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Onda de calor

Indústria acende alerta para evitar falta de ar-condicionado

Onda de calor impulsiona setor, que tenta acompanhar o aumento de demanda

A forte onda de calor e o tempo seco em quase todo o país impulsiona a demanda por aparelhos de ar-condicionado e ventiladores e ligam o alerta para a indústria brasileira evitar o desabastecimento.

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de ar-condicionado, atrás da China, que atende boa parte do consumo internacional. O posicionamento brasileiro é graças à Zona Franca de Manaus, que oferece benefícios fiscais às empresas e que está sofrendo com os efeitos da estiagem.

Segundo o presidente executivo da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Jorge Nascimento, neste momento não há falta dos produtos nas lojas. Porém, se a pior seca já registrada no país agravar, pode haver impacto da chegada de navios com insumos daqui a um ou dois meses e atraso na fabricação do estoque de verão.

Neste caso, o executivo afirma que o setor já considera a suspensão das férias coletivas dos funcionários em dezembro, para evitar falta de produto ao consumidor.

“Não há risco de desabastecimento neste momento, porque já se antecipou muito a produção. O que talvez esteja acontecendo em casos pontuais é não encontrar o produto entre o pedido ao fornecedor e a chegada na loja, porque está sendo um momento realmente de muita procura de ar-condicionado”, disse Nascimento.

Crescimento das vendas

No primeiro semestre deste ano, a venda de aparelhos de ar-condicionado bateu recorde ao marcar crescimento de 88% na linha residencial em relação aos seis primeiros meses de 2023. No caso dos ventiladores de mesa, o salto foi de 123%. Foram vendidos mais de sete milhões de ventiladores no período.

O resultado é ainda mais expressivo se for comparado à venda de produtos da linha branca (geladeiras, máquinas de lavar roupas e fogões), que tiveram aumento de 16%, e da marrom (TVs e equipamentos de áudio e vídeo), com alta registrada de 20%.

Os números são da Eletros, que prevê até o final do ano a venda de 6 milhões de unidades de ar-condicionado, um aumento significativo em relação aos 4,5 milhões de aparelhos vendidos em 2023.

Além das altas temperaturas, o aumento das vendas está relacionado à queda de juros, que facilita o parcelamento da compra do aparelho, afirma Nascimento.

O Magazine Luiza afirma que teve um crescimento de 30% nas vendas de ar-condicionado e de ventiladores em agosto deste ano, comparado ao mesmo mês do ano passado. Segundo a varejista, até o momento, não houve nenhuma alteração significativa nos preços em comparação a 2023.

O economista do FGV Ibre, Matheus Dias, afirma que houve uma variação no preço do ar-condicionado entre janeiro e julho deste ano. O aumento, porém, ainda não é tão forte quando o do ano passado, afirma.

Segundo o Índice Fipe/Buscapé de julho, divulgado no mês de agosto, a única categoria que teve aumento de preços foi eletrodomésticos (3,6%), influenciada principalmente pelos preços de aparelhos de ar-condicionado, que tiveram aumento anual de 14,6%. As outras três categorias que compõem o grupo tiveram queda: lavadora de roupa (-2,5%), geladeira (-0,6%) e fogão (-0,7%).

O preço médio do ar-condicionado em agosto de 2024 teve aumento de 30% em relação ao mesmo mês do ano passado (de R$ 1.754 para R$ 2.293), mostra o levantamento do Buscapé. No mesmo período comparativo, o menor preço subiu 36% (de R$ 1.193 para R$ 1.623), e o maior preço subiu 13% (de R$ 4.480 para R$ 5.093).

De acordo com a plataforma de comércio eletrônico, no mês passado, os aparelhos de ar-condicionado mais buscados foram os do modelo split, com variação de preço em torno de R$ 2.000 e R$ 2.600.

A procura pelos aparelhos sobe a medida que a qualidade do ar piora. Na comparação dos primeiros dias de setembro com o mesmo período de agosto, a busca por climatizadores de ar no Buscapé cresceu 552%. Por ventiladores e circuladores de ar, a procura aumentou 109% em setembro.

A Fast Shop afirma que, “embora os produtos tenham sofrido reajuste de 5% no preço, as vendas não foram impactadas e seguem crescendo”. A rede registrou um aumento de 15% na venda de aparelhos de ar-condicionado e ventilação nos últimos 15 dias, comparado ao mesmo período do ano anterior.

A Shopee também notou um aumento na procura dos produtos desde o final de agosto. “Nacionalmente, o termo ar-condicionado cresceu mais de 30%; umidificador teve um aumento de mais de 70% e ventilador aumentou mais de 40% em buscas.”

A consultoria NilsenIQ GfK afirma que, se as condições climáticas neste segundo semestre forem semelhantes ou mais severas do que as de 2023, é provável que haja um novo pico de vendas nas duas categorias.

Atualmente, apenas 17% dos lares brasileiros possuem ar-condicionado, sobrando espaço para o crescimento do setor.

*Com informações do site Folha de SP

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