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Artigo de opiniao

Barbárie no futebol – Até quando? Parte – II

No noticiário do futebol, o mês de fevereiro se apresentou o mais terrível e violento

Olá! Torcedores  

Quando comecei a pesquisar e escrever esta crônica, o mundo era outro! No Brasil estávamos preparando as comemorações do centenário da Semana de Arte Moderna, a extraordinária cantora Maria Bethânia volta ao Teatro Opinião onde estreou após 56 anos para show inédito, o carnaval oficial foi cancelado e alguns blocos resistiram.  

Os belíssimos Jogos Olímpicos de inverno em Beijing-China, estava chegando ao fim. De repente um aviso emitido pelos Estados Unidos que não foi absorvido pela comunidade Internacional! “Rússia irá invadir a Ucrânia e já tem data certa” – Pegou todos de surpresa?

E no noticiário do futebol, o mês de fevereiro se apresentou o mais terrível e violento. O ano esportivo mal iniciou e a escalada da violência foi altíssima, muitas brigas e agressões em todos os cantos. Incidentes trágicos precisam ser relembrados para não caírem no esquecimento: O ônibus do time do Bahia é apedrejado e atacado com bomba próximo ao seu estádio a “Fonte Nova”, os estilhaços atingiam os olhos do goleiro Danilo e o lateral Matheus. .

Outras manchetes continuaram a derramar sangue. – O torcedor Dante Luís, morreu alvejado próximo ao estádio Alianz Parque, após a derrota para o Chelsea, foi morto por torcedores do próprio clube, ou seja, por palmeirenses. Dias depois, dirigentes, jogadores, torcedores e a comunidade esportiva comemoram título do Palmeiras, na Recopa Sul-americana frente ao Athetico-PR como se nada de grave tivesse ocorrido. Um verdadeiro absurdo! Uma insensatez! Não acham?  

A barbárie nos campos continuou, após derrota que resultou em rebaixamento do Paraná Clube, os torcedores resolveram punir os jogadores, invadindo o campo e trocaram sopapos com alguns jogadores, em pleno solo verde sagrado – Um ato de covardia! Outro evento, o tradicional GreNal – O ônibus do grêmio foi alvejado com pedradas, atingindo em cheio o meia Mathias, o atleta foi atingindo na região da cabeça próximo aos olhos. A partida foi suspensa!

A bruxa andou solta e as brigas aconteceram no Rio de Janeiro (entre torcedores do Botafogo e Flamengo), no Espirito Santo, em Minas Gerais (morte do torcedor Caetano Andrade, alvejado horas antes do clássico), e em São Paulo, na estação Primavera-Interlagos linha de metrô. Para fechar  semana de sessão de filme de terror, novamente torcedores de Flamengo e Vasco (só trocou o adversário), entram em conflito no bairro de Fátima, município de Serra – região metropolitana de Vitória, a quilômetros de distância do jogo realizado no estádio Nílton Santos – RJ.

Para enfatizar o título desta crônica, daremos um salto para o México, onde houve uma verdadeira batalha em campo. Torcedores da equipe Querétaro (rescindente), invadiram área reservada a equipe visitante do Atlas que ganhava de 1 a 0. Ouso dizer, sem dúvida alguma que foram – “As mais violentas cenas de barbáries entre torcidas no séc. XXI”. As cenas de violência, loucura, crueldade e covardia praticadas por torcedores que retiravam roupas de pessoas desacordadas, arrastando-as e chutando suas cabeças e outras selvagerias difíceis de escrever sem que lágrimas caiam nos teclados e turvem meus olhos.

Por que tanta selvageria? O que podemos fazer ou colaborar para que estas cenas não se repitam?

De antemão – Seria pretensão descobrir a solução e a raiz deste problema! Deixo para os filósofos, para os agentes especializados em segurança pública, sem esquecer nossa Carta Magna (CRFB, 1988), em seu Art. 144 – “A segurança pública, dever do estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio…”. Portanto, da sociedade brasileira.

Amigos leitores, nem sempre foi assim, pelo contrário. Confesso minha nostalgia do futebol menos corrido, mais técnico, leve e prazeroso. Lembram das torcidas assistindo aos jogos juntas, sem lado do mandante e visitante? No Vivaldão avia espaço livre para curtirmos os sanduiches e outros comes e bebes no bar do Amadeu Teixeira, quando estava por lá, era resenha garantida.

Quantas melodias surgiam com bom humor pelo Brasil e em especial no Maraca! Quanto gostoso olhar para as cadeiras ao lado e ver “Avos, pais, crianças assistindo aos jogos com plena sensação de que votariam para casa felizes e ou não, mas ansiosos para próximo jogo”, um divertimento quase semanal que nutria a todos.

Por aqui as notícias de violências eram vindas de fora, da Europa – os hooligans eram os protagonistas da barbárie. No Brasil, as torcidas organizadas, que existiam desde meados de 1940, eram apenas grupos de torcedores com bandeiras e camisas personalizadas, que curtiam viajar por conta própria para dar apoio ao clube onde quer que ele jogasse.

Um belo exemplo era protagonizado por times como Corinthians e Flamengo. – “As torcidas cantavam juntas o refrão “Timão e Mengão, amizade de irmãos”. Estádios cheios, mais de 100 mil expectadores. O ato de torcer mudou com a chegada das torcidas organizadas, que começaram a ser controladas por pessoas ligadas a atividades não muito republicanas, com interesses espúrios na maioria das vezes. Deixaram a atividade fim, torcer – “Por atividade com CNPJ e fins lucrativos (venda de ingressos, suvenires e etc. – com aval de muitos diretores de clubes)”. As torcidas se profissionalizaram e enriqueceram, alguns clubes tornaram-se reféns das organizadas.

Devemos sempre apontar ou sugerir um caminho, a crítica pela crítica não muda em nada. Busquei e encontrei na academia, a professora e pesquisadora da Unicamp – Heloisa Baldy, em seu livro “Futebol e Violência” (2006), produziu sua pesquisa de campo na Europa, tendo como base a Espanha (país que melhor enfrentou o problema da violência relacionada ao futebol).  Tudo acontece primeiro por aquelas bandas e depois chega ao Brasil, vocês compartilham dessa premissa?

Neste livro, ela deixa claro que: “A violência não é uma característica exclusiva do futebol”, e apresenta  ações e sugestões proposta pela UEFA (União da associações europeias de futebol), dentre elas: Proibição de bebidas alcoólicas (um paradoxo, pois, hoje muitos campeonatos são patrocinados por marcas globais de cervejas); policiamento ostensivo dentro e fora do estádio, incluindo agentes apaisana nas ruas e arquibancadas; revista rigorosa dos torcedores; instalação de inúmeras câmeras que permitam a identificação de agressores e etc. 

Baldy – As ações tem que envolver todos, pois a violência está presente na sociedade em geral, é uma consequência de vários fatores. Precisamente no caso Brasileiro – “Possui uma estreita relação com as deficiências dos sistemas públicos de saúde e de educação, com a lentidão da justiça, com o desemprego e com a falta de perspectiva por parte da juventude, dentre outros”.

Por fim, empresto pesquisa encontrada virtualmente*: Hobbes (2003), ensina: “O homem por natureza tende a ter anseios e comportamentos que se sobrepõem aos interesses coletivos, visando unicamente seu próprio interesse em detrimento aos demais, utilizando-se, quase sempre dos seus extintos naturais, como força, o que leva a condutas violentas”. Por conta disso, é que o estado nasce como uma instituição basilar para mediação das relações sociais. (*ambientojuridico.com.b)   

Gostaria de contribuir – “Abrir novamente o debate para juntos tentarmos indicar caminhos para diminuir a barbárie que assola o país, o que acontece no mundo da bola, acontece na sociedade brasileira”. Será que está guerra diária produzida pelo homem contra si mesmo nos acomodou de tal forma que perdemos a capacidade de nos indignar com essas barbáries?

Belo exemplo a orquestra Ucraniana nos deu, os poucos integrantes restantes fizeram bela apresentação em praça, em plena guerra, um belo ato de coragem e amor,  exercendo ensinamento de Cristo – “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.

Será que agimos assim?

*Artigo de opinião de Ricardo Onety

Edição Web: Bruna Oliveira

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Comentários:

  1. Acredito que essas atitudes de alguns poucos vândalos que usam as torcidas dos clubes como camuflagem para disseminar o seu ódio ou frustração sabe-se do quê eles deveriam ser presos e cumprir suas penas integralmente e serem banidos dos palcos do futebol dos esportes em geral pois há violência também nas outras modalidades de esportes. E na minha opinião acho que algumas ” emissoras” de TVS
    e outros veículos de informação “”enfatizam” essas ações como louváveis quando são realizadas pelos seus clubes do coração. Domingo às 18 :00 é um dos muitos exemplos da maioria dos programas esportivos. Lamentável ninguém ganha com isso e ainda afasta os nobres e verdadeiros torcedores dos esportes.

  2. Meu nobre amigo Onety.
    Excelente a matéria.
    Lamentável tantos casos de violência.
    Concordo que as punições brandas geram espelhos para outros casos semelhantes.

  3. Parabéns Onety pelo excelente artigo, resumindo de forma impecável a atual crise e violência no futebol mundial e brasileiro, que infelizmente mostra os reflexos da nossa sociedade, principalmente a falta de educação e crença na impunidade, bem como a ausência dos princípios de humanidade e respeito ao próximo, ensinamentos de extrema importância e raros numa civilização em pleno século XXI, que é o vigésimo primeiro da Era Cristã e o primeiro do terceiro milênio.

  4. Meu amigo Onety parabéns pelo texto. A guerra no campo é uma grande tristeza relacionado a tudo que estamos vivendo. Até onde vai esse amor pelos times? Essa sempre foi minha pergunta. Saindo de uma pandemia onde teve inúmeras perdas, desemprego, preços altos em tudo. Eis que o ser humano não aprendeu a ter compaixão? Ser mais sociável? Ter importância com o outro? O que aprenderam nesses 2 anos de pandemia? Brigas? Violência? Ainda temos que aprender muito ……

  5. Olá. Na minha visão o que falta é punição. Mas punição que seja cumprida no rigor da Lei. Confusão entre torcedores deve ter punição para os envolvidos e para os clubes. Inclusive punições com afastamento do clube em campeonatos por um ano etc. Quando o torcedor perceber e sentir na pele que a confusão irá prejudicar seu time do coração ele pensará duas vezes. Agora, como nada acontece, fazem o que bem entendem. Punição é a solução.

  6. Sim! Essa barbárie que se tornou torcer para um ou outro clube tem raízes profundas na falta de educação e saúde deficitária do povo! Mas, venhamos, os que devem combatê-la não são bem um exemplo de conduta e coerência! Os mandatários brasileiros, sejam na esfera governamental ou esportiva só não chegam às vias de fato graças aos “deixa disso” de plantão. Necessitamos de ações em prol da educação do povo, aceitar que saúde mental não é “frescura” e, sim, aprender que perder faz parte do jogo! Temos que entender que nossos adversários no futebol, podem ser nossos aliados no trabalho, na política e na vida!

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