Manaus (AM) – Devido à interdição de alguns trechos do percurso da BR-319, em decorrência do desabamento da ponte do rio Curuçá, no KM 25, pequenos produtores rurais podem ser afetados financeiramente para entregarem alimentos para Manaus. Por outro lado, a capital amazonense não sofrerá danos aparentes por causa do preço, pois de acordo com especialistas, a região metropolitana de Manaus já consegue se manter abastecendo os supermercados com alimentos perecíveis oriundos de transporte fluvial e aéreo.
Nesta quinta-feira (29), subiu para quatro o número de vítimas da tragédia. Darliene Nunes Reis Cunha, de 25 anos, foi a última a ser encontrada nas buscas até o fechamento desta edição. Ela se junta ao motorista Marcos Rodrigues Feitosa, de 39 anos, à servidora pública aposentada, Maria Viana Carneiro, de 66, e a Rômulo Augusto Pereira, de 36 anos, como as vítimas fatais do desabamento da ponte.
As buscas pelos desaparecidos foram retomadas por volta de 6h de ontem. Uma equipe de 40 homens do Corpo de Bombeiros do Amazonas (CBMAM) esteve no local para tentar encontrar as vítimas da tragédia. As buscas continuam nesta sexta-feira (30).
Via de acesso para entrega de produtos
A BR-319 é uma rodovia federal que liga Manaus a Porto Velho, em Rondônia. Possui 885 KM de extensão e fica localizada no coração da Amazônia. Ela liga o Amazonas ao restante do país e por ela passam caminhoneiros de todos os lugares. Porém, para abastecer a capital manauara, os condutores enfrentam problemas oriundos da não continuidade da via. Somado a isso, Manaus não depende somente do transporte terrestre para abastecer supermercados e pequenos comércios como afirmam os especialistas.
Com a interdição do trecho do antigo KM 12 (hoje KM 25), onde a ponte do Rio Curuçá desabou depois de apresentar problemas de manutenção, os pequenos produtores rurais que dependem do trajeto começam a sentir os desafios do bloqueio da via.
O economista Inaldo Seixas revela que os pequenos produtores terão que suprir a necessidade de transporte terrestre para o fluvial e terão que gastar um pouco mais para poderem entregar frutas e verduras.
“Infelizmente, eles serão afetados em não poder utilizar a ponte normalmente e terão que utilizar barcos com custos maiores para poderem negociar seus produtos em Manaus. Certamente, eles terão esse impacto de não contar com a via. Agora, os grandes que vêm do Sul e Sudeste não sofrerão em nada”,
afirma o economista.
Seixas afirma ainda que alguns empreendedores podem usar a situação para elevar os preços dos produtos.
“Pode haver uma tentativa de aumento de preço. Mas acredito que, pela lei da oferta e da demanda, se tiver deficiência de estoque, vai acontecer alteração de preços. Mas se tiver quantidades normais de oferta, não haverá nenhum problema”,
explica.
O extensionista rural e técnico agrícola do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), Saulo Melo, também enfatiza que as pessoas não devem se preocupar com a falta de abastecimento.
Cerca de 80% das produções cultivadas em áreas de terra firme, nas quais ficam divididas o Careiro da Várzea e o Careiro Castanho, em sua maioria, fruticulturas, vêm para Manaus abastecer supermercados, feiras e mercados. Apesar de esses municípios exportarem frutas e verduras, ainda são pequenos comparados com outros locais que abastecem a capital do Amazonas.
“O que vem pela BR-319 são alimentos congelados como peixes, frango, verduras. Quanto aos grãos, eles não vêm pela rodovia e sim por balsas vindouras do estado de Rondônia, Pará, Roraima e Mato Grosso. Os alimentos escoados pela estrada são os mais perecíveis, que precisam de consumo rápido. Basicamente, é isso que é escoado pela BR-319 para Manaus”,
informa o extensionista rural.
Os distritos de Iranduba, além dos interiores do Amazonas, ainda podem fornecer a produção de pecuária como ovos, suínos, aves e bovinos.
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