No dia 19 de novembro é celebrado o Dia Mundial do Banheiro (World Toilet Day), criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para chamar atenção às carências e desigualdades relacionadas à falta de acesso ao saneamento básico. Em 2025, o tema da campanha associa-se ao conceito de paz, reforçando como o acesso a banheiros e sistemas de saneamento seguros contribui para uma vida digna e saudável.

Para bilhões de pessoas, o saneamento está ameaçado por conflitos, mudanças climáticas, desastres e negligência. No Brasil, esses fatores se somam à desigualdade social e impactam diretamente o cotidiano de milhões de famílias.

O retrato do saneamento no Brasil

Dados recentes mostram um cenário alarmante:

  • 12,2 milhões de crianças e adolescentes vivem sem acesso adequado a esgotamento sanitário (Unicef/Censo 2022);
  • 439 mil estudantes frequentam escolas sem banheiro (IAS/Censo Escolar – Inep 2023);
  • O país ainda possui 4,9 mil escolas sem banheiro (Censo Escolar 2023, Inep);
  • 90 milhões de brasileiros não têm acesso à coleta de esgoto, número superior à população da Alemanha (SNIS 2022);
  • 4,4 milhões de pessoas não possuem acesso a banheiros, com maior concentração no Nordeste (Trata Brasil 2023).

Em diversas regiões, a ausência de banheiros adequados compromete a saúde, a dignidade e o bem-estar das comunidades. Para enfrentar o problema, governos, sociedade civil e setor privado precisam atuar de forma conjunta, ouvindo as populações locais e implementando soluções adaptadas a cada território.

Iniciativas que fazem a diferença

Um exemplo de como ações locais podem transformar realidades vem do arquipélago do Marajó (PA), onde a Habitat para a Humanidade Brasil realiza o projeto Saneamento nas Escolas com apoio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Na primeira etapa, a iniciativa levará infraestrutura e educação sanitária para 33 escolas públicas de três municípios do Marajó, beneficiando mais de 1.500 alunos. Entre as ações, estão a construção de banheiros, a instalação de sistemas de tratamento de água e atividades de mobilização comunitária para estimular hábitos de higiene e cuidado ambiental.

“O acesso a banheiros seguros e a sistemas de saneamento adequados é uma questão de dignidade e saúde pública. Quando uma criança precisa estudar em uma escola sem banheiro, ela está sendo privada de direitos básicos. No arquipélago do Marajó, vimos como pequenas intervenções — como a construção de banheiros e sistemas de tratamento de esgoto — transformam realidades inteiras. É preciso garantir que o saneamento seja prioridade nas políticas públicas, especialmente para as populações mais vulneráveis,” afirma Mohema Rolim, gerente de Programas da Habitat para a Humanidade Brasil.

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