Manaus (AM) – O mês de junho chegou e, com ele, as deliciosas comidas e as tradicionais músicas juninas, que têm um papel fundamental nas festas típicas que ocorrem neste período. No Brasil, as festividades chegaram com a colonização do território pelos portugueses entre os séculos XVI e XIX. Tradicionalmente chamadas de ‘joaninas’, devido ao dia de São João Batista, a festa de São João é comemorada neste sábado, 24 de junho.
O pesquisador e historiador Daniel Salles, contou ao Em Tempo, a origem das variações de ritmos que aquecem os corações e são tão populares.
“A quadrilha junina que nós conhecemos tem origem nos bailes franceses chamada de “quadrille”, no século XVIII, que por sua vez veio de uma dança inglesa onde é chamada de “campesine” e chegou ao Brasil por meio dos portugueses durante a colonização”, explicou
Além da quadrilha, a dança de fitas, o vanerão, que é presente no sul do país como uma dança de origem alemã, e a ciranda também são danças tradicionais . No Norte do país há diversas danças, nem todas conhecidas pelo grande público, dentre as quais podem ser relembradas a desfeiteira, marambiré, lundu marajoara, marujada, carimbó, retumbão, jacundá e o cangaço.
A maioria dessas danças tem origens africanas mescladas com ritmos indígenas e europeus, sem perder a essência do país de origem. A professora e produtora de dança, Jessica Moça, que há cinco anos trabalha como coreografa e ensaísta no mundo junino e que este ano tem o objetivo de trazer o primeiro lugar a suas quadrilhas em Manaus e no interior.
“Eu sou uma eterna apaixonada pelo mundo junino, sempre me identifiquei muito com as danças folclóricas em especial as quadrilhas juninas. Por isso, em 2018 surgiu a ideia de levar a técnica do ballet, jazz, contemporâneo mesclando com a vivência de dança de cada quadrilha elevando assim o nível das quadrilhas no Amazonas, em 2019 e 2020 conseguimos levar nossas alunas do primeiro ao terceiro lugar no concurso da Liga Independente dos Grupos Folclóricos de Manaus (Ligfm). A meta esse ano e não baixar o nível e trazer o primeiro lugar para as quadrilhas que estou trabalhando em Manaus e no interior”, afirmou.
Os principais gêneros musicais presentes nas festas juninas são o forró, o baião, o xote e o arrasta-pé. Essas músicas são marcadas pelo uso de instrumentos típicos, como a sanfona, o triângulo, a zabumba e a viola caipira. Os ritmos animados e as letras que abordam temas do cotidiano rural como amor, festa, namoro e casamento, tornam essas canções cativantes e envolventes.
A cantora de ‘Rastapé’, Lucélia Souza, já completa 35 anos de carreira, cantando em muitos eventos neste período do ano e conta que é uma das suas épocas favoritas do ano por também ser o mês de seu aniversário.
“Nesta época do ano, a agenda fica sempre cheia. Nós fazemos uma preparação e vamos acrescentando músicas especiais ao nosso repertório e ensaiando sempre para deixa-lo mais dançante e agradar ao nosso público”, declarou.
O xote é outro gênero musical conhecido como afmoso ‘dois pra cá, dois pra lá’, de origem estritamente europeia, vindo principalmente da Alemanha, uma mistura de passos de valsa vienense e de polca tcheca. O ritmo era feito com a coronha dos rifles batendo ao chão, e sem o uso de instrumentos musicais.
Já o xaxado foi criado dentro do cangaço nordestino, por conta do som das sandálias alpercatas de couro arrastando no chão quando os pares dançam. O xaxado possui movimentos laterais, com os pés se arrastando e o corpo colado, décadas após o fim dos cangaceiros houve a participação das mulheres.
A professora de dança Cilícia Santos declarou que durante este período, os ritmos como o Piseiro e o Forró, junto com as tradicionais músicas juninas, ficam muito populares entre os amazonenses. Cilícia faz parte do projeto ‘Saúde em dia’, feito em alguns pontos da cidade, onde são oferecidos ‘aulões’ de dança para o público aberto nesse período.
“Nesse período de festa junina, é mais solicitado músicas como Piseiro e Forró, juntamente com as músicas juninas. Tirando o período de Carnaval esses são os meses que eles ficam mais animados nas aulas”, afirmou.
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