Manaus (AM) – O esporte é um instrumento social para transformar vidas. Promovendo a inclusão e o resgate social da juventude, a professora e lutadora faixa-marrom Libiane Santos, de 33 anos, deu início a um projeto que promove a prática da modalidade para as crianças, jovens e adultos do bairro União da Vitória, localizado na zona Oeste de Manaus.
O Projeto Libiane, que faz parte da Associação Nabil Jiu-Jítsu, existe há três anos na comunidade e foi criado com o intuito de mudar a realidade dos moradores do bairro. As aulas são promovidas de segunda a sexta-feira e são divididas em quatro horários diferentes. Atualmente com 93 crianças participando do projeto, a professora busca manter a iniciativa e cobra o valor simbólico de R$ 25 para que as aulas da modalidade sejam ministradas.
Libiane se tornou atleta de jiu-jítsu por influência da filha Maria Eduarda, de 13 anos. A atleta mirim iniciou a prática no esporte por indicação médica para tratar a depressão. Por ter vitiligo, uma doença caracterizada pela perda da coloração da pele, Eduarda sofria discriminação e bullying. Ao ver a mudança que o esporte trouxe para a vida da filha, sentiu a vontade de ensinar a modalidade para jovens da comunidade.
“Ela ficava muito acuada dentro de casa. Resolvi procurar um médico e ele indicou um esporte para ela. Tentamos natação e balé, mas não deu certo. Foi no jiu-jítsu que a família toda se encontrou. Assim, coloquei na cabeça que queria montar um projeto voltado para crianças e adolescentes”, disse.
A fundadora do projeto ressalta que se considera como uma “professora” e “mãe” de todos que fazem parte da iniciativa por sempre buscar participação ativa na vida de cada um deles.
“Procuro sempre estar atenta no que acontece com eles. No que eu puder, estou participando, seja na escola ou em casa. Sempre tento incentivá-los nos deveres de casa, ajudar a mãe e qualquer pessoa que esteja precisando. Sempre busco despertar o melhor deles”, declarou.
Prestes a conquistar a faixa-preta, Libiane explica que essa conquista é a concretização de um sonho. Para a lutadora faixa-marrom, ver a procura dos jovens para seguir o mesmo caminho é outro motivo de realização. Libiane pontua que, dos 93 atletas que fazem parte do projeto, cerca de 90% já subiram aos pódios estaduais e se consagraram campeões amazonenses nas categorias da Federação Amazonense de Jiu-jítsu (FAJJE). O projeto já conta com inúmeros troféus, medalhas e cinturões.
“Me sinto muito feliz com todas essas conquistas. Eles são a minha motivação de continuar. Quando a dificuldade está imensa dá vontade de desistir, mas penso em cada um deles e lembro em como eles amam estar aqui. Quando levo eles para os campeonatos dá para ouvir só a minha voz. É muito emocionante”, ressaltou.
O projeto iniciou com apenas duas crianças que lutavam na varanda da casa de Libiane, e, com a maior procura desses jovens, logo precisou alugar outro ponto para das mais espaço para que fosse possível oferecer os treinos. Com um espaço maior, o local chega a ficar pequeno com a quantidade de jovens interessados na prática.
Com apenas 13 anos, a filha de Libiane, Maria Eduarda é praticante o esporte desde os 3 anos de idade. Atualmente conhecida como uma das promessas do jiu-jítsu amazonense e segue conquistando o próprio espaço no cenário da modalidade. Com uma extensa coleção de medalhas, ela sonha em breve ser uma lutadora reconhecida a nível mundial.
“Comecei por indicação dos meus psicólogos para desabafar o meu estresse por conta do bullying e tem sido uma experiência incrível. Ser campeã e ganhar medalhas é muito bom. Meu primeiro campeonato foi o mais marcante e logo fiquei em primeiro lugar. Para mim, ter influenciado a minha mãe é algo muito bom. No começo foi um pouco difícil, mas depois ela foi se acostumando e entrou para me apoiar”, explicou.
Para dar seguimento ao projeto, a professora pede o auxílio da população com doações. A conquista de um lugar fixo para que o Centro de Treinamento seja montado é a maior necessidade do projeto social, atualmente com um ponto alugado, Libiane tem enfrentado dificuldades.
“Aqui no projeto temos dificuldades para, praticamente, tudo. Seja com a compra dos quimonos; a mensalidade que, em muitos casos, as crianças não têm; para levá-los aos campeonatos. Tivemos dificuldades no início e hoje seguimos enfrentando cada uma. Mas a maior dificuldade que enfrentamos aqui é a necessidade de um lugar próprio para que a gente consiga montar o nosso CT. Aqui pagamos aluguel, água e muitas vezes as crianças não tem como pagar a mensalidade que é justamente para que a gente consiga se manter”, pontuou.
Quem quiser ajudar o projeto com doações, pode entrar em contato pelos números: (92) 99303-9963 ou (92) 99400-0975.
Edição Web: Bruna Oliveira
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