Nesta edição de “Com a Palavra”, a equipe do Em Tempo conversou com o ex-prefeito de Manaus e candidato para o Senado Federal Arthur Virgílio Neto (PSDB). Durante a entrevista, Arthur abordou como atuará como senador, caso seja eleito. Também comentou sobre projetos culturais implementados durante a sua gestão como o “Passo a Paço”
O que está motivando o senhor a vir para essa candidatura agora? O que o motiva a buscar essa vaga para o Senado? O que o senhor pretende fazer caso seja eleito?
Eu pretendo, primeiro, dar voz ao Senado. A voz do Amazonas no senado vai ser forte outra vez. Eu gosto muito da ideia de repetir o que eu fazia, quando eu abria a boca para falar, os outros ouviam quietos e calados. Às vezes, eu era duro no discurso, mas ninguém fazia gracinha comigo, eles tinham muito respeito pela minha postura, que era de respeitar cada um, mas jamais permiti desrespeito a mim, ao Amazonas, e ao governo que eu defendi.
Então, é isso. A gente tem que se aplicar e tem que ser maleável, trabalhar bem a relação com opositores, e ter opositores, não inimigos. Opositores que sejam valorosos, e dar preferência ao debate com eles. Trabalhar tudo sempre com seriedade, ou seja, conversando no café, se brinca, se conta uma piada, tudo faz parte da vida. Mas, entrou no plenário, a conversa muda. Aí você tem que estar muito atento, e quando diz a respeito a nós, seja o gasoduto, bancada do Nordeste, tunga, o primeiro dinheiro que é para o gasoduto, eu fiz devolver direitinho, a peso de obstrução, a peso de muita vontade de realmente cumprir com o meu mandato, Zona Franca nem se fala.
Eu queria que o senhor falasse um pouco sobre a questão do potássio, que está sendo muito discutida, não para substituir a Zona Franca, mas como uma alternativa, ou um complemento.
Olha, tudo aquilo que não causar devastação, porque a floresta em pé vale mais do que qualquer coisa, qualquer minério, qualquer coisa. Então, tudo que não causar devastação, não atrair aventureiros para jogarem mercúrio nos rios, eu apoio. Aquilo que estiver a flor da floresta, não custa tirar. Aquilo que tiver que fazer a escavação muito profunda, eu já não sou tão a favor.
Deus nos brindou com a região mais rica do mundo. Nós temos aqui trilhões de dólares para tirar da nossa floresta, e sem derrubar as árvores. Você vê, tem ali uma bancada de madeira, Claro que eu prefiro que esse móvel seja com madeira daqui do que com madeira das Filipinas, por exemplo, ou da África, enfim, claro, mas daí, sair para o tudo ou nada, para o vale tudo, destruir a floresta, e matar a galinha dos ovos de ouro, eu não concordo.
Quem sabe na floresta tem a cura do câncer não está lá? Quem sabe a cura do mal de Parkinson não está lá? Quantos fármacos, quantos remédios, e quantos perfumes não podem ser feitos a partir da floresta? O nosso pau rosa, por exemplo, é fundamental na produção do perfume Chanel n° 5. Então, a gente podia participar desse lucro, e a gente não está participando disso.
Como você disse muito bem, nada que substitua o Polo Industrial de Manaus. Enfim, mas eu acho que aquilo que estiver a flor da floresta, a flor da pele, digamos que seja uma pele, eu sou a favor de se explorar sim.
Sou a favor e que a gente faça a BR-319, porque ela vai causar no máximo um arranhãozinho, e controlar para não começar a virar um posto, depois um prostíbulo, e daqui a pouco você tem pessoas realmente desmatando uma parte da floresta que é vizinha de partes intocadas da floresta. Então, eu entendo que a nossa galinha dos ovos de ouro deve ser mantida viva, ela é o nosso futuro.
O senhor citou brevemente a questão da BR-319, que é uma questão aí que vem sendo discutida por anos e a gente acaba ficando até sem perspectiva de que se algum dia vai acontecer. Então, na sua visão, o que falta para acontecer, e que força tem o Senado para fazer acontecer?
Agora já saiu a o a licença ambiental. Para mim, é começar a obra com rapidez, e eu te digo mais: trazendo engenheiros que tenham a capacidade, como por exemplo, o maior engenheiro que o Amazônia já teve, o engenheiro Orlando Holanda. Então, trazer gente com essa competência para corrigir os defeitos e fazer uma estrada que seja mais resistente do que o que ela é. Porque ela foi feita nos escritórios de Brasília, por tecnocratas, porque era uma ditadura que prevalecia no Brasil.
A democracia é um pouco diferente. Então, eu sou a favor de se corrigir os defeitos e colocar para funcionar aquele trecho do meio. Mas tem que ser tudo perfeito.
Ainda sobre a atuação do nosso atual senado, recentemente a gente teve aquele caso com o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Philips no Vale do Javari. Eu queria saber o que o senhor pensa da atuação do Senado nesse caso do assassinato, tanto do Bruno quanto do Dom?
Estão fazendo nada. Não vi fazerem nada. Uma coisa é um discursivo que um faz, e o outro não faz. Outra coisa é tomar providências sérias, e ir junto para ver o que está acontecendo, e acompanhar a Polícia Federal, e o Ministério Público Federal, enfim, é tomar atitude, estar na frente, e no combate. O Amazonas não pode se caracterizar como uma terra onde jornalistas estrangeiros correm perigo. Eu vou me referir ao Bruno que era um grande indigenista e especializado em lidar com etnias que ainda não foram contatadas que não tem ligação com a chamada civilização, se é que a gente pode chamar de civilização, pois em 2019 morreram 800 pessoas assassinadas aqui. Se a gente puder chamar de civilização, talvez a gente esteja forçando uma certa barra.
Agente precisa realmente dar rumos muito seguros para o estado, e o papel do senador é defender o seu estado. A câmara é mais uma coisa ligada, digamos assim, ao povo. Se cumpre ou se não cumpre não estou aqui como juiz.
Eu sei muito bem o que fazia quando era deputado, e sei muito bem o que farei se eleito senador, conforme as pesquisas indicam. Então, eu trabalho a questão pública com muita seriedade, com muita força, com muita fé, e tenho certeza que as pessoas vão de novo ter orgulho de ter um senador de verdade, capaz de realmente segurar essa barra pesada que é uma visível conspiração em ir eliminado, até morrer de inanição, o Polo industrial da Zona Franca brasileira. Para defender, vou seguir com o projeto que eu aprovei no Senado, não sei porque morreu na câmara, e que eu vou fazer renascer no Senado.
Agora falando sobre um setor que o senhor atua muito fortemente também que é o setor cultural. Por exemplo como prefeito Manaus, o senhor implementou Passo a Paço, e outras ações de cultura que foram muito bem recebidas pela população, e a prova disso é que se permeiam até hoje. Eu gostaria de saber o que que o senhor pensa desse momento pós-pandemia, onde esse setor cultural foi muito afetado.
Eu ainda pude ajudar o setor nos momentos finais do meu governo, porque eu sei o quanto esse setor ligado à cultura, ligado à música, ligado ao teatro, o quanto ele sofreu, porque, uma das formas dele sobreviver é através dos editais da Prefeitura que nós criamos, e através da ajuda dada pelo Governo do Estado.
Uma frustração minha é que eu sei que tem talentos como o Caetano, como o Gilberto Gil, e como a Maria Bethânia. Eu acho que nós, do Amazonas, precisamos ter o nosso Caetano, precisamos ter o nosso Gil, precisamos ter a nossa Betânia. Nós precisamos ter o nosso Tom Jobim, nós precisamos ter o nosso Chico Buarque, nós precisamos ter o nosso, até meu colega e diplomata, o Vinicius de Moraes.
Fiz tudo para projetar as pessoas, fiz tudo para ajudar. Incentivei ao máximo, mas nós ainda não conseguimos furar essa barreira, como se a gente fosse longe demais do centro de decisões culturais do Brasil, como se fosse isso, e eu lamento muito. Então, eu trabalho sem arrogância, sem egoísmo. As pessoas sabem que eu não aumento a voz, nem quando me queixo de alguém. Mas, eu lamento muito essa timidez que parece que bate nas pessoas quando saem daqui e vão representar o Amazonas, e ficam tímidas.
Daqui a pouco, vira aquele parlamentar comum, igual aos outros. Enfim, a gente não vai para frente com um parlamentar igual aos outros, a gente precisa de gente melhor do que os outros, e vou me esforçar muito para ser melhor do que todos os outros no senado, para que eles percebam que o Amazonas, desta vez, levou muito a sério a eleição de senador.
A assistente de RH Kerolaine Thais pergunta: candidato, o que o senhor acha a respeito do valor da gasolina?
Olha, é caro no Brasil, para o potencial que nós temos. Por que nós não fomos capazes de retirar todo o pré-sal que está a nossa disposição? Por que o preconceito de evitar empresas estrangeiras? Por que a gente que quebrou o monopólio da Petrobras? Eu ajudei a quebrar o monopólio, para a Petrobras ter parceiros e companheiros, e ter concorrentes que viessem tirar o petróleo do fundo do mar.
É uma riqueza enorme que está lá, e nós temos em cima da terra também, temos nas profundidades da terra também, então é a questão de oferta.
Nós produzimos aqui o petróleo pesado, o chamado petróleo francês, e o Brasil tem uma matriz econômica que se exige o petróleo leve. Então, nós temos que tirar o pesado, e trocar pelo leve. Mas, para fazer isso, e darmos o pesado para quem precisa do pesado, e pegarmos o leve, e nós precisamos do petróleo leve, nós precisamos ter mais oferta, é a lei da oferta, da procura que rege o sistema capitalista de produção, que é o que rege a economia brasileira. Eu agradeço muito a sua pergunta, Karolaine, foi muito inteligente, e eu acho que a gente precisa de pessoas que falassem entendendo mais do que eu tenho visto as pessoas dizerem nas televisões, entendendo mais do processo de uma formação de preço. Então, a gente tem que na verdade saber o que está fazendo, baixar juros com certeza de que eles não vão subir mais.
Então, nós temos que ter bons macroeconomistas, e até bons microeconomistas também em uma equipe econômica em que a gente realmente saiba abordar com segurança os problemas inúmeros que o Brasil enfrenta.
O publicitário Orley pergunta: candidato, como você analisa o cenário político no Amazonas e no Brasil?
Por lei, pergunta inteligente e difícil de responder, porque está mais assim de vaca não reconhecer bezerro. Então, eu lhe digo que a gente precisa de algumas certezas. Uma: a intangibilidade, e a intocabilidade da democracia. Nenhum país prospera sem a consolidação de um regime, de um sistema democrático de governo, nenhum país. Todo país rico é parlamentarista, com exceção dos Estados Unidos que é presidencialista, mas com um congresso extremamente focado, que joga duro. O congresso tem prerrogativas que ninguém pode tocar porque é um congresso que se leva a sério, para valer mesmo
Então tem vários especialistas, são pessoas que se preparam mesmo para serem congressistas. Não é aquilo de Tiririca que faz três ou quatro gracinhas e se elege a deputado federal. Não é com piadinhas, com gracejos que a gente deveria ter um deputado federal ou deveria ter um senador, ou deveria qualquer coisa na vida pública, e sim seriedade, com o trabalho e com conhecimento dos problemas que você está enfrentando, se não os problemas te vencem, e te derrotam. Então, eu diria para o nosso amigo Orley que ele fez uma pergunta muito boa, mas eu reafirmo que a democracia é o caminho. Então, eu acredito que sinceridade é algo que está faltando e muito na vida pública brasileira e nós temos que injetar mais doses, uma overdose de sinceridade ao falarmos com o povo, falarmos do povo e ao falarmos sobre tudo para o povo.
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