Manaus (AM) – Familiares do pequeno  Benício Xavier, de apenas que morreu após receber doses de adrenalina no Hospital Santa Júlia, realizaram neste sábado (13) uma manifestação em frente à unidade de saúde particular. O ato cobrou agilidade nas investigações e punição rigorosa aos responsáveis pela morte da criança.

Os pais, Bruno Mello de Freitas e Joyce Xavier, afirmaram que o protesto tem como objetivo manter o caso em evidência e impedir que a tragédia seja esquecida. Segundo Bruno, a repercussão da morte de Benício encorajou outras famílias a buscarem justiça, como no caso recente de Pedro Henrique, que também morreu após um procedimento considerado simples.

“A nossa manifestação aqui na frente do Santa Júlia é em prol da justiça. A gente quer que o fogo não apague, que o nosso grito nunca se cale em nome do Benício”, declarou o pai.

A mãe, Joyce, relembrou a dor da perda e destacou a gravidade do que ocorreu.

“O que aconteceu com o nosso filho foi muito grave. Ele chegou ao hospital com uma simples tosse e saiu morto. Ele sofreu naquela maca. É uma dor inimaginável”, afirmou.

A família disse estar chocada com a sequência de falhas que vieram à tona durante a investigação. Joyce ressaltou que a tragédia não foi causada apenas por um erro isolado, mas por uma sucessão de equívocos que poderiam ter sido evitados pela equipe médica.

O casal afirmou confiar no trabalho da Polícia Civil e na Justiça do Amazonas, destacando como um avanço a recente decisão que revogou o habeas corpus concedido à médica investigada.

“A gente não quer vingança. Queremos justiça. O que aconteceu com o nosso filho não pode acontecer com nenhuma outra criança”, disse Bruno.

Segundo os pais, o legado de Benício deve servir como alerta à sociedade, incentivando famílias a questionarem procedimentos médicos e reforçando a responsabilidade dos profissionais de saúde ao lidarem com vidas, especialmente infantis.

Investigação aponta excesso de adrenalina

Benício morreu no dia 23 de novembro, após receber doses de adrenalina no Hospital Santa Júlia. A médica Juliana Brasil Santos, responsável pela prescrição, admitiu o erro em documento enviado à polícia e em conversas com outro profissional, embora a defesa alegue que a confissão ocorreu “no calor do momento”. A técnica de enfermagem Raiza Bentes Paiva, que aplicou a medicação, também é investigada. Ambas respondem ao inquérito em liberdade.

Depoimentos colhidos pela polícia indicam que a criança recebeu cerca de 15 vezes mais adrenalina do que o recomendado, mesmo sem apresentar parada cardiorrespiratória. A coordenadora da UTI pediátrica, Ana Rosa Pedreira Varela, afirmou que a overdose comprometeu órgãos vitais como coração, pulmões e rins.

Outros relatos apontam ainda falta de equipamentos essenciais na UTI pediátrica, o que pode ter agravado o quadro clínico do menino.

Hospital se manifesta

Em nota, o Hospital Santa Júlia afirmou receber a manifestação com respeito e solidariedade, declarou estar consternado com a morte da criança e garantiu que colabora integralmente com as autoridades, disponibilizando prontuários, documentos e equipes para a investigação.

A Polícia Civil apura o caso como homicídio, e as investigações seguem em andamento.

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