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Queimadas

Parlamentares do Amazonas comentam sobre fumaça expressiva em Manaus

Cidade chegou a alcançar níveis de "muito insalubre" no “Valores do Índice de Qualidade do Ar” (AQI)

Manaus (AM) – A cidade de Manaus sofreu esta semana com uma intensa nuvem de fumaça, alcançando níveis de “muito insalubre” no “Valores do Índice de Qualidade do Ar” (AQI), mapa mundial que indica a qualidade nesta quinta-feira (28). O prefeito David Almeida (Avante) e parlamentares do Amazonas comentaram sobre as mudanças climáticas e problemas ambientais.

O gestor municipal, David Almeida, reafirmou, na última sexta-feira (29), que a espessa nuvem de fumaça que vem encobrindo a cidade nos últimos dias não é causada por focos de queimada na capital, mas, sim, de municípios da região metropolitana e do Sul do Estado do Amazonas. Ele informou que, nos últimos dois dias, apenas dois focos de queimadas foram registrados na capital amazonense.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) demonstram que, do último mês de julho até hoje (29), foram registrados 14.203 focos de queimadas no Amazonas. Desse total, 53 em Manaus, representando 0,4% do total de ocorrências nos últimos três meses de 2023.

“Fizemos o nosso dever de casa. Estamos, há três meses, com a campanha ‘Manaus sem Fumaça’. Nos antecipamos com ações, orientações e campanhas educativas junto à população. Não temos focos de queimadas para causar essa fumaça toda. Como o vento vem subindo nessa frente fria que vem do Sul, essa fumaça acaba parando dentro da cidade”,

declarou David Almeida, durante entrega de embarcações e motores para comunidades rurais, no bairro São Raimundo.

O Estado do Amazonas também tem mantido a posição de liderança no ranking do Programa Queimadas, por mais de 20 dias consecutivos. Até o dia 19 de setembro, foram registrados 5.186 focos de incêndio. Segundo informações do Corpo de Bombeiros do Amazonas, foram atendidas 1.193 ocorrências de incêndio entre julho e setembro, sendo 473 delas em Manaus.

O deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM) se reuniu com autoridades de órgãos federais na quinta-feira (28), para solicitar apoio às ações de combate à fumaça que atinge a região metropolitana de Manaus, oriunda de focos de queimadas no Amazonas.

“Enquanto os equipamentos não chegarem ao Amazonas e forem disponibilizados, o incêndio que leva a fumaça para Manaus provavelmente continuará ocorrendo. Seguimos na luta para que o governo federal disponibilize a ajuda imediata”,

declarou Amom.

Após reuniões ministeriais, o deputado federal anunciou que Rodrigo Agostinho, presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), confirmou apoio à Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas para fornecimento de equipamentos ao Corpo de Bombeiros do Estado.

A ação busca atender a demanda do Amazonas no combate aos focos de queimadas na região metropolitana de Manaus, que têm tornado a qualidade do ar insalubre, segundo o “Valores do Índice de Qualidade do Ar” (AQI), mapa mundial que indica a qualidade do ar em tempo real.

Além do apoio do órgão federal, Mandel também iniciou uma articulação conjunta com o senador Alessandro Vieira (MDB-SE) e outros parlamentares do Brasil para fortalecer o apoio às ações de fiscalização e combate aos incêndios na região.

“Estamos articulando apoio de outros estados para combater os incêndios no Amazonas nesse período difícil. Agradeço a todos os colegas parlamentares que se disponibilizaram a tentarem”,

finalizou.

Na quinta-feira (28), o deputado Mário César Filho fez uso da tribuna da Assembleia Legislativa para expressar sua preocupação com a falta de ação do governo federal no combate às queimadas na região amazônica e outros problemas ambientais

Durante seu discurso, o político criticou a situação lamentável da cidade, que está tomada pela fumaça, e questionou a postura daqueles que no ano passado clamavam “Salve a Amazônia”, mas talvez nunca tenham visitado o Amazonas. Em seguida, o parlamentar apresentou um projeto lei que visa responsabilizar empresas que causam incêndios ilegais, como medida alternativa.

O deputado estadual Rozenha (PMB), nesta sexta-feira (29), defendeu a necessidade de encontrar soluções para as consequências da forte estiagem, principalmente no interior do Amazonas. Para o deputado, uma das preocupações é a falta de conhecimento da real origem da fumaça que assola a capital do estado.

“Eu leio preocupado algumas notícias que colocam a culpa desse acidente climático ao homem simples do interior. O agricultor de subsistência não é culpado. Ele também é vítima”,

disse Rozenha.

O parlamentar também ressalta que é comum observar incêndios florestais durante viagens a regiões com baixa densidade demográfica. Ele explica que esses focos são exemplos de possíveis combustões espontâneas. Situações em que, uma simples garrafa de vidro, embaixo de um sol de 40º, pode ser responsável pelo início de fogo em uma região de mata seca.

“Eu garanto a vocês que os culpados não são os agricultores, sobretudo, os agricultores de economia de subsistência. Aquele que planta uma roça, que ainda taca fogo, até por ignorância e falta de conhecimento técnico”,

afirmou Rozenha.

Em cessão na Assembleia Legislativa do Amazonas, na quinta-feira (28), os deputados Wilker Barreto (Cidadania) e João Luiz (Republicanos) trouxeram o tema ao Plenário Ruy Araújo, afirmando que, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a fumaça tem origem nas queimadas realizadas nas áreas de matas de Manaus e em cidades do interior, entre Autazes (distante 113 quilômetros da capital), Novo Airão (115 quilômetros ) e Iranduba (27 quilômetros), que contabilizam 58 ocorrências apenas nessas áreas.

“Ainda não tinha visto nada igual”, falou o deputado Delegado Péricles (PL), que mostrou dados da plataforma Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva), indicando que a qualidade do ar na noite da quarta-feira (27), em Manaus, estava acima de níveis considerados ruins. “Muitos pontos de queimadas no Amazonas, e o verão amazônico, com escassez de chuvas, impede que essa fumaça se dissipe“, explicou Péricles.

Os deputados Daniel Almeida (Avante), Adjuto Afonso (UB), Rozenha (PMB), Thiago Abrahim (UB), Carlinhos Bessa (PV) e Dr. George Lins (UB) também se manifestaram sobre o tema e pediram que o Executivo Estadual busque apoio junto ao Ministério do Meio Ambiente, para que sejam construídas pontes para a intensificação do combate às queimadas, que, conforme destacaram os parlamentares, acarretam problemas de saúde. “Os hospitais ficam cheios de pessoas com problemas respiratórios, devido à fumaça intensa”, disse Dr. George Lins, que é médico.

Nesta sexta-feira (29), a deputada estadual Dra. Mayara Pinheiro Reis (Republicanos) protocolou o Requerimento nº 4531/2023 solicitando ao Governo do Amazonas a intermediação na compra ou locação de aviões com funções para o combate a incêndios.

Segundo Mayara, as aeronaves seriam o apoio ideal para os brigadistas que enfrentam a situação de emergência em todo o estado no combate às queimadas, devido ao período de intensa seca.

“O Governo do Estado já decretou emergência ambiental, aumentou o número de brigadistas e ferramentas de monitoramento dos focos de calor, mas sabemos que, em situações de incêndio, é preciso agir rapidamente e, diante das peculiaridades de acesso e transporte na nossa região, o uso desses aviões seria a solução mais ágil e um reforço para a equipe, já que o lançamento de água pode combater os incêndios diretamente, amenizar o calor e a altura das chamas, além retardar o avanço do fogo, permitindo mais efetividade nas ações dos combatentes que estão em solo”,

justifica a deputada.

Malefícios a Saúde

Conforme o médico oftalmologista e pesquisador Swammy Mitozo, a fumaça é um agente irritante dos olhos. Se não houver como evitar ficar longe dela, é preciso usar um lubrificante artificial.

“O uso de lubrificante nestes casos evita o que chamamos de síndrome do olho seco, ou ainda inflamações na córnea e na conjuntiva, como as ceratites e conjuntivites”,disse Swammy.

A fumaça provocada por queimadas contém substâncias cancerígenas que atingem a respiração, o pulmão e diversos outros órgãos, entre eles os olhos. “Os olhos saem prejudicados devido aos níveis de carbono em suspensão”, ressaltou Swammy.

Ainda segundo o oftalmologista, a irritabilidade provocada pela fumaça pode agredir os olhos, impedindo que as mucosas tenham as defesas necessárias para as adversidades do ambiente.

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