Ataques racistas Polícia poderá interromper jogos e esvaziar estádios para combater racismo na Espanha O Ministério do Interior do país determinou que as forças de segurança vão poder interromper partidas em casos de racismo e xenofobia Em Tempo* - 03/07/2023 às 13:5303/07/2023 às 13:53 Vinícius Junior, do Real Madrid, reage após ouvir gritos de racismo da torcida do Valencia em jogo no estádio Mestalla Foto: JOSE JORDAN/AFP Espanha – A repercussão dos insultos racistas a Vinícius Júnior na partida entre Valencia e Real Madrid, no dia 21 de maio, resultaram em uma mudança importante no combate à discriminação na Espanha. O Ministério do Interior do país determinou que as forças de segurança vão poder interromper partidas e até mesmo esvaziar um estádio quando houver casos de racismo e xenofobia. As informações são do site Correio24horas. A polícia poderá orientar o árbitro “a não iniciar, a paralisar ou a suspender um jogo”, de forma temporária ou definitiva, quando o caso de discriminação for considerado “grave”. O esvaziamento do local pode ocorrer se as forças de segurança interpretarem a situação como sendo um “caso urgente de segurança pública ou de risco grave”. Até o fim da última temporada, somente a arbitragem tinha o poder de interromper uma partida. A nova instrução será enviada nos próximos dias à Polícia Nacional, à Guarda Civil e ao governo espanhol. Se paralisações provisórias não findarem o episódio de discriminação, a polícia poderá sugerir a expulsão dos torcedores para o jogo prosseguir ou uma suspensão definitiva da partida. As medidas devem ser implementadas de maneira gradual e em comum acordo com os árbitros, mas uma decisão unilateral das forças de segurança está prevista caso “as chamadas para restaurar a ordem tenham sido esgotadas e quando não houver possibilidade imediata de tal restauração.” Ataques racistas Vini Jr. foi chamado de “mono” (“macaco”, em Espanhol) pela torcida do Valencia, em partida válida pelo Campeonato Espanhol. O brasileiro reclamou com o árbitro Ricardo de Burgos Bengoechea e o jogo foi paralisado por nove minutos. O confronto seguiu com o brasileiro revoltado e desestabilizado pelos rivais em campo. Vinicius se encara con aficionados por, según parece, haberle dicho “mono”. El Valencia CF NO es esto, por muy provocador que sea, esto NO debe tolerarse pic.twitter.com/VsCErEnrwE— SG_94 (@Ivan_Miron_SF) May 21, 2023 Na reta final da partida, Vini se desentendeu com o goleiro Giorgi Mamardashvili e acabou expulso por acertar a mão no rosto do atacante Hugo Duro, mesmo tendo levado um mata-leão do jogador adversário, que não foi focado pelo VAR. Ao deixar o gramado, o atacante fez um “dois” com os dedos, em referência à luta do time contra a queda para a Série B. O incidente teve repercussão mundial após Vini Jr. criticar a LaLiga (organizadora do Campeonato Espanhol) pela falta de ações no combate ao racismo. O episódio gerou revolta no Real Madrid, cujo técnico Carlo Ancelotti dedicou sua entrevista inteira para falar sobre o caso. A polêmica aumentou quando o presidente da LaLiga, Javier Tebas, criticou Vinícius por ter reclamado da postura da entidade diante dos casos de racismo. Vini Jr. é sistematicamente perseguido por jogadores e torcedores rivais há pelo menos duas temporadas. O atacante alertou para a imagem que a Espanha passa para o exterior ao permitir que tais ataques aconteçam na maior competição esportiva do país. Após o caso, o Valencia foi multado e teve parte do seu estádio fechado. Três jovens foram detidos por insultarem o jogador e atualmente respondem por crime de ódio. A temporada começa em agosto. Leia mais: Amigo de Vini Jr. denuncia caso de racismo em estádio de partida Brasil x Guiné Espanha prende 7 pessoas após ataques racistas contra Vinícius Jr. Em derrota do Real Madrid, Vini Jr sofre racismo novamente Entre na nossa comunidade no Whatsapp!