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DIA NACIONAL DAS ARTES

Cantor e atriz fazem da Arte combustível da vida no Amazonas

Conheça artistas amazonenses que produzem o melhor da arte no AM

Foto: Ítalo Christian

Manaus (AM) – Presente na sociedade de várias formas desde o período pré-histórico, a arte pode ser representada por meio do circo, da dança, do teatro, da música, artes visuais, pintura, literatura e outras manifestações integradas. 

Comemorado anualmente em 12 de agosto, o Dia Nacional das Artes reforça a importância de tais atividades para o desenvolvimento da sociedade. Em comemoração à data, o EM TEMPO traz a história de artistas amazonenses que veem na arte o combustível de vida.

Apaixonada pelo teatro desde os 4 anos, a atriz, professora de teatro, roteirista, produtora audiovisual e dubladora, Erismar Fernandes Rodrigues, de 43 anos, pontua que a sua ligação com o segmento artístico começou por influência do Teatro Amazonas, localizado no Largo de São Sebastião, no Centro de Manaus.

Completando aniversário no mesmo dia em que o Teatro, 24 de outubro, Erismar não poupa palavras ao falar sobre o seu amor pelo local.

“Na época, a minha mãe comprava ingressos do Titio Barbosa (grande nome do teatro na cidade na década de 80). Esse foi o meu primeiro contato com o teatro. Quando eu tinha uns quatro anos, assisti o espetáculo chamado ‘O Casamento da Baratinha’ e ele chamou dez crianças para o palco. Assim que eu pisei lá foi algo muito mágico, virei para a plateia, e vi aquele tanto de luz e holofotes eu pensei: ‘Meu Deus do céu, que coisa incrível. É isso que eu quero para a minha vida’”

, declarou.

Artista Erismar Fernandes em palco – foto: acervo pessoal

Complementa ainda: “Para mim, o Teatro Amazonas é um marco. Esse cartão postal construído no meio da floresta só mostra que aqui preservamos a cultura local. O sonho de todo ator em Manaus é um dia poder se apresentar no grandioso Teatro Amazonas”.

Seguindo o passo de artistas dos mais diversos segmentos, Erismar começou a prática do teatro em uma igreja evangélica. Sem formação especializada na área, decidiu procurar um curso profissionalizante oferecido por meio do Serviço Social do Comércio do Amazonas (Sesc-AM)

“Posso dizer que aprendi algumas coisas na igreja, mas não nos profundamos muito no assunto. Não é o mesmo que uma formação na área. Quando completei 20 anos, busquei um curso e foi aí que encontrei a mestra que mudou a minha vida: a Neuza. Ela foi a minha primeira professora no Sesc e me ensinou tudo o que sei sobre maquiagem e figurino. Ela foi e é, para mim, uma grande referência na área artística”

, pontuou.

Para a Erismar, a arte representa um misto de sentimentos e é justamente isso o que busca transmitir para quem a assiste, seja nos palcos, telas ou por trás das câmeras.

Foto: acervo pessoal

“Eu acho que quando você atua, principalmente, ou está na parte do roteiro ou produção de um audiovisual, filme ou curta, é preciso levar para as pessoas o sentimento. Sempre procuro levar nos meus trabalhos o sentimento, saudosismo, poesia e literatura”

, expôs.

Sempre transitando pelas vertentes artísticas, Erismar começou no audiovisual em 2008, por influência do cineasta amazonense Wander Luís, que venceu o concurso e roteiros promovido pelo canal Amazon Sat, com o curta “Chá das Cinco” e tem no currículo o curta-metragem “Vozes” inspirado em Alfred Hitchcock.

“O Wander me levou para esse meio do audiovisual e aí eu comecei a trabalhar em alguns curtas dele, mas depois comecei a produzir e roteirizar os meus próprios curtas. É uma coisa que a gente vai se apaixonando e hoje eu já tenho uma carreira um pouco menor no cinema do que no teatro, mas já estou há um tempo nessa luta”

, ressaltou.

Temas como família, infância, amizade, luto e o poder transformador da arte fazem parte dos curtas “A Boneca”, “A Mesa”, “Três” e do documentário “O Teatro me Encontrou”, todos escritos e roteirizados por Erismar Fernandes.

“O filme ‘A Mesa’ é muito especial para mim, porque é baseado em fatos reais e conta a história do meu pai. ‘A Boneca’ fala sobre o que não é válido para alguém, mas pode fazer outra pessoa feliz. ‘Três’ fala sobre a amizade de idosos que se reencontram e decidem fugir de casa. E ‘O Teatro me Encontrou’, conta com depoimentos de idosos que iniciaram no teatro e mudaram de vida”

, detalhou a artista.

A artista produziu e dirigiu o curta metragem “A Escola da Minha Vida”, cuja história é inspirada na própria infância e a levou para três grandes mostras pelo Brasil, além de também ser contemplada em uma premiação a nível nacional.

Avant Première de “A Escola da Minha Vida” – foto: acervo pessoal

“O último curta me gerou também o prêmio de Melhor Filme Júri Popular no Festival de Pernambuco e também consegui que as crianças que atuaram no meu filme, as quais eu mesma fiz a preparação de elenco, fossem indicadas também em outra mostra. Me sinto muito feliz em realizar esses trabalhos audiovisuais”

, relatou.

A atriz e produtora audiovisual amazonense também é uma das dubladoras da série “Pablo Escobar – El Patrón del Mal”, sobre a vida de um dos homens mais ricos do mundo, chefe do cartel de Medelín na Colômbia. Ela dá voz ao personagem Paty, esposa de Pablo Escobar. 

Foto: acervo pessoal

Próximo de completar 30 anos de carreira artística, Erismar está produzindo – ao lado do marido e também produtor audiovisual, Roberto Hades – um documentário sobre a própria vida, abordando a trajetória da artista até hoje. A data para o lançamento do documentário está marcada para o dia 5 de novembro.

“O documentário conta com o depoimento de algumas pessoas que fizeram parte da minha história e que vai estar contando um pouco sobre esses 30 anos. É o grande projeto desse ano que estamos inseridos, mas também temos outros projetos, alguns curtas que nós estamos atrás de patrocínio e de verba para produzir, são tanto roteiros meus quanto roteiros do meu esposo também”

, salientou.

Influenciado pela família

Crescer na arte também fez parte da trajetória artística do cantor e produtor cultural Leonardo Gomes, de 45 anos. No meio musical por influência da própria família que, de costume, realizava reuniões regadas à música, Leonardo começou na arte por “acidente”.

“Em reuniões da família da minha mãe sempre tinha um violão e muitas cantorias. Meus tios e tias tocam violão e cantam. Então, em uma dessas reuniões de família, meu tio deixou violão dele em nossa casa e eu comecei a tocar, e assim começou a minha paixão pela música”, comentou.

Quando era adolescente, formou uma banda de Rock com alguns colegas de turma para participar de um festival de música na Escola Técnica Federal do Amazonas. Um tempo depois, em 1997, foi conhecer o Festival Folclórico de Parintins e aí surgiu outra paixão: toadas de Boi.

Artista Leonardo Gomes – foto: acervo pessoal

“Em 98, eu fui passar as férias em São Paulo de Olivença, interior do nosso estado. Lá fui convidado para tocar violão em uma banda de Toadas da cidade e depois de um tempo comecei a cantar nessa mesma Banda. Em 2004, após passar anos cantando em bandas, decidi seguir carreira solo. Em 2005 entrei para a Batucada do Garantido, em seguida fui oficializado como artista do boi. Nesse mesmo ano já cantei no Boi Manaus. Em 2006 cantei a primeira vez no Carnaboi”

, relembrou.

Apesar das inúmeras dificuldades enfrentadas durante a caminhada, Leonardo as considera como um aprendizado e apenas uma parte do processo. O artista já cantou em São Paulo (SP), Arujá (SP), Rio de Janeiro (RJ), Petrópolis (RJ), Brasília (DF), e também no exterior: Johannesburgo, na África do Sul; Pequim, na China e Paris, na França.

“Por ser um novato sempre era colocado de lado, em segundo plano, e quando tinha um pequeno espaço, era chamado e sempre aproveitava da melhor maneira as oportunidades. Tenho muito orgulho por cantar a nossa cultura maior, que é o Boi Bumbá de Parintins! Nossa Cultura já me levou a muitos lugares que eu nunca sonhei conhecer”.

Artista Leonardo Gomes – foto: acervo pessoal

Em 2020, Leonardo teve três projetos aprovados pela Lei Aldir Blanc, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC-AM) e da Manauscult, e conseguiu produzir o primeiro CD “First Amor de Festival”, o primeiro DVD “Viva La Vida” e o Festival Amazon Moving de Toadas e Dançarinos de Boi Bumbá.

“Como era difícil conseguir patrocínios para o projeto, decidi buscar mais cursos e sobre as Leis de Incentivo à Cultura, como a Lei Rouanet, Elaboração de Projetos e tudo mais. Quero gravar meu próximo CD ainda esse ano de 2022, será ao vivo no Boi Manaus 2022. Também tenho outro projeto para ano que vem que é gravar o próximo DVD em outro estado! Levando a nossa cultura para que mais brasileiros conheçam”

, finalizou.

Como surgiu o Dia Nacional das Artes?

O Dia Nacional das Artes surgiu a partir do decreto de lei nº 82.385, de 5 de outubro de 1978, e a partir da Lei nº 6.533, de 24 de maio de 1978. As leis regulamentaram a profissão de Artista e técnico em Espetáculos e Diversões, além de mais de 100 outras funções que também podem estar inseridas no que seria considerado um trabalho artístico

A data foi escolhida por ser o dia da fundação da Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, em 1816, atualmente a Escola de Belas Artes da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). O evento celebra as mais diversas expressões artísticas, como a música, a dança, a literatura, o teatro, o circo, entre outras. Além disso, o marco reforça a importância de reconhecer tais atividades culturais como fundamentais para o desenvolvimento humano.

De acordo com a legislação brasileira, o artista é o profissional que “cria, interpreta ou executa obra de caráter cultural de qualquer natureza, para efeito de exibição ou divulgação pública, através de meios de comunicação de massa ou em locais onde se realizam espetáculos de diversão pública”.

Edição Web e pauta: Bruna Oliveira

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