O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou outubro em 0,09%, o menor resultado para o mês desde 1998. Em setembro, a variação havia sido 0,48%, e em outubro de 2024, 0,56%.
A queda na inflação foi puxada pelo recuo de 2,39% na energia elétrica residencial, refletindo a migração da bandeira tarifária vermelha do patamar 2 para o 1. O impacto da redução na conta de luz no IPCA foi de -0,1 ponto percentual.
Segundo o gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves, sem esse alívio, o IPCA de outubro teria ficado em 0,20%.
IPCA acumulado em 12 meses
Com o resultado, o IPCA acumulado em 12 meses caiu para 4,68%, abaixo dos 5,17% registrados em setembro, mas ainda acima da meta do governo de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual (máximo de 4,5%).
É a primeira vez em oito meses que o índice anual fica abaixo da casa de 5%.
A queda de 2,39% na conta de luz residencial se deve à redução da cobrança extra da Aneel. No patamar 2, o adicional era de R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos; no nível 1, vigente em outubro, passou para R$ 4,46.
O adicional é usado para custear usinas termelétricas, cuja energia é mais cara que a hidrelétrica.
Alimentos e bebidas
O grupo alimentação e bebidas, com maior peso no custo das famílias, apresentou estabilidade de 0,01%, a menor para outubro desde 2017 (-0,05%).
- Quedas: arroz (-2,49%), leite longa vida (-1,88%)
- Altas: batata-inglesa (8,56%), óleo de soja (4,64%)
Variação por grupos de produtos e serviços
- Alimentação e bebidas: 0,01% (0,00 p.p.)
- Habitação: -0,30% (-0,05 p.p.)
- Artigos de residência: -0,34% (-0,01 p.p.)
- Vestuário: 0,51% (0,02 p.p.)
- Transportes: 0,11% (0,02 p.p.)
- Saúde e cuidados pessoais: 0,41% (0,06 p.p.)
- Despesas pessoais: 0,45% (0,05 p.p.)
- Educação: 0,06% (0,00 p.p.)
- Comunicação: -0,16% (0,00 p.p.)
As maiores altas foram aluguel residencial (0,93%) e passagem aérea (4,48%), respondendo cada um por 0,03 p.p. do IPCA.
Acima da meta e taxa Selic
O acumulado de 12 meses do IPCA é o 13º seguido fora da meta de tolerância do governo, mantendo o Banco Central com a Selic em 15% ao ano, maior desde julho de 2006.
A Selic alta encarece o crédito, desestimula consumo e investimentos, reduzindo a procura por produtos e esfriando a inflação.
Preços de serviços e monitorados
O IBGE divide o IPCA em dois grupos:
- Serviços: influenciados pela economia e taxa Selic → 0,41% em outubro, 6,20% em 12 meses
- Preços monitorados: controlados por contratos e combustíveis → -0,16% em outubro, 4,20% em 12 meses
Projeção para 2025
Segundo o boletim Focus (10/11), a inflação oficial deve fechar 2025 em 4,55%, e a Selic deve permanecer em 15% ao ano.
O IPCA mede o custo de vida para famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, coletando preços de 377 subitens. A pesquisa é feita em 10 regiões metropolitanas e nas capitais: Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Brasília, Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.
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