O MapBiomas divulgou nesta quarta-feira (21) um levantamento inédito sobre o carbono estocado no solo brasileiro, um dos maiores indicadores da saúde desse recurso natural. O estudo, que reforça a necessidade de preservação da cobertura vegetal nativa, aponta que quase dois terços (63%) deste carbono está em solos sob cobertura nativa estável, em um estoque de 23,4 gigatoneladas de carbono orgânico do solo (COS).
O mapeamento sinaliza ainda que apenas 3,7 Gt COS das 37 existentes hoje estão estocadas em solos de áreas que foram convertidas para uso antrópico desde 1985. Mais da metade do total estocado em solo brasileiro (quase 20 Gt COS) fica na Amazônia. Mas, quando analisamos o estoque médio de COS por hectare, a Mata Atlântica e o Pampa se destacam com os maiores valores: média de 50 t/ha e 49 t/ha, respectivamente. Na Amazônia, este valor é de 48 t/ha.
Os números foram obtidos a partir da análise da dinâmica do estoque de COS de 1985 a 2021 em diferentes coberturas e usos da terra e revelam os estoques de COS nos primeiros 30 cm de solo. Para o mapeamento, foram processados dados de 9.650 amostras coletadas no campo por iniciativas de órgãos públicos desde a década de 1950. “Essa iniciativa visa desvendar a evolução dos recursos do solo ao longo do tempo e do espaço, adotando uma abordagem científica aberta e colaborativa”, disse em comunicado a professora Taciara Zborowski Horst, uma das coordenadoras do mapeamento. “Ainda é uma versão beta, sujeita a muitos aprimoramentos, mas é um avanço importante no mapeamento digital de solos e oferece subsídios valiosos para a conservação e uso sustentável do solo no Brasil”.
Este mapeamento com longa série histórica, inédito no mundo, aponta um caminho para aprimorar o entendimento da dinâmica de captura e emissão de carbono no solo, o que é fundamental para o monitoramento do impacto da implementação das práticas de agricultura de baixo carbono no Brasil.
O solo é um dos quatro grandes reservatórios de carbono do planeta, junto da atmosfera, dos oceanos e das plantas. No entanto, quando está em estado de degradação, o solo pode liberar este elemento químico para a atmosfera na forma de gás carbônico e metano, agravando as mudanças climáticas.
Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), um terço dos solos do mundo está degradado de forma moderada ou alta, e a erosão do solo, que arrasta entre 20 e 37 bilhões de toneladas da camada superior do recurso anualmente, reduz a capacidade do solo de armazenar e reciclar carbono, nutrientes e água.
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