presos por 17 anos Fome, violência, negligência: o que se sabe sobre família mantida em cárcere por 17 anos Mulher relatou que ela e os filhos ficavam até três dias sem comer; caso já era conhecido por autoridades do Rio de Janeiro há dois anos Em Tempo* - 30/07/2022 às 10:3630/07/2022 às 10:38 Mulher e dois filhos eram mantidos em cárcere privado há 17 anos Foto: Reprodução/TV Globo Rio de Janeiro (RJ) – Após vir à tona que policiais militares resgataram uma família de condições sub-humanas, que era mantida em cárcere privado por 17 anos, vizinhos revelaram como agia o suspeito de cometer o crime. No bairro, ele era conhecido por ouvir música alta, para abafar os gritos da esposa e dos dois filhos. O homem foi preso em flagrante e as vítimas, encaminhadas ao hospital. O caso segue em investigação pela Polícia Civil. Condições da residência A mulher e os filhos, de 19 e 22 anos, resgatados nesta semana viviam com Luiz Antônino Santos Silva, apelidado pelos vizinhos de “DJ”. Apesar de adultos, os jovens foram encontrados com aparência infantil, devido ao estado de desnutrição, relatou à Globo um policial que atendeu a ocorrência. A mulher e os dois filhos viviam em condições extremamente precárias e sujas. Os dois jovens foram encontrados acorrentados. Filhos da mulher e do suspeito de mantê-los em cárcere, estavam amarrados, sujos e subnutridosFoto: Divulgação/PM Fome, violência e exclusão Segundo divulgado pela Globo, a mulher revelou em depoimento à polícia que ela e os filhos sofriam violência física e psicológica constantemente. O suspeito os deixava sem comer por até três dias. Um vizinho contou em entrevista à emissora que certa vez comprou pão para as vítimas, mas o homem jogou fora. A mulher também relatou que sempre que tentava se separar do marido era ameaçada de morte. Além disso, a vítima contou que o esposo nunca permitiu que ela trabalhasse ou que os filhos fossem à escola. Por que suspeito tinha apelido de DJ? O homem suspeito usava som alto com frequência para abafar as vozes e gritos da família que ele manteve presa por 17 anos. Por causa desse costume, os vizinhos em Guataiba o apelidaram de “DJ”. Em entrevista para o RJ2, da Globo, uma vizinha mencionou o apelido. “Era difícil ouvir alguma coisa porque as crianças gritavam e ele botava o som bem alto. Tanto é que chamavam ele de DJ”, disse. Mãe e dois filhos estariam sido mantidos em cárcere no RioFoto: Divulgação/PM O relato foi confirmado por outro morador da região: “A gente passava muitas vezes aqui e o som alto. Ele tinha uma aparelhagem de som muito grande aí dentro, parece que para abafar a situação que estava acontecendo”. PM liberta mãe e 2 filhos mantidos em cárcere privado há 17 anos no RJFoto: Divulgação/PM Como polícia chegou ao local? A equipe policial localizou as vítimas em uma residência após receber uma denúncia anônima. Chegando à casa, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionado e o suspeito foi preso. Autoridades sabiam do caso há 2 anos Conselho Tutelar, Polícia Civil, Ministério Público e Justiça tinham conhecimento da situação de família em cárcere privado, na zona oeste do Rio de Janeiro, há pelo menos dois anos. No entanto, foi apenas na quinta-feira, 28, que policiais militares liberaram a mulher e seus dois filhos da situação de privação de liberdade. Segundo uma conselheira do Conselheiro Tutelar ouvida pela Agência Brasil, o órgão ficou sabendo da situação há dois anos e, logo em seguida, fez um registro de ocorrência numa delegacia, comunicou ao Ministério Público (MPRJ) e apresentou uma representação junto à Vara da Infância e da Juventude. O MPRJ informou que o Conselho Tutelar informou à Promotoria da Infância e Juventude que já havia tomado as medidas pertinentes e informado o caso às polícias militar e civil. PM liberta mãe e 2 filhos mantidos em cárcere privado há 17 anos no RJFoto: Divulgação/PM Além disso, o Conselho Tutelar teria informado ao MPRJ que toda rede de proteção do município estava ciente e que o conselho tinha pedido à Justiça ações de proteção às vítimas. Estado de saúde das vítimas A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro informou, por meio de nota, que os três pacientes apresentam quadro de desidratação e desnutrição grave, porém, já foram estabilizados e estão recebendo todos os cuidados clínicos necessários, além do acompanhamento dos serviços social e de saúde mental. *Terra Leia mais: Entenda o que acontece com a família resgatada após 17 anos de cárcere privado Mantidos em cárcere privado há 17 anos, mãe e filhos são libertados no RJ Homem acusado de estuprar e matar sobrinha de 14 anos é condenado a 17 anos de prisão no AM Entre na nossa comunidade no Whatsapp!