Brasília (DF) – O delegado Raphael Soares Astini, da Polícia Federal em Santos, pediu ao Supremo Tribunal Federal que suspenda liminarmente o inquérito que atinge o ex-ministro Milton Ribeiro e pastores do ‘gabinete paralelo’ no Ministério da Educação em razão de suposto abuso de autoridade do presidente da investigação, Bruno Calandrini.
Responsável por prender o aliado do presidente Jair Bolsonaro na Operação Acesso Pago, em junho, Astini contesta o fato de ser investigado, em apuração que diz ser ‘paralela, sem autorização e justa causa’, por suposta prevaricação com a não transferência de Ribeiro à Brasília.
A solicitação de Astini foi remetida à ministra Cármen Lúcia, relatora do inquérito da Operação Acesso Pago, no bojo de um habeas corpus. No mérito, o delegado quer o trancamento e arquivamento apurações que atingem ele e outros policiais, alegando que Calandrini ‘pode estar usando’ o inquérito ‘como forma de vingança pessoal’. Segundo ele, as investigações que atingem ele e os colegas ‘não compreendem o objeto inicial estipulado’ pelo Ministério Público Federal e pela supervisora do caso.
“Considerando o evidente constrangimento ilegal imposto ao paciente, consistente em se submeter a inquérito policial (onde será indiciado) que tramita de forma irregular, sem autorização da Ministra Supervisora, e com instrução ilegal, isto produção de peças apartadas e com objeto totalmente diferente das razões que motivaram a instauração, representando evidente investigação paralela a constranger outros policiais federais em clara ameaça a seu direito de ir e vir, deduz-se o presente writ”,
resume o delegado.
O HC marca mais um episódio da tensão que assola a Polícia Federal após a fase ostensiva das investigações atingirem de maneira contundente um aliado do presidente Jair Bolsonaro. Depois de a operação ser deflagrada, Calandrini denunciou suposta ‘interferência’ nas diligências, o que levou a Polícia Federal a abrir uma apuração sobre o que chamou de ‘boato’. A crise escalou com um pedido de Calandrini pela prisão da cúpula da PF. Após a solicitação, voltou a circular internamente um relatório da corporação que atribuiu a ele ‘inexperiência ou incúria’ no planejamento operacional da ofensiva.
*Com informações da Istoé
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