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GINÁSTICA RÍTMICA

Aos 11 anos, atleta do AM supera dificuldades e se destaca na ginástica

Atualmente, a atleta concilia a prática esportiva com a rotina escolar

Foto: acervo pessoal

Manaus (AM) – Beleza, elasticidade, habilidade, graciosidade, agilidade, leveza e expressão artística são apenas algumas das qualidades necessárias para uma praticante da ginástica rítmica. Com movimentos corporais que representam uma mistura de elementos do balé e da dança teatral, a modalidade vem tomando protagonismo no Brasil, visto que o país foi coroado como um dos países na elite da modalidade, no Campeonato Mundial de Ginástica Rítmica de 2022 em Sofia, na Bulgária.

Desde os quatro anos de idade, a atleta amazonense de ginástica rítmica Ana Eloísa Monari, de 11 anos, é apaixonada pela modalidade e sonha em representar o Brasil nos campeonatos mundiais. Ela, que nasceu de forma prematura extrema com apenas 26 semanas, demorou a desenvolver o andado, mas quando começou a andar e falar, se mostrou uma criança ativa. Sempre muito inquieta, no momento em que a residência em que viviam estava em obra, a mãe Evelyn Tarcilla Takano, de 24 anos, decidiu distraí-la e a colocou em frente a TV e, no único canal que a deixou quieta, estava passando o Mundial de Ginástica Rítmica

“Na hora ficou olhando pra TV e a deixei assistindo. Continuamos os trabalhos em casa e ela chegou comigo e disse ‘Mãe eu quero fazer isso’, perguntei o porquê e ela disse que queria trazer medalha para o Brasil. Ela pediu uma fita e fiz com o que tinha em casa, ela escolheu uma música e saiu pela casa tentando imitar o que ela tinha assistido. Achávamos que era uma brincadeira de criança, uma coisa momentânea. Com cinco anos ela chegou comigo e disse: ‘mãe, e a ginástica? Eu vou fazer’ e foi quando eu e meu esposo fomos atrás de saber se tinha em Manaus e se existia possibilidade da prática”, explicou.

Depois de algum tempo de procura, os pais ficaram sabendo de um projeto que promove a iniciação esportiva e formação de atletas por meio de uma escolinha esportiva na Vila Olímpica de Manaus, localizada na Avenida Pedro Teixeira, bairro Dom Pedro, na Zona Centro-Oeste de Manaus. No entanto, os sonhos da jovem precisaram ser prolongados, visto que não haviam vagas para que a inscrição no local fosse feita. Por volta dos sete anos, ela conseguiu realizar a meta e, em pouco tempo, se tornou destaque.                              

Foto: acervo pessoal

“Ela sempre perguntava: ‘Mãe, eu vou fazer ginástica? Eu quero muito fazer ginástica’. Aí tive a certeza de que não é uma brincadeira de criança. Foi muito interessante porque ela estava com seis anos e meio, mais ou menos, e em fevereiro abriram vagas e a gente conseguiu fazer a inscrição dela com o dinheiro ‘contadinho’, mas Deus abençoou. Fizemos nas duas modalidades: ginástica rítmica e artística. Passado um mês e meio, mais ou menos, viram o talento dela porque ela sempre foi muito flexível, ela sempre teve o corpo pequeno. Uma das técnicas viu e disse que ela poderia treinar ginástica rítmica”, destacou.

Nesse período, a atleta Ana Eloísa Monari foi convidada para compor uma equipe de ginástica rítmica na capital amazonense. Praticante assídua da modalidade desde os sete anos de idade, durante um período a atleta conciliava a rotina entre a prática na equipe e na Vila Olímpica de Manaus. No entanto, após um tempo a rotina cansou, mas o desejo pela prática só aumenta. Atualmente, a atleta concilia a prática esportiva apenas com a rotina escolar.

Em busca de mais oportunidades no esporte e para driblar alguns problemas financeiros enfrentados, a família resolveu se mudar para Brasília (DF). A jovem estava prestes a ter que deixar a ginástica de lado por conta de motivos financeiros e o anúncio foi feito também pelas redes sociais da atleta, até que chegou o convite para integrar a escola de esportes Fit Ritmo Sports, localizada no bairro Asa Norte, em Brasília. A atleta também recebeu convite para ir ao Paraná e para o Nordeste.

Foto: acervo pessoal

“A gente não tinha como ter toda essa despesa e ela não tinha patrocínio. Conseguíamos seguir com a ajuda dos familiares e amigos. Colocamos no Instagram que ela ia sair e ela recebeu a proposta de vários lugares para treinar. Um dos lugares foi o Distrito Federal e, com isso, pesquisamos valores de alimentação, moradia e transporte. Outros lugares também a chamaram e colocamos ela para fazer aulas online, pois foi na época da pandemia. Ela até me disse que se sente mais à vontade onde está agora”, comentou.

Evelyn Tarcilla Takano ressalta ainda a importância do apoio Governo do Amazonas, que vem aparecendo com mais frequência, aos atletas da modalidade que permanecem praticando no Estado. A mãe da atleta destacou ainda o apoio da técnica Lu Caroba, tanto no desempenho e também no apoio para que a atleta conseguisse se manter no esporte.

“Aqui no Distrito Federal a gente contou com o apoio principalmente do clube. A técnica dela ajuda muito em termos de transporte. Aqui tem a questão do passe livre e ela tem direito ao passe livre, ela não paga essa passagem para ir aos treinos, então facilita nossa vida. Aqui tem o apoio do Compete Brasília que muitas vezes consegue as passagens, eles conseguiram as passagens para ela ir ao Campeonato Brasileiro de Ginástica Rítmica. Ela foi com a técnica dela com o apoio do Compete Brasília e facilitou também porque foi uma despesa a menos que a gente teve que arcar. Nós arcamos apenas com hospedagem, alimentação e transporte no local de competição”, relatou.

Dentre as conquistas da atleta, estão a aquisição do título de vice-campeã no torneio Regional Norte, em Manaus, além da participação de alguns torneios on-line e presenciais, no qual já medalhou em primeiro e segundo lugar. A jovem já teve a oportunidade de participar do Campeonato Brasileiro de Ginástica Rítmica, no qual passou por pouco tempo de preparo, mas alcançou o quinto lugar em meio a 60 meninas. Com inúmeras conquistas, a atleta já se prepara para o próximo ano.

Foto: acervo pessoal

“Para quem estava treinando há dois meses foi maravilhoso. As meninas que competem se preparam o ano inteiro. Foi uma vitória e a gente começou a trabalhar para o Campeonato Brasileiro do ano que vem. Estamos buscando uma ajuda para conseguir levar ela para o Campeonato Brasileiro de Conjuntos ainda nesse ano. Para esse, ela vai com uma com dupla de corda. Assim se encerra o ano de competição”, comentou.

De acordo com a treinadora da atleta, as características mais surpreendentes na menina são voltadas ao foco e à determinação. A profissional relatou que a aprendiz chegou nas suas mãos “crua”, mas logo obteve uma rápida evolução.

“Em seis meses, ela teve uma evolução incrível. Ela é muito determinada e tenta suprir de várias formas o que faltou lá atrás na base. Apesar de estarmos no início do trabalho ela já mostra muitas mudanças. A falta de competições durante a pandemia atrapalhou um pouco, mas a atleta é muito determinada e corre muito rápido para que todas essas frestas sejam preenchidas”, pontuou.

Venda de collants

A partir de 2018, a mãe de Ana Eloísa descobriu o seu lado costureira e passou a trabalhar com a confecção de collants para as ginastas com a ajuda de uma amiga da área, que a ensinou os primeiros passos da costura. Atualmente se mantendo com o trabalho, montou a própria empresa que trabalha diretamente com a confecção das roupas.

“Nem sempre a gente consegue venda, mas até agora, graças a Deus, conseguimos nos manter esses meses aqui Brasília com a venda dos collants. Tem procura e público para desenvolver o nosso trabalho e aos poucos estamos crescendo e ganhando visibilidade. Tivemos alguns problemas de logística, mas nada que faça a gente desistir do nosso do nosso objetivo, que criar, costurar e customizar collants para que muitas ginastas possam brilhar no tablado”, contou.

Com o sucesso nas vendas, explicou ainda que a empresa pretende expandir o leque de trabalho para trabalhar com a customização e confecção de outras peças de roupas, tênis e bolsas.

Evelyn, que começou no ramo da confecção por influência da filha, não poupa palavras ao falar sobre a persistência dela em praticar o esporte. Mesmo com a pandemia e a mãe internada em estado grave após ser diagnosticada com Covid-19, Eloísa seguiu firme nos treinos, clínicas e buscava aulas pela internet para não parar.

“Eu fiquei muito doente e eu passei dois meses internada no hospital e, como a gente não tem familiar aqui, ela passou dois meses na casa da técnica porque não tinha como faltar aos treinos e ela tinha que focar nessa competição agora no final de ano de novembro. Faça chuva, faça sol, seja de metrô, ônibus ou a pé, ela levanta, se arruma, arruma a mochilinha dela e parte em busca do sonho dela que é ser ginasta, é chegar na Seleção Brasileira de Ginástica Rítmica, trazer medalha para o Brasil e representar o país em mundiais. Ela sempre fala muito sobre e luta muito por isso”, finalizou.

Edição Web: Bruna Oliveira

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