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Audiência pública revela as rotas da pirataria dos rios e aponta a existência de ‘cifra negra’ no AM

A Audiência Pública revelou que a pirataria dos rios não se limita às calhas do Solimões e do Negro e já apresenta ocorrências na região de Manaus

Fotos: Divulggação

Na quinta-feira (15), na Assembleia Legislativa do Amazonas ocorreu uma audiência ública, que reuniu representantes dos trabalhadores aquaviários, empresas de navegação, portos privados Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-AM), Polícia Civil e Militar, Corpo de Bombeiros e Forças Armadas para debater soluções à pirataria nos rios.

Apesar da prática criminosa concentrar expressivo número de ocorrências na calha do Solimões, a partir do município de Tefé (distante de Manaus a 523 quilômetros), opinião unânime entre as autoridades presentes.

A Superintendência da Polícia Federal no Amazonas afirmou que está com uma série de investigações em curso, que apontam claramente para uma nova rota do tráfico de drogas e armas pelo rio Negro, o que também fez surgir a prática da pirataria.

“Há três anos não se falava em tráfico ou pirataria na região do rio Negro, mas agora desponta como constante e ameaça, inclusive a atividade turística, muito comum naquela região, que também possui uma alta concentração de povos originários”, afirmou o novo superintendente da Polícia Federal no Amazonas, o delegado federal Domingos Sávio Pizon.

A Audiência Pública revelou que a pirataria dos rios não se limita às calhas do Solimões e do Negro e já apresenta ocorrências na região de Manaus.

O representante do Porto Chibatão, Reinaldo Barbosa Alencar, narrou vários episódios relativos à pirataria no empreendimento. “O Porto Chibatão possui 657 marítimos, 36 deles e 12 carreteiros já foram assaltados. Tudo acontece depois das 21h e temos até dificuldade em relação a quem nos dirigir”, afirmou.

Representando a Polícia Civil, o delegado Otávio Jordão, titular do 35º e do 34º distritos policiais do Careiro da Várzea (25 quilômetros) e do Careiro Castanho (88 quilômetros), foi categórico ao afirmar que a presença da Base Fluvial Paulo Nery, em Itacoatiara (176 quilômetros), zerou as ocorrências de furto de combustível naquela região.

“A base foi enviada à Itacoatiara por solicitação do Comandante Dan e do delegado geral Bruno Fraga. É importante valorizar as delegacias distritais, são elas que têm o primeiro contato com as vítimas e com as abordagens policiais”, apontou Otávio Jordão. Ainda no uso da palavra, ele afirmou que a criminalidade migrará e já estão esperando, não há mais roubos de combustíveis na região de Itacoatiara, recentemente houve furto de televisores no Porto Chibatão.

O secretário executivo de Operações Integradas do Governo do Amazonas, coronel PM Algenor Maria Costa Teixeira, apresentou um panorama das operações e investimentos, mostrando as modalidades de policiamento para todas as calhas de rios.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Aquaviário do Município de Manaus, Wilderson Mar de Oliveira, relatou o temor dos marítimos em razão da violência dos piratas.

“Saem de casa e não sabem se vão retornar. Há trechos, como o do Médio Solimões, em que está cada vez mais difícil conseguir tripulação”, avaliou.

Ação conjunta, coordenada e estratégica

Presidente da Comissão de Segurança Pública do Legislativo Estadual e autor da propositura da audiência, o deputado Comandante Dan falou sobre a necessidade de uma ação que envolva as diferentes esferas de poder e os diferentes setores da sociedade civil.

“Precisamos de um plano emergencial que trabalhe a ação conjunta, coordenada e estratégica. Estamos lutando contra o crime organizado com know-how de narcotráfico transnacional. Sozinho, enquanto Estado, não conseguiremos muita coisa. Precisamos de tropas, de recursos e de ações continuadas”, disse.

Cifra negra

Ele narrou que há na pirataria dos rios o que se convencionou chamar de “cifra negra”, termo que se refere à existência de um significativo número de infrações penais desconhecidas oficialmente.

“Os ataques se dão no meio dos rios, a maioria das vezes em locais sem acesso fácil à internet ou sem a presença de um aparelho policial que possa agir de imediato. Não tenho dúvida de que o que se divulga sobre pirataria nos rios é subestimado, como não tenho a menor dúvida de que ela cresce exponencialmente”, esclareceu.

O deputado planeja retomar as conversas com a Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça (Senasp), em Brasília (DF) sobre o tema.

*Com informações da Aleam

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