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Dia dos Pais

Pais de coração: casal homoafetivo celebra Dia dos Pais e realização de um sonho

De acordo com um levantamento divulgado pela Agência Brasil, até 2020, o país tinha cerca de 42 mil famílias na fila para adoção

Manaus (AM) – O Dia dos Pais já tem um colorido especial na vida do casal Gilberto Silva, de 55 anos, e de Cloves Lopes, de 35. Para os dois, o sonho de ter filhos se concretizou como uma bênção desde a chegada do pequeno Arthur, de 3 anos. Esta será a quarta vez que a família vai celebrar o amor, o cuidado e a proteção nesse dia que, para muitos pais, foi esperado durante toda uma vida.

Desde março de 2015, a adoção para casais do mesmo sexo é legal no Brasil e reconhecida como Adoção Homoparental. No Brasil, muitas mães não têm condições financeiras para cuidar dos filhos. De acordo com a Agência Brasil, até 2020, o país tinha cerca de 42 mil famílias na fila para adoção, porém, apenas 5 mil crianças estavam aptas a serem adotadas.

Foi neste cenário que Gilberto e Cloves tiveram a oportunidade de dar um novo destino para Arthur. Segundo Gilberto, a mãe do menino já tinha dado à luz para cinco filhos e não tinha condições de cuidar de mais uma criança. Ainda na maternidade, Arthur foi registrado como filho do casal. Por questões segurança e para o bem do processo de criação, a família prefere a preservação da imagem.

Mesmo que a legislação brasileira garanta o direito de toda criança e adolescente de ter um lar, amparo e educação, nem todas podem usufruir destes. Casais homossexuais eram proibidos de adotarem crianças devido ao preconceito que impera na sociedade. A legalização, em 2015, incluiu o grupo como aptos a fornecerem uma vida para crianças de outras famílias.

Adoção na família é comum

Gilberto e Cloves são pais do Arthur, de 3 anos. O primeiro é servidor público e conta que vem de uma família que, desde outras gerações, pratica a adoção como um ato de amor e acolhimento. Gilberto diz que quase toda a família já adotou uma criança e que também sentia vontade de ter a sua própria família. A paternidade era um sonho possível para eles.

“Nós conhecemos a mãe dele grávida do sexto filho. E a mesma tinha uma situação muito vulnerável e nos disse que não tinha condições de criar a criança. Nós conversamos com ela e ela nos deu o Arthur. Na maternidade ainda, eu registrei ele como meu filho. E foi dessa forma que o Arthur veio para nossa vida, para a nossa história”,

relata Gilberto.

Silva garante que a reação das duas famílias do casal foi a das melhores, e que o trio contou com um apoio recheado de muito amor e carinho.

“Quando minha mãe estava viva, ela conheceu o meu filho. Ela nos abençoou [relata emocionado]. Ela entendeu o estilo de nossa vida e nos abençoou. A família do meu companheiro é evangélica, da assembleia tradicional e aceita muito bem o nosso filho. Ele é neto, ele é sobrinho, em todas as duas casas”,

comenta Gilberto.

De acordo com o pai, Arthur chegou como uma promessa, pois em 2016, Gilberto tinha uma cirurgia a fazer e estava muito ansioso e teve uma visão no hospital.

“Na noite anterior à cirurgia eu tive uma visão e Deus me disse que era para eu ficar tranquilo, pois eu ainda tinha uma missão a cumprir. Eu tinha uma criança para cuidar. Foi quando eu vi um bebê enrolado em um pano verde, em cima de uma mulher. Em 2018, essa visão se concretizou da mesma forma, quando o Arthur nasceu, com todos os detalhes”,

lembra Silva.

A mudança na rotina do casal foi radical e essencial, principalmente no período em que o pequeno era recém-nascido. Gilberto destaca que eles tiveram ajuda de suas famílias, além da licença paternidade.

“A gente mudou muito a nossa rotina, a nossa vida, completamente. Nós tivemos essa opção até porque precisávamos preencher a nossa vida. E o Arthur veio justamente para isso, para preencher a nossa vida. Nos afastamos de festa, de rua, de viagens, na opção de ficar com ele, e estamos muito bem, graças a Deus. E não nos faz falta porque ele nos preenche”,

afirma.

O homem de 55 anos afirma que, felizmente, o casal não precisou passar pelo processo de adoção, já que o casal acompanhou de perto os últimos meses da gestação. “Esse foi o mais importante, porque nós não precisamos passar por esse processo, que às vezes é cansativo, desgastante, e até discriminatório”.

O primeiro Dia dos Pais

Gilberto Silva relata que o primeiro Dia dos Pais foi muito especial, pois ele nunca tinha se sentido tão importante como naquele dia. Ser pai, segundo ele, representa ‘tudo’ para alguém. Para esse ano, haverá uma comemoração em família.

”Vamos passar o dia dos pais em família, numa programação com homenagens, brincadeiras e almoço”,

planeja o servidor público.

Como surgiu o Dia dos Pais

O primeiro Dia dos Pais foi comemorado em 1910, no Estados Unidos, quando Sonora Loiuse Dood resolveu homenagear seu pai, que morrera na guerra. Para Sonora, o seu pai era um herói e assim ela quis lembrar dele. A partir disso, a data chegou a outros estados e países.

No Brasil, a data foi registrada em 1950 pela primeira vez. Um empresário decidiu fazer um concurso para quem fosse o pai mais velho, o que tinha mais filhos e o pai mais novo. Na ocasião, foram premiados um pai de 96 anos, um pai com 36 filhos e o pai mais novo, com 16 anos, respectivamente.

Desde então, a data é comemorada no segundo domingo de agosto e as famílias se reúnem para celebrar e lembrar o quão importante é ter um pai.

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