A atriz Isis Valverde, perseguida por cerca de 20 anos por um homem que tentou invadir seu condomínio na última semana, integra uma estatística preocupante no Brasil. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025, a cada hora pelo menos 10 mulheres sofrem perseguição.

Em 2024, o crime de perseguição, conhecido como stalking, aumentou 18,2% em relação ao ano anterior, registrando 95.026 casos envolvendo mulheres. O número real pode ser maior, já que muitas vítimas não reconhecem a violência ou não denunciam.

Além disso, dados do Disque 100, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, confirmam o crescimento do crime. Em 2024, o órgão registrou 4.814 denúncias de perseguição. Entre 1º de janeiro e 15 de dezembro de 2025, já ocorreram 5.070 casos, aumento de pouco mais de 5%.

Prisão do Perseguidor

Cristiano Rodrigues Kellermann, de 43 anos, foi preso em flagrante ao tentar invadir o condomínio de Isis, na zona sudoeste do Rio de Janeiro. Ele usa cadeira de rodas e responderá pelo crime de perseguição.

A própria atriz chamou a polícia ao perceber movimentação suspeita. Cristiano chegou em um carro de aplicativo, e toda a ação foi registrada por câmeras de segurança. Esta foi a terceira tentativa dele de se aproximar da atriz; em tentativas anteriores, ele fugiu antes da chegada da polícia.

Na delegacia, Cristiano confessou monitorar a rotina de Isis e relatou várias tentativas de aproximação. Em uma delas, ele se apresentou como primo da atriz, alegando que era “a única maneira de chegar até ela”.

Em nota, Isis agradeceu o trabalho da polícia e ressaltou que sua prioridade é a segurança da família e das pessoas ao redor.

O Que é Stalking

O Código Penal brasileiro define stalking como perseguir alguém repetidamente, ameaçando sua integridade física ou psicológica, restringindo sua locomoção ou invadindo sua liberdade e privacidade. Desde 2021, a pena varia de seis meses a dois anos de prisão, além de multa. A pena aumenta se a vítima for mulher, criança, adolescente ou idoso, se houver múltiplas vítimas ou uso de arma de fogo.

Solano de Camargo, presidente da Comissão de Privacidade, Proteção de Dados e Inteligência Artificial da OAB São Paulo, explica que o stalking envolve comportamentos repetitivos e invasivos, como seguir, vigiar ou contatar a vítima insistentemente, causando medo, angústia ou prejuízo psicológico. Os casos mais comuns envolvem fãs obsessivos, ex-parceiros, colegas de trabalho, amigos ou conhecidos.

Entre os sinais de alerta, Camargo cita: ser seguido constantemente, receber ligações ou mensagens repetidas, notar a presença frequente de uma pessoa nos mesmos lugares e sentir medo ou angústia devido às ações repetitivas.

Como Denunciar

Para denunciar, a vítima deve procurar uma delegacia e registrar um boletim de ocorrência, apresentando evidências como mensagens, fotos ou vídeos. Em casos de urgência, recomenda-se ligar para o 190. Além disso, é fundamental buscar apoio psicológico e jurídico para lidar com o impacto da perseguição.

“A maioria das denúncias ocorre devido ao medo e à sensação de insegurança que essas perseguições constantes geram nas vítimas”, afirma Solano de Camargo.

(*) Com informações do SBT News

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