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Revolta

Moradores de Novo Airão reclamam de gastos do prefeito com show de ‘Safadão’

TCE pediu explicações do prefeito Frederico Júnior (PSC), com gasto de R$ 700 mil no show do artista

Foto: reprodução e designer - Ítalo Chris

Novo Airão (AM) – A Prefeitura Municipal de Novo Airão (a 194 quilômetros de Manaus) vai ter muito o que explicar ao Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), após uma representação da Secretaria de Controle Externo do órgão ter sido feita na corte, para avaliar os gastos do município com o show do cantor Wesley Safadão.

Ela é uma das gestões municipais que contratou artistas nacionais para fazer shows no interior do Amazonas. Foram acertados R$ 700 mil, em contrato firmado no último dia 14 de março de 2022, para pagamento do cantor Wesley Safadão, que se apresentará no município, no Festival Ecológico do Peixe-Boi, nos dias 14 e 16 de outubro.

Os cofres públicos da cidade, cuja as chaves estão nas mãos do atual gestor Roberto Frederico Paes Júnior (PSC), vão gastar a bagatela de R$ 70 mil por mês, em dez parcelas mensais, para cumprir o pagamento previsto ao artista nordestino.

Segundo o que foi denunciado ao TCE, as tratativas deste ‘negócio da China’ foram iniciadas pela gestão municipal e a publicação do extrato da Carta Contrato nº 010/2022, realizada numa contratação direta. Ainda de acordo com a denúncia, o alto valor que será pago ao cantor, não pode ser realizado em detrimento da saúde, educação e infraestrutura da cidade.

No último dia 17 de agosto, a representação foi publicada no Diário Oficial do TCE e assinada pelo presidente da casa, o conselheiro Érico Desterro, que determinou um prazo de cinco dias para que o prefeito Frederico Júnior explicasse a corte sobre o valor pago a “Safadão”.

Que transparência?

O conselheiro Érico Desterro também pontuou que não houve a devida publicidade nos procedimentos de licitação e na execução de contrato no Portal de Transparência de Novo Airão, desobedecendo a Lei de Acesso a informação (12.527/2011), além da Lei da Transparência e a Constituição Estadual

Revolta

O caso não repercutiu bem entre os novo-airãoenses . A dona de casa Maria do Rosário, 35 anos, moradora do Igarapé-Açú, zona rural da cidade, disse que o dinheiro poderia ser empregado para o bem do povo. “Gastar dinheiro com show é não pensar no bem de Novo Airão. É a gente continuar nessa mesmice, sem avanços na saúde, educação e nossos filhos sofrendo. O que deu na cabeça desse prefeito? Ele tem problema? Esse homem me deixou indignada”, desabafa.

Mario Monteiro, 45 anos, comerciante, afirmou que nunca mais depositará o voto em Frederico Júnior, por conta do descaso do chefe do executivo com o povo e com a cidade. “Votei essa vez e vem essa decepção tão grande. Esse negócio de que vai incentivar turismo, não cola. Como comerciante, trazer cantor nacional poderia ser até bom, mas nosso povo vai continuar tendo uma série de problemas e o artista vai embora curtir a vida boa dele e nem vai lembrar que existimos. Prefeito, você foi minha decepção. Meu voto nunca mais, mano. Nem da minha família”, afirmou.

“O Frederico acha que o povo de Novo Airão tem um ‘pote de ouro’ para ficar bancando esses shows absurdos? ele tem que explicar isso ao povo. Poxa, cara! R$: 700 mil é dinheiro para caramba. Dava para ajeitava um monte de coisas na cidade. Valeu Fred! Isso é um tapa na cara do povo”, comenta o pedreiro Lúcio Rocha, 30 anos, morador do bairro Remanso.

Recordar é viver

Este não é o primeiro “rock” envolvendo o nome de Frederico Júnior. Em maio deste ano, o TCE multou o prefeito em mais de R$ 13 mil, por indícios de irregularidades na Prefeitura de Novo Airão, referente a um Pregão Presencial nº 015/2020, justificando a ausência de publicação das informações referentes ao processo, além de o município apresentar um Portal da Transparência desatualizado. Isso é de competência do prefeito da cidade.

Sem resposta

O portal Em Tempo entrou em contato com a Prefeitura Municipal de Novo Airão para saber qual a explicação para a contratação de show do cantor Wesley Safadão no valor de R$ 700 mil. Até o fechamento da matéria, não obtivemos resposta e nem qual justificativa dada por Frederico Júnior ao TCE, já que o prazo para que o prefeito se explicasse ao órgão se esgotou no início desta semana.

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