Manacapuru (AM) – O Festival de Ciranda de Manacapuru é uma festa popular brasileira que ocorre anualmente no município (distante 68 quilômetros de Manaus) e tradicionalmente ocorre no último final de semana de agosto. Com dois anos afastados do público por conta da pandemia, o evento tem o retorno presencial marcado para ocorrer entre sexta-feira (26) e domingo (28). A expectativa de público é de 40 mil pessoas nas três noites de evento.
Considerado o segundo maior do Amazonas no âmbito folclórico, o 24° Festival de Cirandas de Manacapuru, promovido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa, acontece no Arena Parque do Ingá. O Festival conta com três agremiações: ciranda Flor Matizada, Guerreiros Mura e Tradicional.
A festividade é tão relevante para a cultura, economia e turismo no município que o faz ser conhecido como a “Terra das Cirandas”. Segundo a mestre em história pela UFRJ e produtora cultural em Manaus, Karollen Lima, a festa fala tanto da história, quanto a história fala da festa, bem como das pessoas que a realizam. Dizem que a celebração da ciranda aconteceu efetivamente na década de 80, mas antes disso já brincavam e celebravam as comemorações nas ruas, nas casas, nas quadras, nos bailes e nos ajuntamentos de pessoas.
A ciranda é oriunda desses movimentos, promovendo a unificação de diversos sujeitos que possuem esse símbolo de comemoração e se devotam em cada detalhe, seja através da construção de figurinos ou mesmo da representação de personagens marcantes na história.
“Por meio das músicas e das danças há a expressão das identidades e das ancestralidades, reafirmando a memória dos povos amazônicos. O valor histórico e cultural desse movimento é grandioso por comunicar a herança ancestral e por constituir uma rede de pessoas que se movimentam para a realização do festival, dedicando-se dia-a-dia para que essa manifestação não se perca em meio ao presente das coisas efêmeras. Além disso, é inegável o impacto da comemoração na economia local e criativa da cidade de Manacapuru”,
destacou Lima.
Guerreiros Mura
Para Alessandra Duarte, que interpreta a personagem Constância na ciranda Guerreiros Mura, as expectativas para o festival deste ano são as melhores possíveis.
“Depois de dois anos com lives do evento e após a pandemia que afetou o nosso o mundo, voltar com o Festival das Cirandas é uma alegria imensa. Parece que estamos retomando as nossas vidas e isso é uma sensação incrível. Comecei a dançar em 2020, no primeiro ano de pandemia, e em 2021 eu já participei na transmissão ao vivo do evento. A Ciranda Guerreiros Mura promete muitas surpresas para esse ano. Muitas coisas diferenciadas. Nesta sexta-feira terá um grande espetáculo, eu espero que as pessoas assistam para poder ver e se apaixonar pela Guerreiros Mura”,
afirmou.
O sentimento é o mesmo de Caio Geovanne, membro de comissão de artes dos Guerreiros Mura. De acordo com Caio, as expectativas estão altas e ressalta que, apesar das transmissões por de meio de lives, a sensação é muito diferente de se apresentar presencialmente.
“As expectativas estão grandes por conta do retorno, principalmente em cima da Guerreiros Mura com a responsabilidade de abrir o festival. Simplesmente, a ciranda mais campeã do festival tem essa responsabilidade de abrir o evento, após dois anos sem apresentações presenciais. Nós vemos essa oportunidade para fazer um grande espetáculo, digno e vai emocionar o Parque do Ingá e deixará todos orgulhosos. Quem estiver no evento pode ter certeza que a Guerreiros Mura mostrará na arena do Parque do Ingá porque ela é a ciranda do ‘povão’, porque ela é a maior campeã do festival”,
ressaltou.
Tradicional
O diretor e membro da comissão de artes da Ciranda Tradicional, Iago Castilho, ressalta que a Tradicional está concretizando um trabalho feito durante meses e promete que o tema “O Dourado” irá encher os olhos da população com uma temática envolvente, ousada e criativa.
“De forma obstinada e com sua licença poética, a Tradicional abordará sobre as riquezas naturais e culturais de Manacapuru, exaltando o nosso símbolo maior, a própria ciranda. A expectativa é a melhor possível, estamos nos momentos decisivos que antecedem o Festival e depois de dois anos sem Festival devido à pandemia, estamos de volta para reviver a nossa maior expressão cultural”,
disse Iago.
Membro da Ciranda Tradicional, no qual interpreta o personagem típico Honorato, Eduardo Misquitta destaca que o grupo vem se empenhando para entregar ao público um verdadeiro espetáculo e promete surpresas e inovações na arena.
“A ciranda Tradicional está vindo com um time forte e preparado em busca do bicampeonato. Voltar como Honorato, agora no Parque do Ingá é como está realizando um sonho pela segunda vez como o primeiro ‘item’ masculino no festival, podem contar minha entrega total ao público, que estará presente e aos que torcerão por mim atrás das telas. É emocionante saber que estamos de volta depois de dois anos sem calor do público, é gratificante ver nossa cidade movimentada, pessoas tendo oportunidades de ganhar rendas extras por meio do nosso festival. Nosso festival vai além disso e tenho certeza que podem aguardar o maior festival da história em 2022”,
pontuou.
Flor Matizada
O diretor de patrimônio da Ciranda Flor Matizada, Valter Tavares, ressalta que o tema desse ano da Ciranda, que é “Bendito Ser”, apresenta ao público um espetáculo completo.
“A nossa torcida está eufórica para conferir a Flor de volta ao Parque do Ingá. E a ciranda Flor Matizada vem para esse festival de forma grandiosa. Com muitas surpresas, com o tema ‘Bendito Ser’ que ressalta a importância da mulher em nossa sociedade. Podem esperar a Ciranda Flor matizada. Vem para encantar e emocionar a todos. Estamos bem confiantes no nosso grandioso trabalho e que nesta segunda-feira (29) venha o nosso décimo primeiro título. Vamos com um espetáculo completo, cênico-coreógrafo, espetáculo musical, alegórico, pirotécnicos, iluminação e muito mais.”
Confira a ordem de apresentações (das 21h30 à meia-noite) – Arena Parque do Ingá
- Sexta-feira (26) — Ciranda Guerreiros Mura – “Fé, Ciência e Arte: A Tríade do Vital Equilíbrio”
- Sábado (27) — Ciranda Tradicional – “O Dourado”
- Domingo (28) — Ciranda Flor Matizada – “Bendito Ser”
Palco alternativo (da meia-noite às 3h) – Praça de Alimentação
- Sexta-feira (26) — Dally Solteirões e Uendel Pinheiro
- Sábado (27) — Drika Moreno e Banda Rabo de Vaca
- Domingo (28) — Delírios do Samba e Guto Lima
Realização do evento
Para a realização do festival são mais de 30 órgãos estaduais e municipais envolvidos na operacionalização do evento, que gerou também 2.840 postos de trabalho incluindo, costureiras, marceneiros, aderecistas, montadores, eletricistas entre outros. A recuperação da Rodovia AM-010 é outro fator que facilitará o acesso dos visitantes ao município.
Dentre as medidas adotadas para garantir a segurança dos visitantes, não está permitida a entrada de crianças com menos de 7 anos na Arena Parque do Ingá. As normas seguem o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), com autorização do Juizado da Infância e Juventude da Comarca de Manacapuru, formalizada na Portaria n° 003, que vigora até o encerramento dos festejos.
As crianças e adolescentes de até 14 anos incompletos podem permanecer no Parque Arena do Ingá até a 00h, acompanhados pelo responsável legal. Após este horário, somente aqueles que tiverem entre 14 e 18 anos, com o responsável, poderão ficar no evento. A fiscalização contará com representantes do Juizado da Infância e Juventude, Ministério Público, Conselho Tutelar, Polícia Militar e Civil.
Ainda como parte das medidas de segurança, garantidas judicialmente, está proibida a entrada e a comercialização de produtos que contenham objetos perfuro cortantes, garrafas de vidro ou qualquer outro que possa colocar em risco a segurança dos visitantes.
Cada noite do festival é dedicada a uma agremiação, com 2h30 para defender o tema na Arena Parque do Ingá. Após as apresentações das cirandas, a programação conta ainda com shows de bandas locais e de Manaus, no palco montado na praça de alimentação do município.
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