As Nações Unidas lamentam as 9 mil mortes de civis, incluindo 500 crianças, na Ucrânia desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro de 2022. O conflito completa 500 dias nesta sexta-feira marcado por novos bombardeios.
Em nota, a missão de monitoramento de direitos humanos da ONU, que trabalha na Ucrânia desde 2014, disse que três vezes mais civis foram mortos neste período do que durante os oito anos anteriores de hostilidades no leste da Ucrânia.
Peso do conflito na população
Segundo o Escritório das Nações Unidas no país, os números reais de vítimas são provavelmente muito maiores. O vice-chefe da missão no país, Noel Calhoun, afirma que este é outro “triste marco” desta guerra, que continua impactar terrivelmente a vida dos ucranianos.
A ONU observou que os números mensais gerais de vítimas diminuíram no início deste ano em comparação com 2022, mas em maio e junho a média de vítimas aumentou novamente.
Em 27 de junho, 13 civis, incluindo quatro crianças, morreram após em um ataque de míssil no início da noite em uma área comercial movimentada em Kramatorsk, no leste da Ucrânia.
Entre os que morreram no ataque de Kramatorsk estava Viktoriia Amelina, uma escritora ucraniana e defensora dos direitos humanos, que não resistiu aos ferimentos no início desta semana.
Poucos dias depois, outro ataque com míssil matou civis na cidade ocidental de Lviv, colocando as duas últimas semanas entre as mais mortais desde o início da invasão russa.
Patrimônio histórico
Um bombardeio noturno de um prédio histórico em Lviv, nesta quinta-feira, causou a reação da Unesco. A agência da ONU classificou o ataque como uma violação da Convenção para a Proteção dos Bens Culturais.
A Unesco também lamentou a morte de civis e ofereceu seu apoio aos feridos e à população de Lviv.
O ataque foi condenado pela coordenadora humanitário da ONU na Ucrânia, Denise Brown.
Segundo ela, a ação das forças da Rússia deixou mortos e feridos, além de danos em edifícios residenciais. Ela ressalta que as pessoas foram surpreendidas no início da manhã, quando ainda dormiam em suas casas.
Denise Brown afirmou que o bombardeio aconteceu uma semana após atos em Kramatorsk, Kharkiv, Sumy e outras áreas da Ucrânia. Para ela, esses ataques estão causando perdas e destruição a um povo que “vive os horrores da invasão em grande escala da Rússia à Ucrânia”.
Ela destacou o cumprimento do direito internacional, que exige a proteção de civis em conflitos.
Investigações em Zaporizhzhia
Também nesta sexta-feira, a Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea, disse que não encontrou “nenhuma indicação visível” de que existam explosivos na usina nuclear de Zaporizhzhia.
O diretor-geral da agência da ONU, Rafael Mariano Grossi, pede que os especialistas tenham acesso às demais áreas da instalação.
A Aiea afirma que ouviu relatos de que minas e outros explosivos foram colocados dentro e ao redor da usina, atualmente localizada na linha de frente do conflito militar na Ucrânia.
Grossi reiterou a importância da verificação de todas as partes da instalação para monitorar o cumprimento integral dos cinco princípios básicos de proteção da maior usina nuclear da Europa, cujos seis reatores permanecem parados.
Os cinco princípios básicos para a proteção de Zaporizhzhia, estabelecido em 30 de maio no Conselho de Segurança das Nações Unidas, afirmam que não deve haver nenhum ataque originado da instalação ou contra a usina. O local também não deve ser usado como armazenamento ou base para armas pesadas.
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