Aproximadamente 300 mil crianças foram infectadas pelo HIV em 2020 – ou uma criança a cada dois minutos – e outras 120 mil crianças morreram de causas relacionadas à aids durante o mesmo período – ou uma criança a cada cinco minutos. Os dados são do Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância (Unicef, sigla em inglês).
Os dados foram divulgados durante a pandemia da Covid-19 para mostrar como aumentaram as desigualdades que resultam na epidemia de HIV, colocando crianças, adolescentes, gestantes e lactantes vulneráveis em maior risco de não ter acesso a serviços de prevenção e tratamento do HIV.
O Amazonas está entre os que mais registram nascimento de crianças com HIV no Brasil. Os dados são do Boletim Epidemiológico de 2015 e destacam que o Brasil tem uma taxa de 2,8 casos de aids em crianças de até 5 anos a cada 100 mil habitantes. O Rio Grande do Sul e o Amazonas apresentam as maiores taxas nesta população, 7,2 e 7,1 casos para cada 100 mil habitantes, respectivamente.
Casa Vhida
Apoiar, cuidar e garantir a qualidade de vida de crianças vivendo e convivendo no Amazonas com HIV/aids: foram esses os objetivos que incentivaram os profissionais de saúde da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) a fundarem a Associação de Apoio à Criança com HIV – Casa Vhida, que coleciona 22 anos de existência atendendo crianças e adolescentes em risco social portadores do HIV.
A única que auxilia crianças com HIV no Amazonas, atualmente, a Casa Vhida atende 1900 menores até 17 anos na capital e no interior, proporcionando apoio social e psicológico, sejam eles sintomáticos ou não, abandonados ou não. A Associação foi fundada em 1999 a partir de uma iniciativa de um grupo de profissionais envolvidos nos atendimentos de crianças portadoras do HIV no Instituto de Medicina Tropical do Amazonas.
Inicialmente, a Casa Vhida funcionou em um sobrado doado pela prefeitura e, em julho de 2004, inaugurou sua sede própria, especialmente construída para atender a estes menores. A Associação fica localizada na Rua Pedro Álvares Cabral, bairro Dom Pedro, Zona Centro-Oeste de Manaus. De acordo com a coordenadora Herica Amorim, o projeto busca proporcionar convivência social e melhoria do bem-estar aos grupos envolvidos, oferecendo atividades de educação, capacitação, lazer e saúde em ambiente adequado
“Realizamos atendimento multidisciplinar, temos uma equipe de professionais como nutricionista, enfermeira, psicóloga, assistente social, pedagogas para o desenvolvimento de atividades em prol dos beneficiários. A Casa Vhida surgiu a partir da demanda de crianças chegando para o atendimento médico na Fundação de Medicina Tropical, que necessitavam além do atendimento como também do apoio em outras necessidades, como fraldas, cesta básica, e principalmente de apoio afetivo”,
explicou.
Programação do Dia das Crianças
Em alusão ao Dia das Crianças, celebrado no próxima quarta-feira (12), a Casa Vhida, no dia 29 de outubro, oferece inúmeras atividades para fazer a alegria da criançada. As ações desenvolvidas na data buscam promover a integração com a sociedade, no qual a Casa Vhida disponibiliza a agenda para que um grupo de amigos, da empresa ou da igreja vá até o local para realizar brincadeiras e atividades com as crianças.
“Conforme disponibilidade daquele dia, nós marcamos e as pessoas vêm, trazem o lanche, fazem as brincadeiras e é assim que funciona. No decorrer do dia inteiro temos essas atividades que a gente chama também de integração com a sociedade e as crianças, até mesmo para quebrar um pouco o preconceito de que essas estão debilitadas e que elas não podem brincar ou interagir“,
destacou Amorim.
Dentre os serviços desenvolvidos pela Associação estão o suporte na medicação, a distribuição de leite para os pequenos e de cestas básicas. A ONG também oferece às pessoas que vivem e convivem com HIV/aids cursos profissionalizantes como aulas de confeitaria, culinária, corte e costura, secretariado e informática.
“A gente desenvolve junto com a equipe técnica, com psicóloga, assistente social, pedagogos e nutricionistas, todo um aparato de atividades planejadas para executar junto com eles durante o mês. Então, hoje, de atendimento direto tem esse número grande de cerca de 1900 crianças cadastradas, mas 150 famílias de bebê de um ano até dezoito anos participam com a gente aqui durante o mês e se envolvem em todas essas atividades que são ofertadas para eles. Além dessa oferta de atividades, a gente faz odontológico, distribuição de cesta básica e distribuição do leite conforme faixa etária de cada criança”, apontou.
Além disso, a Casa Vhida também visa oferecer apoio e assistência aos irmãos dessas crianças, não portadores de HIV, a fim de preservar laços familiares; oferecer acolhida e moradia, quando necessário, em caráter temporário, às crianças em questão; apresentar projetos que busquem a melhoria da qualidade de vida e o bem-estar destas crianças e destes adolescentes, respeitando e preservando os valores do ser humano; sensibilizar e agregar os diversos segmentos sociais na luta pela saúde das crianças e dos adolescentes portadores do HIV.
“Ofertamos o serviço de fortalecimento de vínculos familiares e comunitários através de diversas atividades como encontro com a família, oficinas socio – educativas, oficina de musicalização, atendimento psicológico e social, atendimento nutricional, atendimento odontológico, distribuição de leite e cesta básica. A Casa Vhida fortalece sempre esse trabalho, que é a atenção básica através de seus projetos e ações de vínculo familiar e comunitário através de visita domiciliar, rodas de conversa, atividades socioeducativas, atividades de recreação e outras”, pontuou.
Pedido de apoio
Durante a pandemia, a atividade da Casa Vhida não parou. Com muitas dificuldades, a coordenadora Herica Amorim ressalta que a pandemia da Covid-19, junto com a crise econômica brasileira, fez com que empresas que, no início, ajudavam no mantimento da Associação, parassem de prestar o apoio financeiro. Sobrevivendo de doações, a coordenadora ressalta que a situação mais difícil vivenciada pela Casa Vhida envolve a falta de recursos para o pagamento de funcionários.
“Nos reinventamos na pandemia para atender as demandas. Planejamos para que as atividades fossem online, apenas a família estaria na Casa Vhida para receber doações. Muitas empresas nos ajudaram na construção da Casa Vhida, mas com as crises financeira e com a pandemia, muitos deixaram de doar recursos financeiros. As pessoas podem ajudar doando os itens com mais necessidades, doação em dinheiro via depósito bancário ou pix, doando itens para o nosso bazar solidário (roupas, sapatos, bolsas, utensílios de casa etc.)”, disse.
Para quem desejar doar alguma quantia, pode enviar pelo pix 03.641.279/0001-80 (CNPJ) ou pelos dados da conta bancária:
Agência: 1043
Conta:3128-5
Operação: 003
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