Brasil – A parcela de pessoas em condição de pobreza no total da população brasileira avançou de 7,6%, em 2020, para 10,8%, em 2021. Isso corresponde a 7,2 milhões de novos pobres, universo que atingiu um total de 23 milhões de pessoas no ano passado.
Pela classificação, pobres são aqueles que vivem com menos de R$ 210 per capita por mês, considerando preços do quarto trimestre de 2021. O retrato sobre a pobreza no Brasil é parte de um estudo do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV Social), divulgado na quarta-feira (15).
O levantamento também mostra um aumento dos que estão na extrema pobreza, que são os com a renda per capita mensal de até R$ 105. A fatia em relação ao total da população brasileira subiu de 4,2%, em 2020, para 5,9%, em 2021. Os números são calculados a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.
Montanha-russa da pobreza
No trabalho, os economistas Marcelo Neri, diretor do FGV Social, e Marcos Hecksher, autores do estudo, falam sobre a “montanha-russa da pobreza” nos últimos anos no Brasil, que oscila de acordo com o pagamento ou não do auxílio emergencial desde o início da pandemia.
Os pesquisadores fizeram um acompanhamento da pobreza mês a mês, que mostra que o percentual era de 13,3% em março de 2020, caiu para 3,9% em agosto daquele ano, com o pagamento pleno do auxílio, e voltou a subir para 13,2% em março de 2021, quando benefício tinha sido interrompido.
“Estas séries de pobreza anuais no Brasil escondem no período recente flutuações com amplitude 5,7 vezes ainda mais pronunciadas observadas em séries mensais, dado o aumento de 238,5% da mesma em menos de seis meses. Esse é o salto entre o menor ponto de pobreza de todos os tempos experimentado em agosto de 2020, quando a mesma atinge 3,9%, e o ápice de 13,2% durante a interrupção do auxílio emergencial em março de 2021”, aponta o texto.
Na avaliação de Neri e Hecksher, “os brasileiros mais pobres têm de fato vivido uma montanha-russa nos últimos anos”. Eles citam que a renda mensal dos 10% mais pobres, ou primeiro décimo de renda, já vinha em queda antes da chegada da Covid-19 ao Brasil e despencou a menos da metade no início do isolamento social (R$ 114 em novembro de 2019 a R$ 52 em março de 2020).
Deste mínimo atingido em março de 2020, a renda do grupo foi mais do que quadruplicada até seu pico histórico em agosto do mesmo ano (R$ 215), na fase mais generosa do Auxílio Emergencial (AE), quando superou o dobro de igual mês do ano anterior. Daquele valor de pico, desabou a pouco mais de um quarto com a suspensão do programa em janeiro de 2021 (R$ 55).
Com informações do Valor Econômico*
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