A greve convocada na quinta-feira (13) pelo Sindicato de Atores de Hollywood (SAG-AFTRA), que representa cerca de 160.000 profissionais de cinema e televisão, e que somou a uma greve de roteiristas que persiste desde maio, já vem provocando impacto na indústria e afetando produções.
A última vez que os dois sindicatos estiveram em greve simultaneamente foi em 1960, quando o ator – e futuro presidente dos Estados Unidos – Ronald Reagan liderou os protestos.
O sindicato de atores quer que os gigantes do streaming concordem com uma divisão mais justa dos lucros – especialmente de valores advindos do streaming – e melhores condições de trabalho, além de regras para o uso de conteúdo gerado por inteligência artificial.
Além dos salários quando trabalham, os atores recebem royalties ou residuais toda vez que uma produção em que estrelam é exibida na televisão. No entanto, serviços de streaming como Netflix e Disney+ não divulgam números de audiência e pagam aos atores a mesma taxa fixa, independentemente da audiência.
Ao convocar a greve presidente do SAG-AFTRA, a atriz Fran Drescher – famosa pelo seriado The Nanny, dos anos 1990 -, lembrou que na última década a remuneração dos atores foi “severamente desgastada pela ascensão do ecossistema de streaming” e o desenvolvimento da Inteligência Artificial passou a representar “uma ameaça existencial para as profissões criativas”.
Produções afetas
Os programas de TV que já foram afetados pela greve dos roteiristas incluem Andor, Stranger Things, The Last of Us, Yellowjackets, The Handmaid’s Tale, Blade Runner 2099 e The Mandalorian. bem como programas como Saturday Night Live e The Tonight Show Starring Jimmy Fallon.
Com a greve dos atores, mais de 20 séries e filmes anunciaram nas últimas horas que estão interrompendo sua fase de produção e que suas filmagens, no melhor dos casos, precisarão ser adaptadas às circunstâncias.
Projetos de cinema e TV que já concluíram suas filmagens e agora estão em pós-produção não são afetados diretamente, mas outras produções já adiaram suas datas de lançamento, incluindo a sequência de Homem-Aranha: Sem Volta a Casa e o remake de Blade, da Disney, cujos roteiros não foram concluídos antes da greve dos roteiristas.
O filme da Marvel Capitão América: Admirável Mundo Novo supostamente encerrou suas filmagens pouco antes do início da greve dos atores. No entanto, a data de lançamento já foi adiada – possivelmente por causa da necessidade de filmagens adicionais.
Outras produções de filmes muito aguardados forçados a fazer uma pausa devido à greve incluem Os Fantasmas de Divirtem 2 de Tim Burton, Deadpool 3, da Marvel Studios, Gladiator 2, do diretor Ridley Scott, a sequência de artes marciais Mortal Kombat 2, o filme de ação Missão: Impossível – Acerto De Contas Parte 2 e Paddington in Peru, o terceiro filme da franquia Paddington Bear.
Muitos outros projetos foram afetados pela paralisação, incluindo produções internacionais de cinema e televisão com estrelas americanas.
Premières afetadas
Agora, as atenções estão voltadas para Barbie e Oppenheimer, dois dos grandes pesos-pesados da temporada, que devem ser lançados na próxima sexta-feira e cujos eventos promocionais podem ser afetados.
O próprio Sindicato de Atores detalhou nesta quinta-feira que seus integrantes estão proibidos de fazer turnês promocionais, dar entrevistas, participar de convenções (como a Comic-Con 2023), exposições ou festivais, e até mesmo se promover em outros formatos, como podcasts.
No entanto, o negociador-chefe e presidente da Executiva Nacional do SAG-AFTRA, Duncan Crabtree-Ireland, assegurou que a intenção da instituição é que “todas as produções já finalizadas possam concluir seu trabalho promocional”.
De qualquer forma, o panorama incerto que persiste neste momento fez com que estrelas como Matt Damon e Emily Blunt abandonassem a apresentação à imprensa de Oppenheimer em Londres na quinta-feira.
O outro grande lançamento da semana que vem, Barbie, estreou no Reino Unido na quarta-feira. Sua protagonista, Margot Robbie, disse no tapete vermelho que apoiava “totalmente” a greve.
O Prêmio Emmy, que anunciou suas indicações na quinta-feira, está considerando adiar sua cerimônia em 18 de setembro.
Quanto tempo vai durar a greve em Hollywood?
Ninguém sabe quanto tempo levará para os sindicatos de atores e roteiristas fecharem um acordo com a Alliance of Motion Picture and Television Producers, a associação patronal que representa os estúdios de Hollywood e plataformas de streaming em negociações coletivas com sindicatos da indústria do entretenimento.
Uma greve de roteiristas convocada em 2007 durou 100 dias, se estendendo até 2008. A greve mais longa dos roteiristas, em 1988, durou 153 dias.
A última vez que o sindicato dos atores fez uma grande paralisação foi em 1980, que durou mais de três meses, e tinha como foco a cobrança de royalties na distribuição de filmes em fitas de vídeo e TV a cabo.
À rede britânica BBC, o ator Brian Cox, estrela do seriado Succession, da HBO, disse que a greve pode durar “até o final do ano”. “Toda a coisa do streaming mudou o paradigma”, disse a estrela escocesa.
“Eles estão tentando nos congelar e nos derrubar, porque há muito dinheiro a ser ganho com o streaming e o desejo não é compartilhá-lo com os escritores ou artistas”
, concluiu.
*Com informações do IstoÉ
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