Manaus (AM) – O Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) sabia, há mais de nove meses, que um trecho da BR-319 estava em “situação calamitosa”, com “riscos iminentes” aos motoristas e em situação de emergência. Em um intervalo menor do que duas semanas, duas pontes caíram, deixando quatro pessoas mortas, 14 feridas e cerca de 100 mil pessoas desabastecidas em municípios do Amazonas.
Mesmo sabendo dos problemas, o órgão e o Ministério da Infraestrutura não agiram. A solução encontrada pelo Dnit foi dispensar licitação e contratar uma empresa do interior do Paraná para recuperar erosões em caráter emergencial no trecho da rodovia, no Amazonas, a um custo de R$ 33,8 milhões.
Técnicos do Dnit apontaram calamidade no trecho entre os kms 13, em Careiro, e 178,5, onde se dá o “fim da pavimentação”. A PRF (Polícia Rodoviária Federal) no Amazonas confirmou que as duas pontes estão nesse intervalo.
A área técnica do Dnit no Amazonas apontou uma “situação de emergência” no trecho, “haja vista as condições em que se encontra a BR-319/AM, bem como os riscos iminentes aos quais se expõem os usuários que nela trafegam, devido à situação calamitosa de trafegabilidade no trecho mencionado”.
Uma situação emergencial foi declarada, o que foi confirmado numa portaria assinada pelo superintendente do Dnit no Amazonas, Afonso Costa Lins Júnior. A portaria é de 28 de dezembro de 2021 e foi publicada no Diário Oficial da União dois dias depois.
Queda das pontes
A queda da primeira ponte, que fez as quatro vítimas dos incidentes, aconteceu em 28 de setembro, no KM 23 da BR-319. Ainda há uma pessoa desaparecida. Em 8 de outubro, outra ponte desabou no KM 12, da mesma rodovia. Mais de 100 mil pessoas estão em situação de isolamento em razão do desabamento das duas estruturas, que são responsabilidades do governo federal.
Nas cidades onde há emergência, o isolamento continuava na terça (11). Segundo a Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), uma autorização emergencial foi concedida para uma empresa fazer o transporte de passageiros e cargas no rio Curuçá, onde desabou a primeira ponte. A mesma empresa levaria cinco dias para providenciar balsas para o rio Autaz Mirim, lugar do segundo desabamento.
*Com informações de Folha
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