Diversas instituições internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, colocam as crianças com menos de oito anos como um dos grupos onde a infecção pode ser mais grave e apresentar complicações.
- Varíola dos macacos: como sintomas da doença mudaram e intrigam médicos
- Por que a varíola dos macacos se espalha pelo mundo após ser endêmica por décadas na África
Essa informação está baseada em séries históricas e em estudos feitos desde os anos 1970 principalmente nas regiões do continente africano onde o monkeypox é endêmico — mas ainda não há certeza que essa mesma gravidade vai se repetir no surto atual, em que o vírus se espalhou por diversos continentes.
“Não existe motivo para pânico”, acalma o infectologista Francisco Ivanildo de Oliveira Junior, gerente de qualidade assistencial e controle de infecção do Sabará Hospital Infantil, em São Paulo.
Defesas em formação
O infectologista e pediatra Marcelo Otsuka explica que o maior risco de complicações nas crianças acontece porque elas ainda não estão com o sistema imunológico completamente formado.
“Nós desenvolvemos nossa imunidade ao longo dos primeiros anos de vida. Portanto, qualquer infecção pode ser potencialmente mais grave nessa faixa etária”,
diz o especialista, que é vice-presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Além disso, de acordo com o médico, os mais jovens que pegaram monkeypox apresentam uma maior tendência de sofrer com infecções secundárias, causadas principalmente por bactérias.
Isso acontece porque as lesões na pele — uma das principais manifestações da doença — podem funcionar como portas de entrada para a invasão de micro-organismos.
Esses quadros de infecções secundárias são frequentes nas crianças porque elas têm mais contato com o chão e, se não forem bem orientadas, acabam mexendo, coçando e cutucando as feridas com as mãos e os dedos.
Ainda nessa seara, também não dá pra ignorar o fato de que as crianças com febre que não se alimentam ou não bebem água suficiente são mais propensas a sofrer com um quadro de desidratação.
Como proteger e suspeitar da doença em crianças
A transmissão do monkeypox acontece por meio da relação próxima e prolongada com alguém que está infectado.
O vírus “pula” de uma pessoa para outra através do contato direto com as lesões de pele, do compartilhamento de objetos de uso pessoal (como talheres, copos, toalhas e roupas de cama) ou das gotículas de saliva.
A primeira maneira de proteger as crianças, portanto, é limitar a interação dela com pessoas em que há suspeita ou confirmação da doença, até que as feridas estejam completamente cicatrizadas.
Mas quando se presume que um indivíduo mais jovem pode estar com monkeypox? Os médicos orientam que pais e tutores fiquem de olho nos sintomas mais frequentes.
“Se por acaso você observar o aparecimento de lesões na pele, com ou sem febre e prostração, é importante levar a criança ao médico para uma avaliação”, orienta Oliveira Junior.
E aqui há um desafio grande: várias outras enfermidades comuns na infância, como catapora, sarampo, doença mão-pé-boca e molusco contagioso, também estão relacionadas ao aparecimento de bolhas, vermelhidão e pústulas.
Independentemente de qual for o causador daquele sintoma, a consulta com um profissional da saúde é primordial para fazer o diagnóstico correto e receber orientações sobre o tratamento.
“E não custa lembrar que para algumas dessas doenças, como sarampo e catapora, nós temos vacinas disponíveis e é muito importante que as crianças estejam com a carteirinha atualizada”, acrescenta Otsuka.
*Com informações da BBC
Leia mais:
Inseminação caseira para engravidar cresce no Brasil e médicos pontuam os riscos
Pesquisa liga beijos na Idade do Bronze a origem da herpes labial
Nova vacina contra herpes-zóster está disponível em Manaus
Para ficar por dentro de outras notícias e receber conteúdo exclusivo do portal EM TEMPO, acesse nosso canal no WhatsApp. Clique aqui e junte-se a nós! 🚀📱