O dólar teve pouca alteração frente ao real nesta terça-feira (27), pausando um rali recente com algum alívio externo e dados de inflação domésticos melhores do que o esperado, mas encerrou o pregão bem acima das mínimas intradiárias, já que persistiram temores de que um aperto monetário muito intenso nas principais economias desencadeie uma recessão global.
A moeda americana à vista fechou com variação negativa de 0,04%, a R$ 5,3772, parando para respirar depois de disparar 5,15% no acumulado dos dois últimos pregões.
Na B3, às 17h07 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,31%, a R$ 5,3820.
Na mínima do dia, atingida pela manhã, o dólar caiu 1,53%, a R$ 5,2972, baixa apoiada, em parte, por uma tentativa pontual de recuperação do apetite por risco ao redor do mundo, depois de forte baque nos últimos dois dias, disseram participantes do mercado.
No Brasil, para Anilson Moretti, chefe de câmbio da HCI Invest, também beneficiou o humor de investidores a leitura mais baixa do que o esperado do IPCA-15, que caiu 0,37% em setembro, acumulando alta de 7,96% em 12 meses.
Fim de ciclo
A opinião predominante nos mercados foi de que os dados jogam a favor da visão de que o Banco Central já encerrou seu ciclo de aperto monetário e que o momento atual, de juros a 13,75% ao ano, pode ser um bom ponto de entrada em ativos brasileiros por parte de investidores internacionais.
Mas uma piora nos mercados externos, com o índice do dólar frente a uma cesta de pares fortes acelerando seus ganhos na parte da tarde e as principais Bolsas do mundo devolvendo altas iniciais, levou a uma recuperação do dólar em relação aos menores níveis do dia, explicou Moretti.
Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX, disse que “os fundamentos de um ambiente de negócios pessimista permanecem largamente inalterados, favorecendo a manutenção de um dólar bastante fortalecido”.
“A perspectiva de uma recessão econômica global, a postura agressiva do Federal Reserve em sua política monetária e mesmo um apetite reduzido para risco dos investidores favorecem a busca pelo dólar.”
O Fed, banco central dos EUA, elevou sua taxa de juros em 0,75 ponto percentual pela terceira reunião consecutiva e divulgou projeções econômicas que apontaram um ambiente de política monetária bem mais agressivo do que o inicialmente projetado pelos mercados, o que tem tornado a perspectiva de recessão americana cada vez mais provável.
O dólar é considerado aposta segura em tempos de turbulência econômica ou geopolítica.
Além disso, no âmbito doméstico, “a perspectiva da eleição no fim de semana ajuda a manter um clima de cautela, de precaução, e isso também afasta um pouco os investidores nesta semana e colabora para que a moeda [dólar] permaneça em patamar mais elevado em relação às últimas semanas”, disse Mattos.
O primeiro turno das eleições presidenciais acontecerá no dia 2 de outubro, e investidores devem ficar atentos a uma série de divulgações de pesquisas de intenção de voto até lá, conforme avaliam as chances de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencer já no próximo domingo.
O dólar tem salto de 3,39% frente ao real até agora em setembro, reduzindo a queda no ano para 3,52%.
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