 200 mil fuzileiros navais na Praia de Copacabana, em Ipanema, no Leblon, no Rio de Janeiro, e não termos corvetas monitorando os rios amazônicos? É aqui que a Marinha tem que aumentar o seu efetivo. Diminui no Rio de Janeiro e aumenta aqui. Monitora os nossos rios, protege as nossas balsas que levam os combustíveis para os lugares mais distantes, onde o amazonense teimosamente persiste em ser brasileiro”,

afirmou.

Ainda em relação às pessoas que participam da atividade, o deputado federal Zé Ricardo (PT) observa que muitas famílias pobres, ribeirinhos e moradores do interior do estado exercem atividades no garimpo, as quais são financiadas por fortes grupos com poder financeiro. Nesse horizonte, cabe ao governo implementar projetos que estimulem a economia local.

“As balsas, grandes estruturas, esses grupos nunca são atingidos. Eles ganham, e a maioria dessas famílias pobres não ganham quase nada. Eu vejo que não basta só combater com a polícia, acho que tem que ter projetos de garantia de renda para essas populações todas que trabalham, uma alternativa econômica melhor. Acho que esse é o papel do Governo Federal e Governo Estadual”,

destacou o deputado.

Inclusão social

Segundo o deputado Zé Ricardo, além da importância da criação de projetos sociais, é imprescindível que as famílias tenham outras opções econômicas como a criação da indústria do pescado.

“Nós temos que trabalhar a produção de peixe, e esse é um caminho para o estado, é uma possibilidade de as famílias viverem de uma atividade que produz alimentos, e que gere renda e sustento. Então, está na hora do Governo do Estado ter de verdade projetos para todo o povo do interior, para evitar que as famílias sejam ameaçadas por conta dessa atividade ilegal”,

explicou.

Além disso, para ele, a questão da mineração deve ser debatida, e como e quais atividades que envolvem a mineração podem ser executadas na Amazônia. O desenvolvimento de debates se torna ainda mais relevante pelo forte impacto ambiental, e na própria saúde daqueles que se envolvem na mineração.

“A mineração é algo que tem que ser melhor debatido, acho que temos que discutir que tipo de mineração é possível no Amazonas, na região Amazônica, na região dos rios, porque há a questão do impacto ambiental e do impacto na saúde. O uso de mercúrio intenso causa muitas doenças e contamina a alimentação, os próprios peixes e no final todo mundo sai prejudicado”,

disse.

Fiscalização

Já o deputado Dermilson Chagas (Republicanos), analisa que as margens dos rios amazônicos não podem mais ficar desprotegidas e com a ausência de fiscalização. Assim, além da defesa da regulamentação do garimpo, também enfatiza a implementação do monitoramento na área dos rios, assim como maior apoio às ações da Polícia Federal. O deputado também critica a atuação do governo com a falta de agilidade em lidar com a invasão garimpeira.

“Fazer ações da Polícia Federal é fundamental nesse processo? Mas, qual o tempo que eles têm para ficar fiscalizando e atuando? E outra coisa, o governo é muito grande. Maior que a estrutura da polícia federal. Por que que eles não avisaram, não tomaram providência e estão deixando chegar a esse momento onde há uma proliferação (do garimpo)? Eu acho que temos que saber onde que estão as falhas, e o governo não pode furtar e se furtar da sua responsabilidade”, observou.

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