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Configuração das Casas Legislativas

Aleam torna-se palco confortável para Wilson Lima e Bancada Federal deve focar na ZFM

Bancadas na Câmara Federal e Assembleia assemelham-se por caráter de centro-direita. Deputados federais devem se opor mais ao chefe do executivo nacional, enquanto bancada na Aleam conta com predominância governista

Foto: Divulgação

Manaus (AM) – As Casas Legislativas deram inicio aos seus trabalhos nesta quarta-feira (1) com novos representantes e outros já conhecidos pela população, assim como com a formação das Mesas Diretoras. De um modo geral, tanto a Câmara Federal quanto a Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) são compostas por partidos da centro-direita, mas se diferenciam pela aproximação ou oposição ao chefe do executivo.

No âmbito estadual, a bancada governista é de extrema predominância, mostrando o poderio de Wilson Lima no Estado – atualmente apenas o deputado estadual Wilker Barreto (Cidadania) faz oposição. No nível federal, o cenário é oposto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisará ter uma boa articulação para conseguir governar. Já na Câmara Municipal de Manaus (CMM), mesmo com substituições: os suplentes Alonso Oliveira (Avante) e Roberto Sabino (Podemos) assumiram as vagas de Amom Mandel (Cidadania) e Wanderley Monteiro (Avante), o panorama segue favorável para o prefeito David Almeida (Avante).

Câmara Federal

Com renovação de 39% na Câmara dos Deputados, a maior bancada partidária é integrada pelo PL, partido de oposição ao Governo Lula, com 99 deputados. Logo atrás, tem o PT com 68 deputados, União Brasil com 59, e o PP com 47.

Dos 513 deputados empossados, 295 foram reeleitos, 201 são parlamentares de primeiro mandato e os 17 nomes restantes são deputados que já ocuparam o cargo anteriormente, sendo o índice de renovação menor em relação à última legislatura eleita em 2018, que obteve 50%.

O estado do Amazonas escolheu 8 deputados federais para atuarem na Casa Legislativa, dos quais, quatro são estreantes e a outra metade segue para mais quatro anos de mandato. Os novos deputados escolhidos pelos amazonenses são: Amom Mandel (Cidadania), Fausto Jr (União Brasil), Saullo Vianna (União Brasil) e Adail Filho (Republicanos).

Já Átila Lins (PSD), Capitão Alberto Neto (PL), Silas Câmara (Republicanos) e Sidney Leite (PSD) permanecerão no cargo.

Conforme o cientista político Helso Ribeiro, os novos deputados federais eleitos pelo Amazonas são muito jovens. Frente a pouca experiência legislativa no âmbito federal, os novatos precisarão atuar pelos interesses do estado, como participar das articulações sobre a reforma tributária.

Dependendo do desenho, a nova regra tributária pode trazer impactos diretos para a Zona Franca de Manaus (ZFM), o principal modelo econômico do estado.

“A gente espera que eles sejam extremamente bem assessorados para defender, para ajudar os quatro remanescentes, juntamente com os três senadores, para defender os interesses do polo industrial. Eu penso que neste ano, por conta de uma possível reforma tributária, ele vai sofrer ataques fortes. Então, a gente vai precisar de bom conhecimento tributário para que essa defesa seja feita da melhor forma possível”,

afirmou.

Sobre o perfil geral dos oitos deputados federais, o cientista político Carlos Santiago afirmou que a bancada do Amazonas carece de representatividade social. Também analisa que ela possui uma dimensão mais conservadora, governista e elitista.

“Candidatas mulheres não foram eleitas para a Câmara dos Deputados, assim como negros e indígenas. O Amazonas tem a maior população indígena, e essa diversidade na sociedade amazonense não está representada no perfil dos novos deputados federais”,

disse Carlos Santiago.

Após a cerimônia de posse, a Câmara Federal realizou a eleição para a presidência da Casa e da Mesa Diretora. O deputado Arthur Lira (PP) conseguiu a reeleição com votação histórica, obtendo 464 votos. A vitória de Lira já era esperada, visto que sua candidatura atraiu o apoio de diversos partidos, inclusive do governo Lula.

No entanto, Arthur Lira apoiou o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais, e foi um aliado da gestão anterior. Nesse sentido, ainda que o perfil do presidente da Casa não seja de apoio direto ao novo governo, o cientista político Helso Ribeiro avalia que as negociações entre o Planalto e Câmara podem ser positiva em razão da habilidade de conciliação de Lula.

‘Eu penso que uma das características positivas do Lula é que ele sempre foi um bom negociador, ele sabe dar para passos à frente e recuar. Eu tenho certeza que o Arthur Lira não é o presidente da Câmara dos sonhos do Lula. Mas, isso já mostra esse perfil de conciliador dele. Então, eu acredito que alguns pontos que ele queira apresentar deverão ter negociações, e às vezes essas negociações, quando envolvem o centrão, são pautadas pelo toma lá dá cá, mas eu aposto em uma boa negociação com a Câmara dos Deputados”,

afirmou.

Aleam

Os 24 deputados da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) tomaram posse nesta quarta-feira (1), com 10 novos parlamentares e 14 reeleitos. No total, a renovação chegou a 42%, sendo os estreantes: Dr. George Lins (União Brasil), Daniel Almeida (Avante), Cristiano Dangelo (MDB), Mayra Dias (Avante), Débora Menezes (PL), Thiago Abrahim (União Brasil), Mário César Filho (União Brasil), Papi (PSC), Rozenha (PMB), Comandante Dan (PSC) e Wanderley Monteiro (Avante).

O União Brasil, sigla do governador Wilson Lima, foi o partido que mais conseguiu cadeiras na Casa, com seis deputados. Em seguida, o Avante, partido do prefeito de Manaus David Almeida, obteve a segunda maior bancada, com quatro parlamentares.

Já o Partido Liberal (PL) ficou em terceiro lugar com a eleição de três deputados. A composição da Casa tem como predominância partidos mais à direita, com a exceção de duas cadeiras ocupadas pelos deputados Sinésio Campos (PT) e Carlinhos Bessa (PV).

Para o cientista político Helso Ribeiro, a nova configuração da Aleam é formada por deputados de aspecto moderado, e sem participação de extremistas. Também destacou que houve um aumento no número de deputas eleitas, com cinco representantes mulheres. Na legislatura passada, quatro mulheres foram eleitas. No entanto, pontuou que ainda é um número longe do ideal.

“A gente vai soltar fogos quando forem metade, mas é um pequeno progresso em relação a participação feminina”, afirmou Helso Ribeiro.

Ao Em Tempo, o deputado eleito George Lins (União Brasil) afirmou que a base do governo é ampla e abriga diversos outros partidos.

“Então, hoje eu penso que nós somos uma base de vinte e três deputados sendo apenas um deputado oposicionista que é o deputado Wilker Barreto”, afirmou o parlamentar.

“Não só os seis deputados do União Brasil que são os deputados do partido do governador, mas vários outros partidos tem a sua representatividade em deputados que foram eleitos e que também são do arco partidário de aliança, que estiveram na base da eleição da candidatura do da campanha do governador Wilson Lima.”, completou.

Ainda conforme o cientista político, o governador Wilson Lima (União Brasil) se posiciona de forma tranquila com a Aleam.

“Ele conseguiu aplainar uma relação com a Assembleia que antes não existia. Ele foi construindo essa relação durante os quatro anos, e agora ele já começa com essa relação bem pavimentada”, explicou Helso Ribeiro.  

CMM

As atividades legislativas da 18ª legislatura da Câmara Municipal de Manaus (CMM) vão iniciar, nesta segunda-feira (6), com a cerimônia de abertura que será conduzida pelo presidente Caio André (PSC). O evento acontecerá no Plenário Adriano Jorge da Casa Municipal, a partir das 9h.

No início do biênio 2023-2024, a Casa terá algumas mudanças com a saída de dois ex-vereadores: Amom Mandel (Cidadania) que foi eleito deputado federal, e Wanderley Monteiro (Avante) que ocupará uma cadeira na Aleam.

Para o cientista político Helso Ribeiro, a atuação de Wanderley Monteiro como vereador não foi de destaque significativo. “Ele tem trabalho nos bairros e isso conseguiu leva-lo a eleição, mas ele não foi um protagonista nesses dois anos na Câmara dos Vereadores”.

Por outro lado, conforme o cientista político, o ex-vereador e atual deputado federal Amom Mandel foi uma das figuras mais críticas ao Poder Executivo Municipal, com uma atuação marcada pela fiscalização das atividades dos órgãos público da capital amazonense.

O substituto de Amom Mandel é o vereador Roberto Sabino (Podemos). Já quem vai entrar no lugar de Wanderley Monteiro é ex-secretário da Manauscult Alonso Oliveira (Avante). “É mais alguém que vai pavimentar essa relação de amizade entre a Câmara de Vereadores e a Prefeitura”.

“Eu acredito que foi uma troca benéfica para boas relações com a Prefeitura. A gente espera que vereadores fiscalizadores como foi o Amom fiquem vigilantes”, disse.

Conforme o cientista Helso Ribeiro, em razão do presidente da CMM Caio André não ter sido o nome escolhido pelo prefeito David Almeida (Avante), ele deve seguir por um caminho pautado por uma maior independência.

Ao mesmo tempo, também pontuou que a candidatura de Caio André teve apoio do governador Wilson Lima, que tem uma relação de projetos alinhada com o prefeito David Almeida.

“Eu não vejo alguém que vai ficar perturbando a ponto de gerar ingovernabilidade por parte da gestão David Almeida. Talvez com menos subserviência”, disse.

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