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Preservação da Amazônia

Amazônia atrai olhares internacionais e especialista aponta riscos em conflitos de nações

É certo que os problemas ambientais ficam em segundo plano quando comparados aos problemas sociais, no entanto, o meio ambiente é tão importante quanto

Foto: Jungle Raps

Manaus (AM) – Em alusão ao Dia Internacional para a Prevenção da Exploração do Meio Ambiente em Tempos de Guerra e Conflito Armado, celebrado em 6 de novembro, a sociedade debate sobre os danos que o meio ambiente sofre devido aos conflitos por disputa de território. Poluição d’água, poluição do ar, solos de florestas contaminados e atentado contra fauna e flora são exemplos do conflitos podem fazer com o meio ambiente.

Diante disso, ambientalistas alertam para a proteção da Amazônia e sua importância diante das mudanças climáticas, e afirmam que o interesse mundial por ela não ameaça a soberania do país. Há, na verdade, uma onda de preocupação para a preservação das riquezas naturais de um dos lugares mais importantes do planeta.

No Brasil, desde às eleições presidenciáveis de 2018, o país vem enfrentando desafios e duras críticas da Organização das Nações Unidas (ONU) e de líderes mundiais em relação à preservação do meio ambiente, especificamente sobre a Amazônia. Durante o mandato do atual presidente, Jair Messias Bolsonaro (PL), o desmatamento na Amazônia brasileira tem se expandido cada vez mais, acompanhado do garimpo ilegal, grilagem e narcotráfico.

Para falar sobre um assunto tão importante, é importante ressaltar que a responsabilidade de preservação deste bem precioso é de todos, e deve começar pelas autoridades competentes, que são os representantes do país. Concatenado a isso, a sociedade pode agir com estratégias para prevenção e preservação do meio ambiente.

Cobiça pela Amazônia

Não é à toa que a Amazônia brasileira é cobiçada internacionalmente. Ela é rica em vários conceitos, como flora, fauna, rios e por seu povo (indígenas e ribeirinhos). O ambientalista Carlos Durigan adverte que, por ser uma grande região natural tropical, abrangendo seu território em 9 países, a Amazônia é essencial na luta contra o cenário de mudanças climáticas, como o aquecimento global.

Sua importância é reconhecida mundialmente por ser uma região que ainda possui grandes extensões de ambientes naturais florestais, íntegros e conservados, além de possuir uma importante porção da biodiversidade do planeta e ainda abrigar centenas de culturas humanas indígenas e não-indígenas. Esta importância ganhou ainda maior destaque nas últimas décadas e mais recentemente por estarmos vivendo um cenário de emergência climática global, e sabemos atualmente que as florestas desempenham um papel importante como aliadas na luta contra o aquecimento global”,

ressalta o ambientalista.

É nessa perspectiva que a ONU busca de todas as formas salvaguardar a Amazônia, sendo que, a destruição desta ultrapassa territórios nacionais, deixando consequências às futuras gerações. As comunidades que dependem de seus recursos naturais (ribeirinhos e indígenas) carregam danos ambientais diretos e indiretos, como doenças derivadas da poluição dos rios, subsistência e segurança.

É certo que os problemas ambientais ficam em segundo plano quando comparados aos problemas sociais, no entanto, o meio ambiente é tão importante quanto. Como exemplo, temos a Guerra do Vetnã, onde um herbicida tóxico foi criado e jogado no meio ambiente provocando desmatamento maciço e contaminação química.

Durigan acrescenta que, devido ao cenário em que vivemos, de mudanças profundas que afetam a saúde do planeta e a todos nós, acordos globais têm sido traçados desde os anos 1970 e estes têm evoluído para a destinação de recursos e mecanismos financeiros que buscam apoiar políticas voltadas à construção de modelos sustentáveis e redução dos impactos causados por nosso modo de vida.

Daí a existência de grandes acordos globais como é o caso da Convenção do Clima (COP), cujo encontro anual acontece estes dias no Egito. Na edição deste ano, a COP27 convidou uma jovem indígena ativista ambiental, de 18 anos, para se reunir com outras centenas de ativistas para debater o tema.

O ambientalista lembra também que a cobiça por nossas florestas não é recente, pois esse interesse por recursos naturais na região existe desde a chegada dos primeiros europeus no continente, que inauguraram as primeiras cadeias comerciais e busca por commodities diversas. Isso gerou, além de destruição ambiental que experimentamos em um crescente até os dias atuais, genocídio e perseguição aos povos indígenas da região.

“Tristemente nosso país foi construído sobre muito sofrimento, destruição e injustiças. Atualmente ainda persistem interesses econômicos predatórios sobre a região, pois mais que alguns avanços tenham ocorrido nas últimas décadas. Estes interesses seguem causando grande destruição e exploração ilegal e degradante de recursos naturais”, afirma Carlos Durigan.

afirma Carlos Durigan.

Narcotráfico ainda é um problema em evidência

De acordo com o Relatório Nacional de Segurança Pública, divulgado em junho deste ano, o narcotráfico continua sendo um dos problemas maiores da Amazônia. Por meio desse crime, a floresta é derrubada, terras são invadidas e populações indígenas e não-indígenas são mortas, justamente pela cobiça de território. Vale lembrar dos assassinatos de ambientalistas, indigenistas e jornalistas que ocorrem há muito tempo – caso Dom e Bruno.

Pelo narcotráfico é possível a entrada de armas de fogo no estado, fortalecendo a violência e deixando a população à mercê dos traficantes e suas leis criminosas. Carlos Durigan comenta sobre o problema e pondera que o estado e o país precisam de políticas públicas mais sérias para combatê-lo.

“Infelizmente testemunhamos nos últimos anos um grande aumento da criminalidade na região. Daí precisarmos de ações de construção de políticas públicas socioambientais sérias e que tenham o poder de engajar toda a sociedade regional, ações que busquem tanto combater os crimes, quanto para gerar uma agenda positiva de políticas públicas estruturantes que gerem oportunidades reais de melhoria de qualidade de vida e geração de renda em bases sustentáveis”,

garante Durigan.

Desmatamento e queimadas

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) revelou nesta sexta-feira (11) que o desmatamento de outubro é o maior da história já registrado desde 2015, quando foi criado o sistema de detecção de desmatamento em tempo real. Conforme o INPE, a área é referente a 900 quilômetros quadrados.

Segundo o especialista, infelizmente, nos últimos 4 anos temos testemunhado um aumento expressivo do desmatamento e das queimadas na região. Mais de 20% de toda a região já foi desmatada, além de grandes extensões de rios contaminados.

“O Brasil precisa mais do que nunca frear o desmatamento e ao mesmo tempo buscarmos construir uma agenda produtiva incentivando atividades que não degradem nosso patrimônio natural. A Amazônia tem papel fundamental para a manutenção do clima, da nossa biodiversidade e de nossas culturas humanas regionais, se a perdermos, perderemos também nossa alma amazônida e a oportunidade de construirmos um futuro mais positivo para o planeta”,

apela Durigan.

Desde 1930 as queimadas fazem parte do plano político para povoamento, desenvolvimento econômico da agricultura e agropecuária do país. Mas, recentemente, essas ações têm se somado ao desmatamento e contribuído para o surgimento de doenças respiratórias, mudanças climáticas como o aquecimento global e descontrole da floresta na produção de oxigênio.

Especialistas afirmam que o desmatamento é grave e a floresta precisaria de 20 anos para ser reflorestada novamente, se nas áreas devastadas fossem realmente plantadas novas mudas.

Para o combate ao desmatamento e degradação das florestas na Amazônia, o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) afirmou ao Em Tempo, no mês de agosto, que fiscaliza crimes ambientais, incluindo desmatamento, por meio de ações de campo e monitoramento remoto. As fiscalizaçõessão geradas a partir do Centro de Monitoramento Ambiental e Áreas Protegidas (CMAAP) do órgão.

Em 3 de novembro, o governador reeleito do Amazonas, Wilson Lima, afirmou que uma de suas metas para o mandato é a concessão florestal, onde conta com uma área de 32 milhões de hectares para o manejo florestal e outros produtos naturais que se possa usufruir do turismo para gerar economia ao estado. Wilson refuta a afirmação de que a Amazônia está com grandes áreas desmatadas.

“A gente vê discurso mundo à fora, de gente que dizendo que protege a Amazônia sem nunca ter pisado aqui. E o que fazem com a Amazônia é uma covardia, quando colocam uma manchete internacional dizendo que a Amazônia está em chamas. Isso é uma covardia. Toda ajuda financeira é bem-vinda, mas esses tantos bilhões de reais que afirmam investir na Amazônia é conversa para construir narrativa. Quem quer ajudar a Amazônia vem para cá e ajuda, como foi o caso do Banco Mundial, como fez o banco da Alemanha. Eu defendo a proteção dos recursos naturais, mas acima de tudo, eu defendo a proteção de nosso povo”,

completa Wilson Lima.

A Amazônia precisa de proteção hoje

A ativista indígena Ariene Susui afirma que quando há desmatamento maciço, há perda de rios, florestas, pessoas morrem infectadas pela contaminação de mercúrio usado no garimpo e jogado nos rios, derivando doenças infecciosas e até mentais, como a Doença de Alzheimer. Além disso, milhares de espécies de animais são perdidos.

“Não estamos falando só de florestas, estamos falando de vidas. E isso precisa ser colocado em pauta. Então, a gente tem que pensar no que está sendo feito pelos governos para proteger a Amazônia e dos povos que vivem aqui”,

afirma Susui.

Ariene também afirma que se os órgãos públicos estiverem enfraquecidos (Funai e Ibama), as fiscalizações ambientais consequentemente também estarão enfraquecidas. “O nosso governo precisa de ações concretas de combate ao narcotráfico, de combate ao garimpo ilegal e às invasões aos territórios indígenas. E esse combate só vai acontecer quando houver o fortalecimento dos órgãos de fiscalizações”, destaca a ativista indígena.

“A população brasileira precisa estar atenta para um despertar da importância da Amazônia, porque nós não teremos uma outra Amazônia. Nós só temos uma. E a gente precisa se preocupar com as pessoas que estão nelas, porque são elas que farão a diferença. Não adianta a gente falar para o mundo da importância, se a própria sociedade brasileira não está preocupada com isso”,

assegura Ariene Susui.

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