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Lenda amazônica

Mulher jura de pés juntos que bateu boca com Mapinguari na mata

Peludo, com apenas um olho na testa e a boca no umbigo, cheia de dentes afiados. É assim que a fera chamada Mapinguari é descrita pelos indígenas

Mulher conta que viu Mapinguari na Amazônia
Mulher conta que viu Mapinguari na Amazônia

Não há a menor dúvida de que a Floresta Amazônica esconde muitos mistérios, lugares inexplorados e animais exóticos, alguns, até mesmo, desconhecidos pela ciência. Tantos mistérios influenciam o imaginário popular e criam as mais fantásticas lendas de seres que parecem ter saído de contos de fadas e filmes de terror.

Peludo, com apenas um olho na testa e a boca no umbigo, cheia de dentes afiados. É assim que a fera chamada Mapinguari é descrita pelos indígenas da região. Alguns acreditam que ele usa uma espécie de casco de tartaruga como armadura e outros que ela tenha pele de jacaré. Também existe a história de que os pés do bicho teriam formato de uma mão de pilão.

Sem medo

O animal é tão terrível que não teme caçadores e com os dentes é capaz de comer até mesmo os canos de aços das espingardas, além de gritar pelas matas. Se alguém responder o seu grito, o animal pode ir ao encontro desta pessoa e o fim dela será terrível.

Segundo a lenda, o bicho começa a comer as vítimas pela cabeça. Os ribeirinhos contam que o mapinguari só anda de dia na floresta e guarda as noites, com algumas exceções. Seu caminhar deixaria um rastro de destruição e árvores derrubadas. Ironicamente, a fera só teme o bicho preguiça, por motivos inexplicados.

A lenda diz que a fera só morre quando for acertada por um tiro na barriga, que é seu ponto fraco.

A lenda contada por Tonho

Seu “Tonho”, caçador conhecido na região onde morava era ‘famoso por ter visto o mapinguari’. Ele conta que um dia, durante uma caçada, apareceram três pessoas que ele nunca havia visto na região. Na verdade eram pesquisadores, como muitos cientistas que estudam os segredos da Amazônia.

Sofia era pesquisadora, Mr. Ed era quem financiava a pesquisa. Pedro, o cinegrafista, documentava toda a viagem. Eles foram até o caçador para contratá-lo para um serviço. Os visitantes estavam interessados na história de que Tonho havia encontrado um mapinguari duas vezes. Eles queriam saber como Tonho conseguiu escapar vivo da fera.

“Eu não me arrisco em ter uma terceira vez. O senhor está ficando louco. O mapinguari não é de caçar, é uma entidade da floresta que precisa respeitar”, disse o simples caçador.

“Posso lhe pagar muito bem”, disse Mr. Ed, interessado em documentar a possível existência do ser mitológico.

Após muita conversa, todos entraram na floresta e decidiram partir para a caçada. Foram horas de procura, sem resultados. Os quatro decidiram descansar.

De repente, no meio da noite, todos ouviram um assovio de dar calafrios. Além do barulho, o mau cheiro tomou conta do lugar. Eles ficaram em alerta, esperando o surgimento de alguma fera do além, mas até então, nada foi visto.

Ao amanhecer, o cinegrafista encontrou um pedaço de fígado cozido em cima de um tronco, embora não tivessem percebido nenhuma presença humana por perto. Pedro comeu o alimento, mesmo sendo orientado por Tonho a não experimentá-lo, pois o ribeirinho jurava que algo estava errado.

Pela noite, todos ouviram um barulho estranho vindo da barriga de Pedro. A mata ficou em silêncio e minutos depois, o mapinguari surgiu, com seu medonho visual. Viera buscar a carne que era dele e que Pedro havia comido. Tonho jura de pé junto que o bicho comeu o cinegrafista pela cabeça.

Os demais? Saíram correndo e nunca mais voltaram para continuar a pesquisa.

Mulher encontra a fera

Mesmo com o visual amedrontador do mapinguari, há outras pessoas que afirmam de pés juntos que tiveram encontros com o animal e conseguiram sobreviver. Este é o caso da agente social Telma Lopes, 43 anos, que trabalhou em uma mineração no interior do Amazonas, onde foi proprietária de um restaurante, na década de 90.

Certo dia, ela e o esposo Francisco trafegavam com o carro em uma estrada, que cortava uma extensa área de floresta, na região da mineração. Telma afirma ter vivido momentos de verdadeiro terror nesse dia e compartilha sua experiência:

“Em um determinado ponto, vimos uma coisa enorme parada bem no meio da estrada. O ser ainda levantou os braços, como se quisesse nos intimidar. Francisco viu o meu pavor e disse para eu fechar a janela do carro, pois passaríamos bem devagar”.

De acordo com a agente social, mais três animais iguais aquele apareceram e passaram a rodear o carro.

“Parecia até que eles falavam um com o outro, em uma linguagem desconhecida. Comecei a gritar desesperada, dentro do carro, enquanto Francisco, também assustado, mandava eu calar a boca. Tenho certeza de que eram mapinguaris”.

Telma contou que os animais pareciam entender que ela brigava com eles e gritavam de volta:

“O mapinguari maior parece que me entendeu e ficou me olhando bem nos olhos, do lado de fora do carro, gritando alto. Com pavor, eu gritava de volta. No banco de trás, as nossas filhas pequenas pediam que eu não gritasse, pois temiam que eles virassem o carro. Os bichos davam voltas do lado de fora, com muita raiva”, disse Telma.

Telma x Mapinguari

Percebendo que o animal maior poderia retirar a porta do carro, Telma conta que teve uma coragem sobrenatural.

“Lembrei de uma espingarda que havia dentro do carro, peguei a arma e apontei pra eles. Parece que entenderam. Ao ver a arma, saíram correndo pela mata e desapareceram. Foi uma das experiências mais apavorantes da minha vida”, relembra.

A agente social afirma, ainda, que vários relatos de pessoas atacadas pelo animal aconteceram na estrada em direção a empresa de mineração, no interior do Amazonas.

Mapinguari e Telma ‘bateram boca’, ela enfrentou a fera com espingarda e sobreviveu

Transformação

Outra lenda em relação ao mapinguari que existe entre os povos da floresta é relacionada aos indígenas. Muitas tribos acreditam que alguns homens de suas comunidades, quando chegam a uma determinada idade, se transformam no terrível animal.

Explicação científica

Uma das possíveis causas para o surgimento da lenda é explicada pelo fato de que muitos moradores da floresta encontravam os esqueletos de preguiças-gigantes, animais que viveram na floresta Amazônica no período pré-histórico.  Por não saberem explicar que bichos eram aqueles, partiram para a mitologia. Especialistas apontam que então estaria criada a ‘Lenda do Mapinguari’.

O norte-americano David C. Oren, doutor em zoologia e especialista em biodiversidade amazônica do Museu Paraense Emílio Goeldi, derruba a lenda que o Mapinguari é um grande símio. Ele se baseia em pesquisas com restos fossilizados e relatos de índios e reportagens. 
Este cientista afirma a existência de um gigantesco bicho preguiça terrestre de 200 a 300 quilos e 2 metros de altura, ainda vivo nas selvas amazônicas, que ele diz ser o Mapinguari: "Conheci pelo menos 30 pessoas que viram o Mapinguari e mais de 100 que acharam seus rastros", disse. 

E você? Já viu o Mapinguari? Se sim, comente ai embaixo e conte sua história para nossos leitores.

Edição Web: Bruna Oliveira

Arte: Ítalo Chris

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