Manaus (AM) – Os pacientes das redes pública e privada de saúde enfrentam problemas em comum no Brasil, segundo uma pesquisa realizada pelo Ipec/Globo. O levantamento feito com 2 mil pessoas, revelou quais são as principais queixas quanto a saúde no país. Além da superlotação de hospitais, emergências e pronto-atendimentos, a falta de profissionais e a demora para a realização de exames, os entrevistados apontaram o despreparo médico como um dos grandes gargalos do setor. De acordo com o médico especialista em saúde pública, doutor Wilderi Sidney Guimarães, a reclamação faz sentido.
Natural de Picos, no Piauí, doutor Wilderi Sidney Guimarães é formado em medicina pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), com especialização em medicina de família e comunidade. Também possui mestrado em saúde pública pela UFAM, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O especialista, com passagens por redes públicas e privadas, explica que a falta de preparo para o atendimento começa porque o profissional não recebe uma formação adequada na universidade.
“Primeiramente, o profissional médico não recebe, dentro da faculdade de medicina e nem na residência médica, a formação necessária para atender bem um paciente. Somos ensinados a fazer diagnóstico e indicar tratamentos, mas não aprendemos a lidar com o público de forma humanizada. A maioria dos médicos não faz um mau atendimento de propósito, mas porque ele foi ensinado assim, a diagnosticar uma lesão ou patologia e não a cuidar de uma vida”,
afirma.
Outro ponto que contribui para a reclamação dos usuários é a rotina extenuante dos profissionais. Wilderi lembra que muitos médicos possuem mais de um vínculo empregatício e vivem de plantões em hospitais e emergências.
“Isso acaba deixando o profissional extenuado e estressado”, opina. Mas para ele, esse gargalo tem solução.
“Além do investimento em planos de carreira por parte dos planos de saúde e do sistema público para esses profissionais, o médico também precisa buscar conhecimento sobre atendimento humanizado”,
destaca.
Sobre os outros problemas apontados no levantamento, Wilderi também crê que são passíveis de serem resolvidos. “A pesquisa apontou para a demora em conseguir consultas e exames e para a superlotação de hospitais e emergências. Esses são uns gargalos que têm origem na falta de investimentos que se faz na atenção primária no Brasil. Quando a gente fala de atenção básica, a coisa mais importante é fazer um atendimento preventivo, para que o profissional consiga indicar outros cuidados, como mudança de hábitos, para que o paciente não precise de atendimentos mais complexos. Nos países desenvolvidos, onde a atenção básica funciona, isso desafoga o sistema secundário e terciário. Aqui no Brasil, como a pesquisa mostra, estamos distantes dessa realidade”, finaliza.
A pesquisa do Ipec/ Globo ouviu 2 mil pessoas das classes A, B e C e com mais de 16 anos das entre os dias 20 e 27 de julho pela internet. O intervalo de confiança é de 95%.
*Com informações da assessoria
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