Manaus (AM) – A gastrite é uma doença estomacal que aflige cerca de 2 milhões de pessoas no Brasil, de acordo com uma pesquisa da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), em 2019. A gastroenterologista da Policlínica Codajás, Débora Botelho, explica que a gastrite é causada pela inflamação da mucosa gástrica e que esta é causada por vários fatores como a infecção pela bactéria h-pylori.
Além da bactéria h-pylori, o uso de medicamentos anti-inflamatórios, bebidas alcóolicas, alimentação gordurosa, fenômenos autoimunes, dentre outros fatores, contribuem para o desenvolvimento da doença.
“Para o diagnóstico correto de gastrite, é necessário a realização de exames de endoscopia alta para a avaliação de mucosa gástrica, pois, o diagnóstico é histopatológico. Não se pode dar um diagnóstico apenas por um desconforto abdominal como azia. É necessário a confirmação sempre por endoscopia”,
explica Botelho, médica da unidade localizada na Cachoeirinha, Zona Sul de Manaus.
A médica informa que existem dois tipos de gastrite identificadas a partir de exames. Existe a gastrite aguda, que é uma inflamação passageira. Quando não tratada corretamente, pode evoluir para gastrite crônica, o outro tipo. A médica relata que este último costuma trazer confusão às pessoas, pois a maioria acredita que crônico é algo que não tem cura.
“O paciente acha que esse termo está relacionado a ‘crônico’, para a vida inteira e que não tem cura, e não é isso que representa. O desenvolvimento dessa inflamação crônica pode ocasionar uma atrofia gástrica, ou seja, ocorre perda de glândulas, do antro e corpo gástrico. Aparecem as metaplasias intestinais, que necessitam de tratamento por meio de endoscopia, pois há risco de se desenvolver para câncer”,
detalha.
Ainda de acordo com Débora Botelho, a prevalência da gastrite crônica na população depende da idade. Pessoas com mais de 50 anos são mais suscetíveis a serem diagnosticadas. Já em crianças, pode acontecer, mas é raro.
Sintomas
A infecção por “Helicobacter pylori” (H-pylori) pode desenvolver tanto gastrite quanto úlceras e está associada ao aparecimento de câncer, segundo a gastroenterologista.
“A inflamação gástrica de longa duração, frequentemente leva a essa gastrite atrófica e esse sintoma é o primeiro passo para o câncer. Lógico que existem outros fatores, como o histórico familiar, o tipo de h-pylori, o tipo de dieta”,
explicou Débora.
A gastrite pode ser assintomática ou provocar sintomas leves como dificuldades na digestão (sensação de estar empanturrado após às refeições), dor e azia.
A médica também explica que a transmissão da bactéria é fecal-oral e precisa ser tratada o quanto antes para evitar que outras doenças apareçam. Quanto ao tratamento, é recomendada uma medicação para conter a acidez gástrica e evitar o consumo de alimentos embutidos e muito salgados como conservas, enlatados, frituras, diminuir ou evitar o estresse, bebidas alcóolicas e também evitar ficar muitas horas sem se alimentar.
Alimentação ruim
A psicóloga Nizianne Picanço, de 28 anos, relata que durante a faculdade foi diagnosticada com a doença após sofrer várias crises de dores abdominais causadas também pela má alimentação. Com o tratamento adequado, conseguiu ser curada.
“Eu não tomava café da manhã e quando tomava era só o café com pão e ia almoçar somente às 14h. Quando eu saía da faculdade, comia fritura, calabresa, muito refrigerante, sanduíche, pizza. E na faculdade, comia bananinha frita e pimentinha. Então, a minha alimentação era muita fritura e muitas horas sem comer. Basicamente foi isso que fez eu desenvolver a gastrite”,
conta.
Batista chegou a passar mal pelo menos quatro vezes antes de ser diagnosticada com a doença. Ela lembra que as dores abdominais só passavam depois da medicação, na unidade de emergência.
“Várias vezes eu ia para o hospital passando mal porque eu não tomava café. Era uma sensação de mal-estar tão grande que eu não tinha condições de ficar em pé e até de estudar. Só queria ficar deitada, pois tinha muita franqueza no corpo. Eu só melhorava depois que ia para o hospital, tomava buscopan na veia e quando voltava a me alimentar bem”,
relata a Nizianne.
A psicóloga afirma que mesmo curada da doença, ainda sente as sequelas como o desconforto no estômago, mas nada comparado ao que sentia antes.
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